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Game que virou mania mundial invade praças e espaços públicos de Passo Fundo

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Na Praça da Cuia, na Gare, na Praça do Teixeirinha. A cena que se repete em todos esses lugares são pessoas, de diferentes gerações, caminhando concentradas olhando para o celular. Na tela dos smartphones, pequenas criaturas aparecem através da tecnologia da realidade aumentada. O foco unanime é capturar pokémons, que estão distribuídos pelos mais diversos pontos turísticos da cidade de Passo Fundo. 

Guilherme Pagnussat vem de Marau todos os dias para estudar em Passo Fundo. O jovem de 18 anos, que não possuía o hábito de passear pela Praça da Cuia, aproveitou o intervalo da aula, na tarde desta sexta-feira (5), para caçar as criaturas. Ele descobriu o jogo através de um amigo e acredita que é uma ótima maneira de fazer as pessoas interagirem, além de incentivar o cuidado com a saúde.

O jogo, que virou febre no mundo inteiro, ‘Pokemon Go’ foi lançado no Brasil nesta quarta-feira (3). De acordo com o professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), Rafael Rieder, que é doutor em Ciência da Computação, o jogo faz sucesso pelo fato de unir um game clássico com a tecnologia da realidade aumentada.

“A realidade aumentada atraí ainda mais porque hoje as pessoas estão acostumadas a interagir com o meio [eletrônico] como fotos, vídeos, redes sociais. Esse tipo de recurso vem muito a calhar uma vez que eles podem compartilhar informações em tempo real e misturar situações virtuais que estão imaginando, como no caso de capturar monstrinhos, em locais publico com o próprio local onde elas estão”, explana Rieder.


Jogo interativo
O estudante Alexandre Gabriel de Almeida, adepto dos jogos online mais tradicionais, não estava com expectativa a respeito do game, mas devido a grande adesão e comentários, fez o download na curiosidade.
“Achei o jogo bem interativo. Eu já jogava alguns que me faziam ficar em casa. No Pokémon se tem contato com pessoas, por exemplo. Tu vai até a praça e encontra 20, 30 pessoas jogando”, argumenta.

O casal de namorados Marcos Cavalheiro Junior e Mariana Dalla Lana também baixou o jogo na curiosidade. “Estava todo mundo comentando e a gente resolveu baixar também para ver como era”, explica Junior.
“Acredito que é o começo de uma nova geração. A maioria dos gamers fica de maneira mais reservada para esse mundo, que muitas vezes deixam a vida social de lado, por isso acredito que o jogo é uma maneira divertida de mudar esse cenário”, acrescenta o jovem.

A interatividade do jogo, descontrói uma ideia estereotipada sobre gamers, conforme o professor da UPF, Adriano Teixeira. “O Pokémon Go vem na certeza de desestabilizar duas verdades absolutas. Uma é de que o celular e os games tornam os indivíduos sedentários e no jogo não existe isso, uma vez que é preciso se locomover para buscar os bichinhos para poder coleciona-los. A outra questão é a ideia de os games nos isolam, podemos verificar que as pessoas que jogam Pokémon Go criam comunidades e se reúnem em determinados lugares para verificar quais são os monstros que pegaram, quais os que ainda faltam, onde achar mais, então as pessoas acabam socializando por conta do jogo” argumenta.

Perspectiva para o futuro
Os professores acadêmicos acreditam que é difícil prever os próximos passos quanto ao jogo, mas que a realidade aumentada é uma tendência. “É uma tendência de vir mais associada a aplicativos, smartphone e tablets, não apenas ao jogo. É um recurso que pode ser utilizado, por exemplo, em uma notícia ou uma pessoa pode olhar uma revista eletrônica e usar um celular para ver uma informação a mais, como vídeos e fotos. A realidade aumentada pode ser uma ponte para obter mais informações e principalmente informações interativas”, acrescenta Rieder.

Histórico Pokemon Go
O Pokémon Go é um jogo desenvolvido em parceria pela Niantic e pela Nitendo. No game, os jogadores usam os celulares para “procurar” os personagens pokémons, os mesmos da série animada dos anos de 1990.
O objetivo do jogo é capturar todos os animais. O aplicativo mistura o mundo virtual com o real. Isso porque o jogador tem perfil dentro do jogo e caminha no mundo real como se estivesse dentro do aplicativo.

Desde o lançamento do jogo, as ações da Nintendo aumentaram mais de 25%. O valor de mercado da companhia subiu de US$ 7 milhões para US$ 500 milhões.Pokémon é uma franquia de jogos eletrônicos lançada em 1996, que posteriormente veio a fazer muito sucesso em forma de desenho nas televisões de todo o mundo, além de cartas, filmes e outros. Em 2016, o título comemorou 20 anos de história.

Cuidados – recomendações
Quanto mais se joga, mais exposto ao perigo. Isso porque os dados do usuário são compartilhados. Enquanto está de olho no celular, o jogador caminha pelas ruas de verdade e as informações são compartilhadas por meio de geolocalizadores (Google Maps).

Qualquer jogador pode localizar outra pessoa que esteja jogando nas proximidades. Por causa disso, foram registrados casos em que desconhecidos atraíram jogadores com pistas falsas de pokémons para que pudessem roubá-los.
A NSCC – organização não governamental (ONG) do Reino Unido que trabalha com prevenção de crimes, de violência e abuso contra a infância – lançou na internet um guia (disponível em inglês) com dicas para que pais possam ajudar os filhos e protegê-los quando usarem o aplicativo.

No guia, a ONG recomenda que os usuários do Pokémon Go joguem somente em locais conhecidos e com amigos em grupo, nunca em lugares desconhecidos e tarde da noite, por exemplo.No caso de filhos pequenos, a orientação é que os pais permaneçam ao lado deles. A ONG também recomenda que o aplicativo seja usado em parques e não em ruas movimentadas, por exemplo, para evitar exposição aos riscos de acidentes de trânsito.

É o caso do comerciante Cleber Polese, que acompanhou o filho de 12 anos, enquanto o garoto capturava as criaturas. Para ele, o jogo é ótimo afim “de tirar a juventude de dentro de casa, mas o ponto negativo é que a pessoa distrai-se, o que pode comprometer a segurança”, explica.

O que é Realidade Ampliada ?
Segundo Teixeira, a realidade ampliada significa colocar, sobre o mundo real, uma camada digital. Então se, pelo celular, é possível ver árvores, a tecnologia acrescenta à realidade digital, que, no caso do jogo, serão os pokémons.

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