O Movimento Mães Especiais (MME) e o Movimento Direitos Iguais (MDI) protestaram ontem à tarde, na avenida Brasil, pedindo por mais acessibilidade. O grupo de mães, acompanhada de seus filhos cadeirantes, partiu do centro, pela avenida Brasil e seguiu até a Prefeitura. O protesto seguiu durante sessão na Câmara de Vereadores. O ato foi uma resposta ao episódio ocorrido há duas semanas, quando uma mãe, e sua filha especial, de dois anos e oito meses, permaneceram por duas horas e 10 minutos, em uma parada aguardando o ônibus adaptado. Momentos antes, as duas haviam participado de um evento sobre inclusão, no Parque da Gare.
Moradora do bairro Nene Graeff, Ana Lucia Antunes, 40 anos, disse ter ido para a parada da avenida Brasil, próximo ao cruzamento com a Sete de Setembro, por volta das 17h e aguardou até às 19h10. “Os motoristas dos ônibus convencionais não transportam cadeirantes, dizem que é uma questão de segurança. Quando chegou o veículo adaptado, o motorista estacionou e falou que havia terminado a última viagem e que fazia outra linha. Disse também que o veículo da linha Nene Graeff estava com problemas mecânicos, por isso, estava atrasado”. Ana e a filha somente conseguiram retornar para casa de carona oferecida por um popular.
O protesto de ontem foi promovido pelo Grupo de Mães. Criado há cerca de um ano, a entidade é formada por 62 mães de filhos especiais. Sem uma sede própria, as reuniões acontecem nas residências das próprias integrantes. Segundo Jocemara Britto, protestar na avenida, interferindo o fluxo dos veículos, foi a maneira de demonstrar a dificuldade que estas famílias enfrentam diariamente para se locomoverem pela cidade. “Não adianta discutirmos inclusão se não temos acessibilidade. Temos que ter nosso direito e ir e vir garantido” afirmou.
O que diz a empresa
Advogado da empresa Coleurb, José Mello de Freitas disse que em 13 anos que a empresa opera com ônibus adaptados, este foi o primeiro caso registrado. Disse ainda que o atraso ocorreu em razão de problemas mecânicos no veículo da linha Nene Graeff. “Ela entrou em contato com a empresa às 18h40, cerca de 20 minutos depois já havíamos providenciado outro ônibus, mas ela conseguiu uma carona” explicou. De acordo com Mello, a empresa tem 60% da frota adaptada e operada por motoristas e cobradores treinados. “Cumprimos todas as regras do transporte adaptado, inclusive com sobras” informou.