No Brasil, o câncer infantil já representa a primeira causa de morte, 7% do total, por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos. Segundo o Inca, estima-se que ocorrerão cerca de 11.840 casos novos no Brasil em 2015. A boa notícia é que nas últimas quatro décadas, o progresso no tratamento do câncer na infância e na adolescência foi extremamente significativo. Hoje, em torno de 70% das crianças e adolescentes acometidos de câncer podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados. A maioria deles terá boa qualidade de vida após o tratamento adequado. Além disso, o que também chama atenção é a empatia que o câncer infantil gera nas pessoas. Assim como novos casos surgem, profissionais de diversas áreas buscam aperfeiçoamento para atender esses pacientes. No Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) atualmente 40 pacientes são atendidos por uma equipe multiprofissional especializada e que se dedica com muito carinho ao atendimento.
Os residentes da Residência Multiprofissional em Atenção do Câncer, projeto desenvolvido em parceria com a Universidade de Passo Fundo (UPF) e Secretaria Municipal de Saúde, Marciano de Quadros e Luziane Fabiani e a acadêmica de Medicina da UPF, Angela Bocchese, são exemplos de profissionais que buscaram especializar-se na área pela empatia que sentem pelas crianças. “Tem duas maneiras que as pessoas encaram o câncer infantil, ou gostam de trabalhar com aquilo ou não gostam de ver e ficam longe. Isso se deve muito ao fato de que uns não gostam de ver as crianças sofrendo, enquanto outros conseguem ver a força das crianças e admiram a vontade de viver e como elas batalham para isso. As crianças vem o câncer de uma forma mais inocente, não reclamam por estar passando por aquele momento, e tem uma garra muito grande de viver, e acho que é isso que sensibiliza muito as pessoas”, explicam os profissionais.
Além de um bom atendimento profissional e tratamento adequando, os estudos apontam que a forma de encarar a doença e de receber o tratamento são fundamentais para a cura. “Se a criança não está com dor ou febre, para ela está tudo bem. Eles encaram a doença e recebem o tratamento de forma diferenciada e talvez isso também ajude bastante na cura ou a amenizar o sofrimento. Eles respondem mais tranquilamente aos procedimentos, as vezes olhamos para eles pedindo comida ou querendo brincar depois algum procedimento e pensamos, eu não aguentaria isso . Essa força que também mobiliza a comunidade, que muitas vezes faz campanhas, cria projetos ou visita os pequenos”.
A criança, diferente dos adultos é um ser mais complexo e requer um atendimento multidisciplinar. Conforme Angela, Luziane e Marciano, a criança precisa de um atenção diferenciada, já que depois de enfrentar a doença, tem uma vida toda pela frente, e precisam aprender a conviver com o fato de ter passado pela doença. “Eles são muito verdadeiros, se você se doa para eles e gosta deles, eles devolvem isso para você. Além de que, na oncologia pediátrica também temos a questão dos pais, que precisam de auxílio para enfrentar junto com a criança o tratamento”, destacam os futuros especialistas, pontuando ainda, a necessidade de preparar o ambiente hospitalar para as crianças. “A partir do momento em que recebem o diagnóstico, a vida das crianças gira em torno do hospital, e quanto mais adaptados a local estiverem melhor para o tratamento, por isso a necessidade de trazer a ludicidade, a brincadeira para dentro desse espaço. O hospital precisa se aproximar da casa deles, eles precisam vivenciar o que estão deixando de fazer por causa do câncer, nesse sentido que a ludicidade deve estar presente”, evidenciam.
II Jornada de Hematologia e Oncologia Pediátrica
Com o intuito de reforçar a importância desse atendimento diferenciado, debater temas importantes e atualizar profissionais , o HSVP e o Grupo Regional de Estudos em Leucemias e Hemopatias da Infância promovem a II Jornada de Hematologia e Oncologia Pediátrica, que inicia nesta sexta-feira, 17 de outubro de 2015, no auditório da Ameplan, situado na Rua Uruguai, 2001. O encontro contará com profissionais renomados da área, que farão a divulgação de avanços técnico-científicos aos multiprofissionais, com objetivo de dar maior qualidade de vida aos pacientes. O evento conta com o apoio da AMEPLAN, Unimed Planalto Médio e patrocínio da ZODIAC, Libbs e Astellas.
Câncer infantil, um atendimento diferenciado
· 3 min de leitura