"Nunca imaginei sentir tal desespero"

Passo-fundense estava distante cerca de 25 quilômetros do epicentro do terremoto

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Patrick e equipe tiveram de dormir no pátio da escola após o terremotoPatrick e equipe tiveram de dormir no pátio da escola após o terremoto
Patrick e equipe tiveram de dormir no pátio da escola após o terremoto
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Morando na Itália há dois meses, o passo-fundense Patrick Orlando, estava na cidade de L'Áquila, distante apenas 25 quilômetros de Amatrice, onde ocorreu o epicentro do terremoto, de magnitude 6,2 na madrugada de ontem, provocando a morte de pelo menos 120 pessoas. Ator e diretor de cinema, Orlando reside em Roma, mas havia chegado na quarta-feira em L'Áqua, onde produziria, até o próximo domingo, um filme para o Festival Italiano Cinemadamade. Alojado com sua equipe em uma escola, ele trabalhava no computador quando, por volta das 3h da madrugada, aconteceu o primeiro e mais forte tremor.
“A sensação é horrível. Chacoalhava tudo, não conseguia correr. Você quer salvar sua vida, ajudar quem está ao lado. Lembro do olhar das pessoas, foi tudo muito aterrorizante. Eu nunca senti nada igual na minha vida e nunca imaginei que poderia sentir tal desespero. O som do terremoto vem primeiro e é muito alto. É aterrorizante. Logo em seguida, vem o tremer da terra. Só lembro de todos nós saindo correndo da escola e indo pra um lugar aberto para ficar em segurança” revelou ontem à tarde em entrevista ao ON, através das redes sociais, quando já estava alojado em outra escola, na cidade de Sabaudia, distante de Amatrice.
Logo após o primeiro tremor aconteceram outros dois de menor intensidade. “Depois disso, só se ouvia gritos, sirenes e avisos de proteção' relata. Por medida de segurança, a equipe teve de dormir no lado de fora da escola. A entrada somente foi permitida após avaliação do prédio feita pelos bombeiros.
Diante da possibilidade de novos tremores, ainda pela madrugada, moradores fizeram suas malas e iniciaram a correria para evacuar a cidade. Patrick e sua equipe deixaram L'Áquila por volta do meio dia de ontem. “Lembro de muitas famílias descendo de seus apartamentos carregando as malas. Eles já haviam passado pela mesma situação em 2009. A cidade vizinha de Amatrice está praticamente toda destruída. Foi muito triste, não desejo para ninguém, porque você não tem o que fazer contra essa força da natureza. Graças a Deus não aconteceu nada comigo, nem com nossa equipe de trabalho”.
O passo-fundense lamentou pelas famílias que perderam seus entes queridos e disse que tudo aconteceu muito rápido. O clima descrito por ele, ontem à tarde, era de extrema tensão e tristeza. “Muita força para a Itália neste momento” descreve. Patrick pretende permanecer na Itália até o final do mês de Setembro. Após, retorna para o Rio de Janeiro, onde reside há cerca de 10 anos.


Governo italiano confirma 120 mortos em terremoto

O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, afirmou que o terremoto de 6,2 gaus que atingiu a zona central do país na madrugada de ontem "deixou ao menos 120 mortos". A Defesa Civil italiana informou que, do total de mortes, 86 foram registradas em Accumoli e Amatrice e as outras 34 em Arquata. "Os feridos foram levados para fora de Amatrice e Accumoli em helicópteros e ambulâncias. Foram 368 somente nesta manhã", informou Renzi. "Há alguns problemas para o reconhecimento dos corpos, mas estamos trabalhando nisso".
Renzi fez a declaração em Rieti, uma das províncias mais afetadas pelo abalo sísmico, onde o premier também destacou que será preciso um "longo período de gestão" para lidar com a emergência provocada pelo terremoto. "A emergência demandará um longo período de gestão. Deveremos estar todos à altura deste desafio", disse.
Algumas vilas, como Amatrice e Arquata del Tronto, ficaram reduzidas a escombros, praticamente sem nenhuma construção de pé. O alto poder destrutivo do tremor foi atribuído ao fato de seu epicentro ter sido registrado a apenas 4 quilômetros da superfície, numa região montanhosa, em que muitas construções encontram-se assentadas em terrenos inclinados. Um número ainda não especificado de pessoas continua sob os escombros. Diversas estradas foram obstruídas por pedras, o que dificulta os trabalhos de resgate. Algumas localidades também tiveram suas instalações hospitalares inutilizadas.


Brasil
A Embaixada do Brasil na Itália ainda não recebeu informações de brasileiros que possam estar entre as vítimas do terremoto de 6 graus que atingiu o país ontem. Em declarações à agência, representantes da embaixada disseram que, até o momento, não houve notícias de brasileiros entre mortos ou feridos. "Mas estamos acompanhando, porque a situação está evoluindo", disseram. 

Papa Francisco
Em sua audiência geral ontem, o papa Francisco manifestou "grande dor" pelo terremoto que "devastou zonas inteiras e deixou mortos e feridos" na região central da Itália. O pontífice disse ter ficado "fortemente comovido" ao saber que a cidade de Amatrice foi destruída e que há crianças entre os mortos. "Exprimo minha proximidade às pessoas presentes em todos os lugares atingidos pelo tremor, a todas as pessoas que perderam entes queridos e àquelas que ainda se sentem afetadas pelo medo", acrescentou.

 

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