Aperfeiçoamento do voto eletrônico em pauta

Pesquisador que analisa a segurança das urnas eletrônicas brasileiras palestra na Semana Acadêmica da Informática (Senainfo) 2016, que acontece na UPF até o dia 9 de setembro

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Professor da Unicamp, Diego Aranha fala sobre a segurança das urnas eletrônicas brasileiras na Senainfo 2016Professor da Unicamp, Diego Aranha fala sobre a segurança das urnas eletrônicas brasileiras na Senainfo 2016
Professor da Unicamp, Diego Aranha fala sobre a segurança das urnas eletrônicas brasileiras na Senainfo 2016
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A Semana Acadêmica da Informática (Senainfo) 2016, que acontece no Instituto de Ciências Exatas e Geociências da Universidade de Passo Fundo (Iceg/UPF) até sexta-feira, 9 de setembro, recebeu, na noite de segunda-feira, 6 de setembro, o professor da Unicamp Diego Aranha, que analisa a segurança das urnas eletrônicas brasileiras. A solenidade de abertura também contou com a presença do diretor do Iceg, Cristiano Cervi, do coordenador do curso de Engenharia da Computação, José Maurício Carré Maciel, e representantes do diretório Acadêmico da Informática (Dainfo) e da organização do evento. A apresentação cultural foi realizada pela Big Band Comunitária UPF.

O tema da palestra da noite foi “Aperfeiçoamento do voto eletrônico no Brasil”. O palestrante Diego Aranha falou sobre o sistema de votação eletrônica no país, especialmente sobre os mecanismos de transparência, segurança e problemas que foram encontrados ao longo dos anos. Aranha acompanha a evolução dos sistema há cerca de quatro anos, quando se envolveu com testes de segurança, e, desde então, executa algumas atividades técnicas e projetos de fiscalização. 

Testes públicos de segurança organizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), segundo Aranha, já apontaram vulnerabilidades no sistema. “Nesses testes, já foram descobertas vulnerabilidades, tanto afetando o sigilo do voto quanto a integridade de resultados. Um atacante bem remunerado, financeira e politicamente, tem chances de montar uma fraude em larga escala, especialmente se ele tiver agentes infiltrados no próprio Tribunal. Isso não quer dizer que fraudes aconteçam, porque há outros pontos tentadores de fraude, mas as condições técnicas estão lá”, comentou o palestrante.

A falta de transparência e a confiança apenas no software precisam ser revistos, na opinião de Aranha. “Há um equívoco em adotar um sistema puramente eletrônico de votação em que toda a confiança é depositada no software, em um contexto em que temos fartas evidências no mundo real de que ele é vulnerável. Além disso, os testes feitos pelo TSE são restritos. Os investigadores têm poucas horas para examinar o sistema; eles não têm liberdade para executar todos os ataques que gostariam de testar; e nesses testes restritos já foram descobertas vulnerabilidades tanto afetando o sigilo do voto quanto a integridade de resultados”, comentou o professor. 

Outra questão destacada é a limitação da possibilidade de verificação dos resultados por parte da sociedade. “Os outros países que adotaram um sistema parecido com o nosso introduziram um mecanismo que produz registro físico do voto. Ao votar, o eleitor recebe o registro físico do voto em papel para verificar se o sistema registrou o voto dele de forma correta. Esses registros permanecem nas seções eleitorais para uma auditoria ou conferência posterior”, ressaltou.

O objetivo da palestra foi examinar e propor aperfeiçoamentos para os mecanismos de transparência instalados no sistema, com correspondente incremento em segurança. “O Congresso Nacional aprovou um projeto no ano passado que exige a introdução desse mecanismo de impressão do voto e, felizmente, o TSE está aparentemente tentando implementar o mecanismo. Eles organizaram uma seção pública recentemente para conversar com os especialistas para levantar problemas e coletar sugestões. Estou otimista que de fato esse recurso será implementado a partir de 2018, conforme determina a lei”, observou Aranha.

O palestrante participou ainda da mesa redonda “Segurança nas urnas eletrônicas”, juntamente com Alberto J. Azevedo, Guilherme Goulart e Vinícius Serafim.

Senainfo
A Senainfo, que iniciou no dia 5 de setembro, abrange, até sexta-feira, 9 de setembro, palestras, minicursos, mesa-redonda e um cine-debate. Uma das palestras, que é bastante aguardada pelos participantes, é com a egressa do curso de Ciência da Computação Fabiane Bizinella Nardon, que abordará o “Empreendedorismo na vida real: dicas, armadilhas e oportunidades”. Fabiane é considerada uma das dez mulheres mais influentes do Mundo Java, segundo a ComputerWorld.

A programação completa está disponível no site http://dainfoupf.com.br/.

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