Nos últimos anos as tecnologias e tratamentos na área da medicina estão evoluindo rapidamente. Procedimentos mais seguros, técnicas precisas e alternativas mais eficazes surgem com o propósito de assegurar mais qualidade de vida aos pacientes. A cirurgia minimamente invasiva é um método que oferece a máxima preservação da anatomia, com a mínima agressão ao organismo. Esta técnica quando utilizada em cirurgia cardíaca traz inúmeros benefícios ao paciente. No Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, este procedimento de alta complexidade ajuda diversas pessoas a restabelecerem a saúde e obterem maior qualidade de vida. O cirurgião cardíaco Dr. Gustavo R. Hoppen, que atua no corpo clínico do HSVP, ressalta que o menor tempo de recuperação e uma melhor qualidade de vida são as grandes vantagens do procedimento.
A cirurgia cardíaca tradicional, com abertura de tórax por esternotomia, é empregada há décadas e com ótimos resultados, porém, requer um tempo longo de internação. Conforme Hoppen, a cirurgia cardíaca minimamente invasiva é uma técnica cirúrgica que permite a realização das mesmas cirurgias cardíacas realizadas pela técnica tradicional, porém, com incisões menores. “Com o auxílio de instrumentos cirúrgicos e de equipamentos de videotoracoscopia é possível realizar a cirurgia através de incisões menores, de 5 a 6cm, diferente da esternotomia, que é feita no meio do tórax com cerca de 20cm de extensão”, pontua o especialista.
Para a realização da técnica, existem vários equipamentos que foram desenvolvidos especialmente para este tipo de cirurgia. Segundo o cirurgião cardíaco são pinças cirúrgicas especiais, mais longas e de formato adequado para que o cirurgião possa alcançar o coração e seu interior através de incisões menores, onde não seria possível, por exemplo, alcançá-lo com a sua mão. “Existem materiais de circulação extra-corpórea que também foram desenvolvidos para esta finalidade. Outro auxílio muito importante vem da videotoracoscopia, que por meio de uma câmera especial nos mostra uma imagem ampliada e nítida das estruturas cardíacas”.
Menores riscos, mais bem-estar
A técnica de cirurgia, conforme Hoppen, oferece menos dor, sangramento, menor tempo de internação e risco de infecções, além de proporcionar uma recuperação mais rápida. “Menor tempo de hospitalização, três a cinco dias em média, menor tempo de ventilação mecânica, menor sangramento e por consequência menor necessidade de transfusões, redução do risco de infecções, menos dor, de duas a quatro semanas para retorno às atividades, incisão e cicatriz menores, são alguns dos benefícios de optar pela cirurgia cardíaca minimamente invasiva”, orienta o especialista.
Ainda, comparando com a técnica tradicional, Hoppen relata que existem vários dados da literatura médica mundial comprovando os benefícios desta técnica cirúrgica. “Em relação ao tempo de internação ele é menor. O paciente permanece menos tempo na CTI, em média um dia contra dois ou três da técnica tradicional e em média dois dias a menos no hospital. Mas, o principal dado é que o paciente sente menos dor no pós-operatório, iniciando a sua locomoção mais precocemente, reduzindo a possibilidade de complicações, tais como pneumonias. Ainda, em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) já existem relatos mostrando benefícios desta cirurgia, pois o paciente necessita de menos tempo de ventilação mecânica e se locomove mais precocemente”, concluindo que o paciente poderá voltar às suas atividades diárias, como trabalho, mais rapidamente, cerca de um mês antes.
Onde a técnica pode ser aplicada
Através desta técnica pode-se realizar as mesmas cirurgias realizadas pela técnica tradicional, sendo, plastia da válvula mitral, troca da válvula mitral e da válvula aórtica, Correção de Comunicação Interatrial (CIA, Forame Oval Patente), plastia da válvula tricúspide, ressecção de tumores intra-cardíacos e Revascularização do Miocárdio.
Segurança e a rápida recuperação
A paciente M. P., 25 anos, necessitou de uma cirurgia cardíaca em função de um sopro no coração. A jovem que já havia vivenciado em sua família outros casos, sentiu-se aliavada quando soube que não precisaria fazer a cirurgia onde o peito é aberto. “Eu estava com medo, porque se tivesse que abrir o peito o tempo de recuperação é bem maior. Fiquei mais segura e tranquila quando soube que seria apenas um pequeno corte na virilha e outro embaixo do seio”, relata a jovem, contando ainda que a recuperaçã está sendo rápida e que em 45 dias já poderá voltar a trabalhar. “Fiz o procedimento no dia 12 de janeiro e no sábado, 16 de janeiro, já recebi alta. Consigo caminhar e não sinto dores, eu só tenho a agradecer a equipe por ter buscado esta alternativa para o meu caso, com certeza me trouxe muitos benefícios”.