Morre Ione Sirotsky

Viúva de Maurício Sirotsky Sobrinho (in memoriam) ela morou em Passo Fundo por mais de duas décadas

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Morreu na madrugada de domingo (15) e foi enterrada no final da tarde do mesmo dia Ione Pacheco Sirotsky. Ela morreu em casa, aos 88 anos, de insuficiência respiratória. Dona Ione, como era conhecida, era viúva de Maurício Sirotsky Sobrinho (1925 – 1986), um dos fundadores do Grupo RBS. Além dos quatro filhos (Suzana, Sônia, Nelson e Pedro), Dona Ione deixa noras, genros, 14 netos e 17 bisnetos. Nascida em 17 de janeiro de 1927, em São Luiz Gonzaga, Ione era a quinta dos seis filhos do promotor público paranaense Pedro dos Santos Pacheco e da professora e pianista pernambucana Judith Pinto da Silva Pacheco. Em 1930, a família se transferiu para Passo Fundo.

Cotovia da Serra
Durante a infância, Ione cantava em escolas e clubes no Interior e logo chegou a Porto Alegre e às emissoras de rádio. Em 1935, um jornal da época elogiava a artista mirim: "Ione Pacheco é a mais jovem e graciosa cantora rio-grandense". Participou de concursos de talentos no Rio de Janeiro, em 1936 e 1938. Na época, ganhou a alcunha artística de Cotovia da Serra. Aos 16 anos, quando a mãe, grande incentivadora da sua carreira musical, morreu, decidiu dedicar-se apenas aos estudos – nunca mais cantou profissionalmente.

Ione e Maurício começaram a namorar em 1947, quando ela voltou a morar em Passo Fundo depois de uma temporada de sete anos na Capital, onde completou o curso Clássico no internato do Colégio Americano. Aos 20 anos, Ione era professora de inglês e latim no Instituto Educacional de Passo Fundo. O casamento foi realizado em 17 de maio de 1949 na casa dos pais do noivo. Logo vieram os filhos, Suzana (1950), Sônia (1951), Nelson (1953) e Pedro (1956).

Os dois filhos mais novos nasceram já em Porto Alegre, onde Maurício ascendia como comunicador, em programas da Rádio Farroupilha. Pouco a pouco, o radialista iniciou sua trajetória como empresário, e as opiniões e o apoio de Ione, em todos os momentos importantes, seriam decisivos no processo que daria origem à RBS, em 1957, e nos anos seguintes. Ione nasceu católica, mas criou os filhos na religião do pai, o judaísmo. Integrou-se com facilidade à comunidade judaica de Porto Alegre, participando ativamente do conselho do Colégio Israelita, quando os filhos ainda estudavam, e da organização feminina Wizo.

A longa e intensa atuação no terceiro setor iniciou-se no final dos anos 50, quando conheceu o trabalho social do casal Marieta e Alberto Menda na Vila Mato Sampaio (hoje bairro Bom Jesus). A partir dos anos 60, engajou-se no Movimento Gaúcho pelo Menor (MGM), que presidiu de 1964 a 1971. Até o final das atividades do MGM, na primeira década dos anos 2000, permaneceu como uma espécie de presidente honorária do movimento, participando direta ou indiretamente das atividades de arrecadação de doações e dando contribuições pessoais para que a entidade continuasse funcionando, mesmo quando o número de sócios começou a diminuir.

Em 1982, ajudou a idealizar o braço social do Grupo RBS: a Fundação RBS, rebatizada mais tarde como Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho (FMSS). Ione presidiu a entidade por uma década, até 1996. Foram muitas as honrarias recebidas pelo trabalho social. Da Câmara da Capital, recebeu os títulos de Cidadã Honorária e de Cidadã Emérita. A Assembleia entregou-lhe sua comenda maior, a Medalha do Mérito Farroupilha. Em 1986, realizou o sonho de formar-se em Direito, na PUCRS, aos 59 anos.

Nos últimos anos, dedicava todo o tempo disponível aos filhos, netos e bisnetos. Costumava dizer que seu maior patrimônio era a união da família – e que sua maior alegria era ver a casa cheia nas festas de fim de ano. (Com informações do Jornal Zero Hora)

 

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