Estado é o terceiro maior emissor de gases

Atividades agropecuárias são as que mais liberam esses gases na atmosfera. Plantio direto e rotação de cultura são bons exemplos adotados na região

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Rotação de culturas no sistema plantio direto, que envolve trigo, soja, sorgo e ervilhaca, pode diminuir em até 30% a emissão atmosférica de óxido nitroso, quando comparado à sucessão trigo-soja, que é bastante utilizadaRotação de culturas no sistema plantio direto, que envolve trigo, soja, sorgo e ervilhaca, pode diminuir em até 30% a emissão atmosférica de óxido nitroso, quando comparado à sucessão trigo-soja, que é bastante utilizada
Rotação de culturas no sistema plantio direto, que envolve trigo, soja, sorgo e ervilhaca, pode diminuir em até 30% a emissão atmosférica de óxido nitroso, quando comparado à sucessão trigo-soja, que é bastante utilizada
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O Rio Grande do Sul está entre os principais emissores de gases do efeito estufa do Brasil, de acordo com dados disponibilizados pelo Observatório do Clima - organização que reúne entidades da sociedade civil com o objetivo de discutir a questão das mudanças climáticas no contexto brasileiro. Quando se trata das emissões totais desse tipo de gases o Estado está em quinto lugar. Já a agropecuária gaúcha é a terceira que mais emite gases poluentes, neste setor, em todo o Brasil. Apesar do dado alarmante, práticas adotadas na região ajudam a diminuir esse tipo de emissão em decorrência da atividade agrícola.

Em 2014, foram quase 94 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente (CO2e) emitidas no Estado, sendo que praticamente metade - mais de 45 milhões – são referentes à agropecuária. O setor de energia é o segundo que mais emitiu em território gaúcho. Com mais de 26 milhões de toneladas, é responsável por mais de 27% das emissões do Estado.

O pesquisador da área de Mudanças Climáticas Globais da Embrapa Trigo Anderson Santi explica que do total de 1,5 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa emitidos no Brasil, as maiores emissões estão concentradas no Uso da Terra (desmatamento) e na Agropecuária, que respondem por 31 e 27% respectivamente. “Nestes setores, os principais gases de efeito estufa são o gás carbônico, o metano e o óxido nitroso. Considerando a agropecuária, as emissões são computadas no âmbito da fermentação entérica de ruminantes, solos agrícolas (emissão devido à aplicação de fertilizantes nitrogenados, principalmente), manejo de dejetos de animais, cultivo de arroz irrigado e queima de resíduos orgânicos”, explica.
Santi destaca que no caso do RS, de acordo com relatório do Observatório do Clima, as maiores emissões estão associadas a produção de bovinos de corte (com 43% das emissões), a produção de arroz irrigado (16%) e a utilização de fertilizantes sintéticos (13%).

Plantio direto
O pesquisador esclarece que no Rio Grande do Sul há muitas pesquisas em andamento em diversas instituições, no sentido de conceder avanços em metodologias e práticas que levem a redução da emissão de gases de efeito estufa provenientes da agropecuária. “Na prática, havia a suposição que o sistema plantio direto contribuía para isso, mas escassos eram os números que o definiam quantitativamente. Hoje já é possível dizer, por exemplo, que uma rotação de culturas em plantio direto, na região de Passo Fundo, tem o potencial de deixar de emitir anualmente para a atmosfera até 90 kg por hectare de CO2 equivalente (do óxido nitroso), quando comparado com uma sucessão de culturas também em plantio direto”, esclarece. O cálculo leva em consideração a emissão de óxido nitroso em relação à quantidade de CO2 que seria equivalente. De acordo com ele, esses dados demonstram que a redução da emissão de gases de efeito estufa para a atmosfera encontra na agricultura importante aliada, através da adequação do modelo de produção utilizado na propriedade.

Rotação de culturas
A atividade agrícola emite gases de efeito estufa, assim como o ambiente natural, embora ela geralmente não consigam compensar a totalidade de suas emissões. “A quantidade emitida é dependente do sistema de manejo de solo e da composição da sucessão ou rotação de culturas utilizada. Atualmente os estudos que temos realizado na Embrapa Trigo em culturas de sequeiro, permitem inferir que o sistema plantio direto reduz em até 25% a emissão de um dos principais gases de efeito estufa oriundo da atividade agrícola, o óxido nitroso, quando comparado ao plantio convencional”, exemplifica.

Ele enfatiza ainda que por outro lado, a rotação de culturas no sistema plantio direto, que envolve trigo, soja, sorgo e ervilhaca, tem se mostrado capaz de diminuir em até 30% a emissão atmosférica de óxido nitroso, quando comparado à sucessão trigo-soja, que é bastante utilizada. “O grande aliado no combate a emissão de gases de efeito estufa é o sistema plantio direto, mas ainda é preciso avançar mais no que tange à utilização de rotação de culturas, que parece ainda encontrar entraves para sua plena adoção a campo e, como observado, tem um grande potencial de contribuição para reduzir a emissão gases de efeito estufa para a atmosfera”, completa.

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