El Niño é um dos mais intensos da história

Chuva intensa e tempestades são características marcantes deste evento climático, especialmente na Primavera

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Passo Fundo já superou a média histórica de chuva esperada para todo o ano de 2015Passo Fundo já superou a média histórica de chuva esperada para todo o ano de 2015
Passo Fundo já superou a média histórica de chuva esperada para todo o ano de 2015
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A intensidade do fenômeno El Niño neste ano é um dos mais fortes da história. O fenômeno atua desde maio e já provocou muitos estragos no Rio Grande do Sul, devido as tempestades, queda de granizo e chuvas intensas, características que são marcantes. A estimativa é que este evento climático permaneça intenso durante a Primavera e que atue, pelo menos, até o final do verão, em 2016. No município de Passo Fundo, já choveu o esperado para o ano todo, sendo que faltam dois meses para o próximo ano.
De acordo com o agrometeorologista da Embrapa Trigo, Gilberto Cunha, os eventos El Niño mais fortes foram registrados em 1982/1983, 1997/1998 e agora em 2015. “O mais forte foi em 1983, mas o de 2015, de fato, está entre os grandes eventos El Niño. Ele faz parte deste trio de intensidade mais forte dos últimos anos”, destacou o agrometeorologista.
Neste ano, o evento climático está atuando desde maio. “Desde maio, quando efetivamente este evento se configurou, tivemos no sul do Brasil chuvas sempre acima da média histórica, a não ser em agosto. Em julho choveu mais de 300 milímetros, em setembro mais de 200 e em outubro mais de 260 milímetros. Seus impactos estão sendo bastante sentidos nesta primavera, que está sendo marcada por tempestades, queda de granizo, ventos fortes e chuvas intensas, lembrando muito o evento registrado em 1997”, salientou Cunha.
A estimativa é que o fenômeno permaneça atuando até pelo menos abril de 2016. “Uma vez estabelecido, o El Niño não desaparece em um curto prazo. Ele fica atuando entre 12 a 18 meses. O que se tem previsto é que ele permaneça pelo menos até o final do verão de 2016”, estimou o agrometeorologista.

O fenômeno

O El Niño faz parte dos eventos climáticos de influência global. É um fenômeno que causa anomalias climáticas extremas em várias regiões do mundo. Embora, ele esteja associado as temperaturas da superfície das águas do oceano pacífico na faixa equatorial, próxima a costa da América do Sul, na altura do Peru e Equador, o El Niño é um evento que causa alterações significativas na circulação geral da atmosfera devido a ligação entre a atmosfera e a superfície do oceano. “O fenômeno influi em regiões que estão a milhares de quilômetros de distância da sua origem, como é o caso da região sudeste da América do Sul, que abrange o sul do Brasil, parte da Argentina, Paraguai e Uruguai”, observou Cunha.
Essas regiões, nos anos de El Niño, têm chuvas acima da média. “O El Niño intensifica a chamada corrente de jato, que são ventos fortes, que na altura entre 10 e 12 quilômetros na atmosfera, produz o bloqueio das passagens das frentes frias, que causam as chuvas nestas regiões, e consequentemente temos vários dias de chuva e chuvas intensificadas”, explicou o agrometeorologista. No Brasil, as regiões mais sensíveis ao evento climático são o Sul do país, o Leste da Amazônia e o Nordeste. “Nos anos de El Niño, as chuvas aumentam no Sul e diminuem nas regiões Leste da Amazônia e no semiárido, no Nordeste”, enfatizou Cunha.

Os impactos

O evento impacta no clima e, consequentemente, na economia. “O fenômeno preocupa na área de defesa civil e na atividade econômica, especialmente na agricultura, afetando os cultivos de inverno como o trigo, a cevada, a aveia e a canola. Neste período essas culturas exigem maiores cuidados devido ao excesso de umidade, que favorece as doenças de difícil controle. Por outro lado, o fenômeno beneficia as culturas de verão, soja e milho, porque as chuvas são abundantes e os rendimentos costumam ser maiores”, argumentou o agrometeorologista.

Passo Fundo já supera média histórica

Já choveu até agora 1.812 milímetros, sendo que a média histórica para os doze meses do ano de 2015 é de 1.803 milímetros. De acordo com o observador meteorológico da Embrapa Trigo/Inmet, Ivegndonei Sampaio, o que chama a atenção é que ainda faltam ainda dois meses para o fim do ano. “Se continuar chovendo acima da média, podemos superar dois mil milímetros de chuva”, ressaltou Sampaio.
O mês de outubro também registrou chuva acima da média. Até agora choveu 268 milímetros, cerca de 71% da média histórica para o mês, que é de 153 milímetros.

Previsão de nebulosidade

Nos próximos dias, a predominância é de céu encoberto. Hoje (28), o dia deverá ser de céu nublado a encoberto com chuva. A temperatura mínima é de 16ºC e a máxima de 30ºC. Na quinta-feira (29), o céu deverá ficar parcialmente nublado a nublado com possibilidade chuva. As temperaturas ficarão entre os 16ºC e os 29ºC. A sexta-feira (30) será de céu encoberto com pancadas de chuva e trovoadas. A mínima prevista também é de 16ºC e a máxima é de 30ºC. No sábado (31), o clima deve ser parecido, com céu nublado a encoberto e com chuva. As temperaturas devem ficar entre os 16ºC e os 28ºC. A chuva deverá retornar no domingo (01) e permanecer no feriado de finados, na segunda-feira (02).

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