Rafaela e Laura são gêmeas e, aos dez anos, se preparam para iniciar o 6º ano em um colégio particular de Passo Fundo. Os livros escolares, obrigatórios para cada série, somariam um investimento de R$ 2600 para os pais. Com muita procura e uma ajuda da internet, a mãe, Miriam Dalmaso, conseguiu diminuir o valor para R$ 550: ao invés de comprar livros novos para as duas filhas, Miriam procurou grupos de desapego e troca de materiais e uniformes entre os pais e comprou, com um preço bem abaixo do mercado e com uma economia de 78,8%, todo o material didático que as meninas precisavam. A prática de trocar – ou vender com um preço menor – materiais, especialmente através de grupos no Facebook, se tornou comum e é uma estratégia de economia para os pais que, a cada início de ano, precisam investir um grande valor para atender às necessidades dos filhos e aos pedidos das escolas.
Somado ao IPTU e ao IPVA, a compra do material escolar e do uniforme é um peso a mais no orçamento das famílias nos primeiros meses do ano. A busca pela economia vai além da pesquisa de preços e se concentra em alternativas para baixar os preços. Para Miriam, os grupos de troca de livros e uniformes foi um achado importante para o planejamento financeiro da família. “No começo do ano sempre fazemos um planejamento e vemos o que pode ser utilizado e o que pode ser passado para outra pessoa. Também vamos em busca de alunos que sejam mais velhos que as meninas para que possamos trocar ou comprar o uniforme ou os livros utilizados durante o ano anterior”, explica. A prática já é tradicional na família há dois anos. De lá pra cá, a economia fez diferença. “O Facebook possibilita muito essa troca. Às vezes é difícil encontrar o tamanho certo, o título que a escola quer, mas depois de um tempo você já tem um círculo de amizade e já sabe com quem pode conversar. Uma jaqueta, por exemplo, custa R$ 100 quando é nova. Eu já consegui por R$ 30. É uma economia muito grande e as peças estão em bom estado. A criança cresce muito rápido e não vale a pena comprar um conjunto completo de uniforme para ser usado apenas por oito meses”, avalia.
Reaproveitamento e economia
Para Miriam, a economia motivou a busca pelas trocas e a prática proporcionou que a família pudesse ensinar às pequenas os conceitos de reaproveitamento e desapego. “Não tem necessidade de gastar tanto. A gente tenta dar tudo, mas dentro do nosso orçamento. E todo o material que trocamos, elas já sabem que, no fim do ano, elas vão trocar novamente. Desde que elas entraram no colégio, eu comprei uniformes somente uma vez na loja. Depois disso, foi tudo troca ou repasse. Esse ano gastei, no máximo, R$ 100. Na loja, uma peça custa quase isso”, conta. Miriam acrescenta, ainda, que as peças trocadas sempre estão em bom estado e que a prática é uma forma de falar, também, em preservação. “Eu cresci estudando com livro de xerox, me formei desse jeito. E não deixei de aprender nada. Minhas filhas não se vestem pior do que que alguém ou aprendem menos que alguém por ter material usado. Pelo contrário: se fala em preservação, mas no final do ano tem um monte de livros que vão ser jogados fora; é uma forma de reaproveitar e evitar o desperdício. E, também, as redes sociais possibilitam que práticas assim sejam desenvolvidas, é bom aproveitar o que elas oferecem de bom”, conclui.
A busca pelo melhor preço
A prática da troca é, também, a estratégia de economia de Angela Dalla Lana, mãe de Leonardo, 10 anos. Para ela, o preço acessível das peças foi o que motivou a busca pelos grupos no Facebook. “Sempre que inicia um novo ano meu sentimento é de preocupação devido a todos os gastos. Conheci o grupo de desapego de uniformes através de uma amiga e eu mesma mandei solicitação para participar. Acredito que a troca ajuda na economia, pois conseguimos vender e comprar uniformes por preços acessíveis”, comenta.
Assim como Angela e Miriam, Jacson Barbieri, pai de dois filhos de 9 e 13 anos, busca a troca de uniformes e materiais no início do ano. Criador de um dos grupos que facilitam a prática no Facebook, Jacson acredita que o alto valor dos uniformes e livros não condiz com o orçamento familiar e pode ser reajustado. “As crianças crescem rápido e trocam com frequência do tamanho da roupa. Uniformes escolares são caros. Ano passado comprei para minha filha blusas de lã: ela usou duas e as outras duas não foram usadas; troquei com uma moça que tinha tamanho maior por outra em ótimo estado. Economizei muito”, lembra. Jacson, que compra uniformes usados com frequência, acredita que a economia que tem feito chega a 40%. “Depende o estado da roupa, claro, mas a economia é muito grande”, conclui.