Os municípios da região também enfrentam dificuldades de disponibilidade de vacinas e soro utilizado para tratamento de pessoas que sofreram acidentes com cobras ou aranhas. De acordo com a 6ª Coordenadoria Regional de Saúde, não há dados específicos de quais os municípios apresentam mais dificuldade. Contudo, a maioria deles está restringindo a aplicação e priorizando as emergências.
Luta com o protocolo
Soledade, por exemplo, é referência para atendimento de 14 municípios na cobertura de acidentes com animais peçonhentos. Atualmente a Secretaria de Saúde conta com apenas um kit do soro administrado nos pacientes que chegam para receber esse tipo de medicamento. A enfermeira coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Marina Iaione Piovessan, explica que já houve casos de pacientes que chegaram ao município e precisaram esperar que o medicamento fosse buscado em Passo Fundo. No caso da vacina antirrábica, outro exemplo, com o estoque reduzido há dificuldade para cumprir os protocolos de atendimento e administração das doses necessárias. Vacinas de hepatite B estão sendo priorizadas para imunização de crianças e as antitetânicas também estão sendo administradas em situações priorizadas.
Para evitar desperdícios e garantir a maior imunização das pessoas, as vacinas que são armazenadas em ampolas multidoses são aplicadas em dias específicos. Este é o caso das vacinas de febre amarela e a tríplice viral. As unidades agendam um dia para aplicação e centralizam o atendimento da comunidade nestas datas. A estratégia também é utilizada em Tapejara. A enfermeira responsável pelas vacinas no município, Andreia Calegari Bering, explica que o estoque é baixo há cerca de três meses. “Tem algumas vacinas que nós estamos abrindo em um único turno da semana, como as da febre amarela e BCG, para não termos desperdício”. Além da vacina para a raiva, não foi registrada a falta e nenhuma outra, mas o atendimento, assim como em Soledade, é limitado. A vacina do tétano, por exemplo, é aplicada somente em casos de urgência. A Hepatite B a prioridade é dos recém-nascidos. “Não chegamos a ficar sem vacina ainda, mas não estamos iniciando esquema novo”, explica Andreia. Em Marau, a situação é a mesma. A secretaria de saúde trabalha com restrição, priorizando no momento da aplicação. “O estoque está baixo, mas ainda é o suficiente para atender a população”, explica a técnica de enfermagem, Rita Lomgo Ebone.
Clínicas
Com a falta de disponibilidade na rede pública, a situação encontrada por muitos é apelar para as clínicas particulares. O aumento na demanda foi de cerca de 50%, principalmente para a imunização contra a hepatite B. Os valores, para a vacina, variam entre R$50,00 e R$ 75,00. De acordo com a enfermeira responsável pela Oficina da Vacina, Telen Tessaro, quando há falta na rede pública, o movimento na clínica dobra. “Principalmente de recém-nascidos, que não podem esperar”. Conforme Cia da Vacina, outra clínica particular de Passo Fundo, há cerca de dois meses vem aumentando a procura, a maior parte também pela hepatite B.
Coordenadoria de Saúde
A posição da 6ª Coordenadoria Regional de Saúde, que atende 62 municípios da região, é a mesma divulgada na edição de ontem de O Nacional e defende que a solução para a falta de vacinas é a centralização das doses. A coordenadoria, no entanto, não tem um levantamento ou controle de quais são os municípios em que há mais problemas relacionados à falta das doses. A enfermeira coordenadora do Programa de Imunizações da 6ª CRS Dinorá Fioveranso explicou que a coordenadoria está fazendo um novo cálculo do que cada município deve receber. Antes era enviado tudo que o município pedia. O novo estudo foi feito a partir do número de crianças que nascem. “Então enviamos só aquilo que o município vai utilizar. Estamos pedindo, também, que as vacinas sejam centralizadas porque existem, por exemplo, vacinas multidoses que tem curta duração e que nem sempre são usadas. Com a centralização das vacinas e agendamento de dias específicos, o município consegue usar todas as doses e economizar. Por enquanto, nenhuma criança ficou sem vacina, a não ser a da hepatite B que, realmente, está em falta. Conseguimos atender todos os casos que chegaram até nós e já realizamos um novo pedido de doses de vacinas. Estamos aguardando”, concluiu na edição de ontem de ON.