Olhares atentos à água

Projeto Água em Foco busca colocar o aluno em contato com a realidade dos recursos hídricos através da união de teoria e prática

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O livro Água em Foco foi lançado no início das aulas e está disponível para a comunidade de forma gratuitaO livro Água em Foco foi lançado no início das aulas e está disponível para a comunidade de forma gratuita
O livro Água em Foco foi lançado no início das aulas e está disponível para a comunidade de forma gratuita
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“Quando a gente vê algo que passa na TV, não percebemos o que está acontecendo perto de nós”. A fala de Luísa Rodrigues, de 13 anos, diante da realidade do cenário atual da água no país, é uma espécie de apelo. “Eu me pergunto se a água vai ser suficiente para todas as pessoas que precisam dela. Será que um dia ela não vai acabar? As pessoas não enxergam isso.”. O pensamento se reflete nos outros 44 colegas que, junto com a menina, participaram, no último ano, do projeto Água em Foco desenvolvido pelo Comitê Rio Passo Fundo no Instituto Menino Deus.
Falar sobre água, no entanto, não foi suficiente nem para a escola e nem para a entidade. Era preciso ir além e ter um resultado concreto em mãos. Um livro, talvez. E ter a possibilidade de, aos 12 ou 13 anos de idade, lançar um livro alertando sobre o assunto é, no mínimo, uma ideia ousada e carregada de responsabilidade. Tal ideia, no entanto, ganhou o papel, o traço e o pensamento dos alunos que, de março a julho de 2015, participaram do projeto e a cada atividade, realizada mensalmente e baseada em aspectos relacionados à água e à preservação do meio ambiente, produziram textos, desenhos, poesias e propagandas capazes de externar o aprendido. Para a escola, a proposta veio ao encontro de um pensamento já praticado pelos corredores. “Nós recebemos este projeto de braços abertos por uma razão: fazer com que a teoria vá para a prática é um desafio. Alguns conteúdos passam a ser atitudes e isso é uma alavanca para que um conhecimento tenha uma significação importante na vida de cada um. Assim se muda a cultura das pessoas e percebemos que temos que ter entendimento de coletividade”, comentou a diretora do IMD, Márcia Muccini.
Ao fim dos cinco meses de trabalho, toda a produção dos alunos foi reunida, organizada e selecionada pelo Comitê que deu um destino certo para ela: as páginas do livro que carrega o nome do projeto. “Cada um pensa e entende a água de uma forma diferente. E tudo isso está nas páginas desse livro”, resume o presidente do Comitê Rio Passo Fundo, Claudir Luiz Alves. Se o conteúdo aprendido está no livro – que foi lançado ainda no início das aulas – a sensibilidade adquirida está na fala. “Existem dados que mostram que as pessoas terão carência absoluta de água. De que adiantaria esses dados apenas jogados a nós de forma teórica se, no nosso pensamento, isso nunca nos atingirá? Presumo que foi isso que conseguimos mudar: conseguimos pensar que, apesar de as previsões serem para uma época distante, no futuro, a falta de água não livrará ninguém”, endossa Maria Eduarda Santos, também de 13 anos. Para ela, o projeto busca despertar, em cada aluno, o pensamento de que ainda é possível fazer algo. “Que possamos ter empatia com as futuras gerações que, mais do que nós, colherão os frutos de um consumo desenfreado e inconsciente. Que façamos uma distribuição justa da água que nos é oferecida gratuitamente e que é vital para a nossa existência. Eu digo que certamente o conhecimento adquirido vai ser levado adiante”, garante.

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