Quando a porta do quarto 122 da Unidade de Internação 02 do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, se abre, a pequena Thaís Roberta Luciano, oito anos, de Chapada, sabe que é hora da aula. Seu rosto se ilumina com um sorriso. Com os cadernos em mãos, ela recebe as pedagogas Silvia Ricci e Marinês Lara Schaeffer, como alguém que está esperando um presente. Thaís trata um câncer há um ano, e neste tempo já passou muitos dias internada, perdendo as aulas que tanto gosta, mas agora, com o Projeto Classe Hospitalar Escola de Vida, a alegria da rotina escolar voltou, pois ela recebe aulas durante a internação. “Eu gosto muito de estudar, escrever, fiquei muito feliz ao saber que ia ter aula no hospital. Adoro as professoras, as atividades, o tempo passa mais rápido agora aqui no hospital”, conta a menina.
O projeto Classe Hospitalar Escola de Vida foi desenvolvido pelo HSVP, em parceria com a Prefeitura Municipal, Universidade de Passo Fundo (UPF) e Ministério Público, que busca promover para crianças e jovens em tratamento oncológico, a aprendizagem para que não percam o ano letivo e possam validar esse conhecimento. Em funcionamento há dois meses, 48 crianças e adolescentes já estão sendo atendidos. “Inicialmente fizemos um contato com os pais e as crianças para informar sobre a disponibilidade das aulas, em seguida entramos em contato com a escola para ver quais conteúdos estavam sendo aplicados. Depois disso, montamos juntas as atividades que serão repassadas às crianças e adolescentes”, explicam Marinês e Silvia.
As aulas acontecem nos turnos da manhã e tarde, em uma sala disponibilizada para este atendimento ou no quartos quando a criança não pode ir até a sala. A avaliação é feita através de parecer descritivo, que depois é encaminhado para as escolas. “Nós somos muito bem recebidas pelos pais e pacientes. Muitos pais ficaram felizes em saber que os filhos podem ter o aprendizado mesmo no hospital. Já os pacientes, além do conhecimento, também têm uma distração e um pouco da rotina do dia a dia mesmo internados. Isso é muito gratificante, saber que este trabalho faz diferença para eles, ver o aprendizado e gosto pelos estudos que eles demonstram”, relatam as pedagogas.
Auxílio também no tratamento
A psicóloga do Serviço de Oncologia, Janaína Reolon Biasi, destaca que depois do início das aulas, percebe-se uma diferença muito grande no ânimo dos pacientes. “A aceitação ao projeto foi muito positiva. Isso traz um pouco do mundo dessa criança, para dentro do hospital, uma rotina real que eles tinham, para que eles não percam essa parte que é tão importante”, enfatiza a profissional, reiterando que isto também beneficiou os pais, que ficam mais tranquilos ao ver que os filhos podem aprender e ter uma rotina normal, mesmo enfrentando a doença. “Eles têm muitas perdas em função do tratamento. E poder devolver essa rotina escolar é um ganho muito grande, que auxilia também no tratamento, já que eles ficam mais dispostos e animados”, enaltece Janaína.