Pesquisadores visitam produtores de trigo no RS e SC

Na área de abrangência da Coopatrigo (São Luiz Gonzaga, RS), que atende 13 municípios nas missões, cerca de 70 mil hectares foram cobertos com trigo nesta safra.

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A aproximação com parceiros na produção de sementes levou um grupo de pesquisadores da Embrapa Trigo de Passo Fundo a visitar produtores no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina O giro do trigo começou no final de setembro, na Região Noroeste, e encerrou no final de outubro, no oeste de Santa Catarina. Na área de abrangência da Coopatrigo (São Luiz Gonzaga, RS), que atende 13 municípios nas missões, cerca de 70 mil hectares foram cobertos com trigo nesta safra. Estima-se que 30% das lavouras foram atingidas pela geada, o que resultou em grande variação nas produtividades, com rendimentos entre 28 a 65 sacos por hectare (sc/ha). “A média geral deverá ficar em 35 sc/ha, ainda assim melhor do que no ano passado, quando ficamos com 20 sc/ha na média”, avalia o agrônomo da Coopatrigo Marcos Pilecco. Para o colega Fábio Haushi, a qualidade nas primeiras lavouras colhidas foi considerada boa, com PH 82, dentro do padrão aceito pelo mercado, porém a instabilidade dos últimos dias pode afetar esse índice: “com a previsão de chuva, muitos produtores colhem com umidade acima de 20%, quando o indicado é deixar secar no campo até 12%”.
 
O produtor Cléo Pieniz investiu em 332 hectares no município de São Luiz Gonzaga, com expectativa de colher 60 sc/ha. “Plantamos no final de julho e após a semeadura foram 20 dias de seca, o que atrasou bastante o ciclo, mas no final acabou sofrendo menos com a geada. Então só nos resta esperar para o melhor momento da colheita”, diz Pieniz. Nos experimentos conduzidos pela Embrapa Trigo em Três de Maio (RS), a geada não foi muito intensa e o que chamou a atenção dos pesquisadores foi a volta da brusone e a incidência de mosaico. “Nas parcelas de pesquisa a brusone atingiu entre 5 a 10% do trigo, um índice baixo mas que exige mais atenção na escolha de cultivares menos suscetíveis”, conta o pesquisador Ricardo Lima de Castro.  
 
Na Sementes Ponteio, em Pejuçara (RS), foi a falta de luminosidade que afetou o desenvolvimento do trigo cultivado em 780 hectares. “A chuva contínua impediu as operações de adubação nitrogenada e o controle do azevém, mas de forma geral conseguimos manter uma boa lavoura, com incidência de geada apenas nas áreas de baixadas e próximas à vegetação nativa”, avalia o produtor Ronaldo Bonamigo. A expectativa é colher entre 50 e 60 sc/ha.
 
Com produção de sementes em Condor e Santo Augusto, os primos Alexandre e Leandro Van Ass acreditam no potencial das lavouras que podem render 50 sc/ha na média. “Apesar dos problemas com mosaico, bacteriose e giberela, as plantas se recuperaram bem e o trigo apresenta agora espigas grandes e cheias que mostram alto potencial de rendimento”, explica Leandro Van Ass.
 
O pesquisador Márcio Só e Silva observa que cultivares com ciclo mais tardio sofreram menos com a geada: “O desenvolvimento vegetativo mais longo, associado a atrasos na semeadura e vários dias sem chuva logo após a implantação da lavoura, deixaram a planta mais preparada para suportar a geada, já que o trigo ainda não estava na fase mais crítica que é a floração. Mesmo onde a geada causou danos, não verificamos, nos produtores visitados, a morte de espigas, mas apenas falhas na granação”.
 
A última viagem da equipe aconteceu nos dias 22 e 23/10, na região de Campos Novos/SC e de Vacaria/RS. “Nesta região mais fria, a colheita acontece no final de novembro, então ainda é cedo para estimar resultados da safra, mas as lavouras visitadas apresentam um bom padrão, com potencial para 80 sc/ha em Vacaria e mais de 60 sc/ha em Campos Novos”, conta o Chefe Geral da Embrapa Trigo, Sergio Dotto.

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