Pneus furados, rodas entortadas e algum tempo a mais na viagem. Essas são algumas das consequências para quem trafega pela ERS 324. A falta de conservação da rodovia e os incontáveis buracos têm deixado prejuízos aos motoristas e colocado em risco quem passa pelo local. Não é raro, por exemplo, flagrar veículos na contramão, tentando desviar das aberturas encontradas ao longo da estrada.
O motorista Rafael Laimer Bilibio viu de perto a má conservação da rodovia. Ao voltar da Serra Gaúcha no último final de semana, teve o pneu furado em um trecho próximo a Veranópolis. “Viajei na quinta-feira (8) para a Serra e fui por Guaporé/Dois Lajeados, que é o caminho que sempre faço. Porém, como o trecho estava com muitos pontos de aquaplanagem e acumulo de água, resolvi voltar por Veranópolis. O problema é que neste trecho a quantidade de buraco também é muita. Tem vários locais ainda que não tem sinalização, que você não sabe se está na sua pista ou na contramão, ainda mais com chuva e neblina, como aconteceu neste final de semana”, conta Bilibio.
Ao ter um pneu furado e parar o carro no acostamento para verificar o estrago, o motorista também percebeu que não era o único prejudicado: “Ao encostar percebi o tamanho do caos da RS 324. Mais seis veículos estavam parados e os motoristas trocando pneus. Alguns, com menos sorte que a minha, tiveram dois pneus estourados no mesmo lado. E o pior é que nos 15, 20 minutos que fiquei parado trocando os pneus, mais três carros também foram “contemplados” e nos fizeram companhia”, desabafa.
Conforme o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), a rodovia já estava na programação de obras divulgada pelo Departamento na semana passada. “A partir do dia 5 de outubro, equipes das superintendências regionais intensificaram os reparos emergenciais e os serviços de conservação na malha viária estadual. Nesta semana, 47 rodovias começaram a receber intervenções do Departamento”, informou o Daer. Entretanto, com os dias seguidos de chuva, as obras precisaram ser interrompidas. “Os reparos nos pontos críticos da ERS-324 precisaram ser interrompidos em razão da chuva intensa dos últimos dias, que impossibilita a secagem do material usado para tapar os buracos no pavimento. A 6ª Superintendência Regional do Daer, de Passo Fundo, vinha atuando desde o começo de setembro com três frentes equipes nos trechos entre Natalino e Passo Fundo e entre Casca e Marau”, destacou o Departamento. Agora, a previsão é de que, assim que as condições climáticas permitirem, o trabalho seja continuado. “É preciso ocorrer uma sequência de dias secos para que o trabalho possa ser realizado”, frisa o Daer.
Enquanto isso não acontece, motoristas como Rafael precisam arcar com os prejuízos. “Em quatro meses, é o terceiro pneu estourado. Nesse tempo já gastei cerca de R$250,00 em reparos, mas o prejuízo financeiro ainda é o de menos. Eu moro na RS 324, próximo da saída para Marau e é recorrente ouvir passar ambulâncias e viaturas da polícia que atendem acidentes. Estourar pneus é o de menos, o risco de acidentes graves é o grande problema”, finaliza.
Duplicação
O projeto do primeiro lote de duplicação da ERS 324, entre Passo Fundo e Marau, que foi reformulado pelo Daer ainda em 2013, segue no papel. Central de Licitações do Estado (Celic). Em agosto daquele ano, o projeto já estava em processo de licitação, mas foi devolvido ao Daer para revisão de orçamento. Depois disso, em fevereiro de 2014, com o orçamento atualizado e uma complementação de projeto relativo a pedreiras para fornecimento de material para a obra, a previsão de publicação de um novo edital era de 15 dias. Porém, até agora, não houve nenhum avanço e a duplicação permanece um sonho.
Ao todo, a duplicação da rodovia está divida em três lotes. O primeiro compreende o trecho entre Passo Fundo a São Luiz da Mortandade. São 19,6 quilômetros e o investimento é de R$ 110 milhões. O lote II corresponde ao contorno de Marau e o lote III compreende o trecho entre Marau e Casca.