Segundo dados de um levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em conjunto com outros órgãos, o número de incêndios no Brasil subiu 63% quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Somente no Rio Grande do Sul, em 2015, 1.450 focos foram detectados por satélites do Instituto. Em 2016, até os primeiros dias de outubro, este número subiu para 3.114. Em Passo Fundo a situação que não se difere muito em relação aos demais cenários nacionais. Entre os meses de janeiro e setembro deste ano, 137 ocorrências de focos de incêndio em vegetação foram atendidas pela guarnição do município. Os meses de maior incidência foram janeiro, com 31 ocorrências, junho com 23 e julho com 35. Meses de períodos mais secos.
Embora alguns dos casos de queimadas em vegetações sejam ocasionados por motoristas e passageiros que trafegam pelas rodovias e atiram tocos de cigarro pela janela, segundo o Capitão Jandir Ortiz Borba, do Corpo de Bombeiros de Passo Fundo, esta não é a principal causa dos incêndios. Na grande maioria dos casos, a queimada é intencional e decorre da postura equivocada de ruralistas que ateiam fogo na expectativa de renovar a pastagem ou de consumir acúmulo de resíduos no solo. “Além de caracterizar crime ambiental, uma atitude imprudente como esta coloca em risco pessoas com propriedades limítrofes e gera preocupação quando se situa à margem de rodovias, por exemplo, pois a fumaça prejudica a visibilidade dos motoristas. Já tivemos muitos casos de acidentes que ocorreram por conta disso.”
O Capitão enfatiza que não há uma equipe reservada a atender incêndios dentro da cidade e outra de plantão para casos fora do perímetro urbano. Isto significa que não apenas o deslocamento de uma equipe de bombeiros gera custos financeiros, mas também cria o risco de deixar incidentes de incêndio em residências dentro do município desprovidos de atendimento, uma vez que, atualmente, apenas metade do efetivo previsto está atuando em Passo Fundo.
A resposta do Corpo de Bombeiros tende a ser rápida, mas o tempo para controle do incêndio é difícil de estimar. É preciso levar em consideração diversos fatores, entre eles as condições climáticas, que podem contribuir para o alastramento do fogo, e a dimensão da área atingida. “Estamos adquirindo novos equipamentos para o combate de incêndios, como sopradores e pulverizadores à água, além das bombas que já possuímos, mas a melhor solução continua sendo trabalhar a consciência da população”, salienta o Capitão Jandir.
A principal orientação à população, em casos de queimadas à vegetação e incêndios em geral, é que acionem os Bombeiros pelo telefone e, em seguida, quando seguro, tomem medidas preventivas, como, por exemplo, verificar o que está nas imediações, com risco de ser atingido, e afastar qualquer fonte que sirva de combustível.