Recuperação depende do fim da crise política

Presidente da Fiergs, Heitor Müller, disse em reunião-almoço com a ADI-RS que "essa é a pior crise que vivemos", mas vê luz no fim do túnel

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Heitor José Müller é um homem ocupado por dever de ofício. Presidente da Federação e do Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul, o empresário representa o setor da fabril no Conselho de Desenvolvimento - órgão criado ainda no governo Dilma Rousseff para debater com a sociedade saídas para o crescimento e que, agora, coloca o gaúcho de Montenegro como um expectador privilegiado do momento político do país.

“Só vamos sair da crise econômica quando for resolvida a crise política”, sentencia, esperando para agosto um desfecho sobre o impeachment e um posicionamento mais claro do - por enquanto - governo interino de Michel Temer sobre as reformas. “Não fizemos as reformas que outros países já fizeram. Hoje, com a Indústria 4.0, perdemos os melhores empregos para outros países. Nossas leis trabalhistas são da década de 40, escritas num português que não se usa mais, com a cultura de uma época em que o empregado assinava o contracheque com a impressão do dedão”, diz.

Com o telefone pipocando mas educadamente silencioso e guardado no bolso do casaco - ele recebe cerca de 157 mensagens pelo What's App todos os dias, admite -, Heitor Müller almoçou com representantes dos jornais diários do interior gaúcho nesta quarta-feira, na sede da Fiergs, na Zona Norte de Porto Alegre.

“É o momento de renovarmos nossa parceria e mantermos a ADI como canal de ligação entre a Fiergs e as comunidades do interior, onde está 86% do PIB gaúcho”, lembrou no presidente da entidade, Sérgio Klafke, abrindo a reunião.

Uma chance para as reformas
Se o fim da crise é uma esperança para 2017, o início do fim começa em agosto. É quando o Senado encerra e vota o processo de impeachment da presidente Dilma - dando fim ao interinato de Michel Temer ou o lhe entregando o cargo de forma definitiva até o final de 2018. “Aí começaremos a deixar a crise política no retrovisor. O problema é o clima de incerteza, insegurança, falta de confiança para investir. Depois de superada a crise política, a economia começará a reagir”, acredita Heitor Müller. Segundo ele, aí será o tempo para uma grande unidade em torno das reformas.

Política, Previdenciária, Trabalhista.
“Hoje, temos trabalhadores se aposentando com 44 anos de idade. Vamos chegar ao ponto de ter dois, três trabalhadores da ativa para sustentar um aposentado. Isso é uma distorção insustentável”, comenta.
Para ele, os países que já fizeram reformas profundas foram os que viveram grandes guerras ou revoluções sangrentas. E questiona: Será que o Brasil precisa disso?. “Gente, vamos acordar e aproveitar esse momento de angústias para transformar o país”, complementa.

Apelo à unidade

O presidente da Fiergs lembrou que a união pode ser o agente indutor das mudanças.
“Isoladamente, eu ou você somos referências somente em nossas comunidades. Mas se houver um conjunto de lideranças repetindo o mesmo discurso, pode dar certo. Se os jornais daqui e de Santa Catarina tratarem os temas da reforma previdenciária, por exemplo, as pessoas vão entender o que ela significa”, analisa.

Retomada pode ser rápida
Sobre o fim da crise, Heitor Müller trouxe boas notícias aos diários do interior. Segundo ele, apesar da queda de faturamento provocada pela retração do mercado a partir do ano passado, as indústrias tem capacidade instalada para retomar os patamares produtivos de 2015. “As máquinas estão lá. Se precisar aumentar a produção, dá. A segunda boa notícia do setor é a ausência de estoques”, comentou.

Conforme o empresário, isso significa que, se o mercado reagir, as empresas passam a produzir mais imediatamente. “Podemos retomar o nível de produção, talvez a gente não alcance o mesmo volume de empregos de antes, mas a produção pode ser aumentada se a economia aquecer”, prevê Müller.

Quem é Heitor Müller
Heitor Müller é presidente da Federação e do Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul. Formado em Ciências Contábeis e Direito. Também administra o Sesi, o Senai e o Instituto Euvaldo Lodi do Rio Grande do Sul. Presidiu a União Brasileira de Avicultura (UBA), foi Vice–Presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Frangos (ABEF), presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV), e fundador e presidente do Sindicato das Indústria de Produtos Avícolas do Estado do Rio Grande do Sul (SIPARGS). No Sistema FIERGS , foi vice-presidente e coordenador de vários Conselhos Temáticos. Sua atuação empresarial começou no setor de avicultura, evoluindo para a engenharia genética e fundição, com empreendimentos no Estado do Rio Grande do Sul.

18º Congresso da ADI
O presidente da ADI-RS, Sergio Klafke, lembrou o 18º Congresso dos Jornais Diários do Interior do RS, que acontece entre os dias 7 e 9 de outubro em Canela, na Serra Gaúcha. Durante o congresso, a entidade vai entregar os prêmios ADI de Excelência em Gestão e ADI de Jornalismo Econômico, reconhecendo casos bem sucedidos de gestão entre os 18 jornais diários associados à entidade e reportagens que valorizam a produção e a matriz econômica gaúcha.

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