Em um momento de recessão econômica, ver com outros olhos a cidade pode fazer a diferença. Quem caminha pelas ruas do centro de Passo Fundo se depara com muitas portas fechadas e várias placas de aluga-se. A dificuldade de alugar pontos comerciais vem desde o começo do ano, quando as imobiliárias da cidade já relatavam queda de 5% a 10% na procura. Com a baixa nas vendas, quem não estava preparado acaba não conseguindo manter o pagamento em dia de um valor alto, como os cobrados em áreas centrais. Olhando por essa perspectiva, investir em um imóvel pode parecer loucura. Mas foi o que Sérgio Panizzon, proprietário da Point Construções e Incorporações, fez. Ele comprou um espaço de 700 m², no centro da cidade. Entretanto, ao invés de locar para uma única loja, decidiu ir por outro caminho. “Se fossemos alugar para um cliente só, o valor seria muito alto, em época de crise não teria interessados”, conta. Inspirado no Shopping Total, de Porto Alegre, ele criou um novo conceito em shopping para Passo Fundo. Sérgio dividiu a grande área em 29 mini lojas, que possibilitam um aluguel mais barato e uma facilidade maior para a locação. A estrutura é a mesma de um shopping convencional, como ar-condicionado, estacionamento e banheiros, mas em proporções muito menores. A economia, se comparado com o aluguel de uma sala em um ponto próximo, pode chegar a 80% do valor. Pequenos prestadores de serviços, como costureiras, chaveiros, ou até mesmo lojas de roupas e outros produtos são o foco do negócio. “É voltado para pequenas empresas e pessoas que tinham vontade de colocar algo desse tipo, mas não puderam porque até então não tinham oportunidade de ter um local”, explica Sérgio. Pare ele, criatividade é fundamental em um momento de crise. “Em época de crise, se você não inovar, entra na crise. Se inovar, já está ajudando o país a sair da crise”.
No dia 1º de julho, as lojas devem começam a se instalar e a previsão é que até o final de setembro o Moron Center esteja aberto ao público.
Coworking
O aluguel não é desafio somente de comerciantes, profissionais como advogados, psicólogos e até mesmo prestadores de serviços da área de saúde, sofrem com os altos valores. Os custos de aluguel de um escritório, somados a contas fixas, como internet, energia e condomínio, podem colocar em risco um negócio que está começando. Criado principalmente para reduzir esse valor, o coworking é um modelo de trabalho onde profissionais freelancers, autônomos e pequenas empresas se reúnem em um mesmo ambiente para compartilhar, além de custos, experiências. Segundo o presidente da Associação Nacional de Coworking e Escritórios Virtuais (ANCEV), Ernisio Martines Dias, hoje já são mais de 1.000 empreendimentos na área, em todo o Brasil, incluindo os escritórios virtuais - empresas que oferecem atendimento telefônico, transferência de chamadas e endereço físico e fiscal.
Os escritórios virtuais já existem no Brasil há 25 anos, já os espaços de coworking surgiram mais recentemente, em 2009. Para Dias, os dois modelos fazem parte de uma tendência que, a curto e médio prazo, deve continuar. “Cada vez mais empreendedores individuais e empresas buscam as melhores formas de trabalhar com os menores custos, e o compartilhamento de recursos vem ao encontro desta necessidade”, afirma. De acordo com ele, são muitas as empresas que utilizam o serviço enquanto startup e depois se mudam para uma sede própria. Entretanto, recentemente, uma nova dinâmica vem sendo observada. “Não é raro ocorrer o regresso de empresas que saíram para o modelo convencional e pela economia recessiva acabaram voltando para os escritórios compartilhados. Estas certamente nunca mais voltarão para o convencional, pois apreenderam a comparar e verificar que vale muito mais a pena”, avalia.
WH Central Office
Foi de olho nesse mercado, que cresce cada vez mais no Brasil, que o WH Central Office – Escritórios Compartilhados, abriu suas portas em Passo Fundo. O proprietário, Alexandre Weingartner, conheceu o negócio na internet. “Percebi que realmente era uma necessidade das pessoas, sobretudo em época de crises econômicas”, conta. O empreendimento conta com 11 salas voltadas para praticamente todo tipo de profissional liberal, inclusive para profissionais da área da saúde.
Quem usa, recomenda
Daniela Stefini é psicóloga e já sentia a necessidade de alugar um local para o seu consultório há algum tempo. Foram os baixos custos que a fizeram investir em um escritório compartilhado. “As vantagens são infinitas, pois é um local estruturado e que atende as demandas diárias. O maior benefício é a redução dos custos mensais, vale muito a pena”. Quem também apostou no coworking foi a enfermeira Bruna Brazaca. Ela alugou um escritório junto com as sócias na empresa Skincare by Nurses, a enfermeira Simone Araújo e a nutricionista Taise Dobner. Para Bruna, os maiores benefícios são a disponibilidade de uma secretária, o ambiente agradável e a fácil localização. “Já noto resposta ao trabalho, com pacientes fiéis e equipes multidisciplinares que o encaminham para meu atendimento”. Segundo Taise, a interação com outros profissionais contribui para formação de parcerias profissionais e amizades. “Além disso, o custo é acessível, com todas as despesas de escritório inclusas”, observa. A redução de custos, se comparado a um escritório convencional, pode chegar a 70%. O WH Central Office oferece escritórios compartilhados, consultórios e sala de reuniões. As opções de planos são variadas e os preços mudam de acordo com a sala escolhida e o tempo de uso.
Dicas
Para quem está pensando em investir no modelo, Dias recomenda verificar, primeiramente a estrutura do local. Em segundo plano, e não menos importante, vem o atendimento. “Saber se o escritório possui procedimentos e dá treinamento aos funcionários é fundamental. Outro ponto importante é saber se este escritório possui um bom sistema de avaliação e critérios seletivos ao tipo de empresa que irá ingressar no espaço. Se não faz nada para impedir que um empresário desonesto ou que uma atividade ilícita seja desenvolvida neste espaço, por exemplo, poderá ser muito danoso a outros clientes que lá estão”, recomenda.