Ruas movimentadas, motoristas apressados, pedestres distraídos, sinalização de difícil visualização... Diversos fatores sempre contribuíram para tornar o trânsito de Passo Fundo uma preocupação constante àqueles que precisam se deslocar diariamente, seja por meio de automóvel individual, transporte coletivo, bicicleta ou até mesmo a pé. Os acidentes no município, apenas em perímetro urbano – local de jurisdição da Guarda Municipal –, resultaram em 43 mortes entre os anos de 2014 e 2015.
Até a primeira metade de setembro, 2016 vinha sendo um ano excepcional. O número de mortes destoava de maneira quase alarmante em relação aos anos anteriores: apenas duas vítimas fatais haviam sido registradas. Esta diminuição tão brusca causava clima de festividade na Guarda Municipal, no entanto, nos últimos 20 dias, a ocorrência de outras quatro mortes interrompeu o desejo de comemoração e voltou a gerar preocupação. O chefe da Guarda Municipal de Passo Fundo, Ruberson Stieven, conta que a imprudência e desatenção, tanto de condutores quanto de pedestres, foram constatadas como culpadas em grande parte dos casos. “Mesmo que o número seja menor quando comparado aos anos anteriores – foram apenas seis mortes –, o índice ainda é preocupante. É um número alto para um curto período de tempo, de mortes que poderiam ser evitadas.”
Tantos fatos infelizes mobilizaram a Secretaria de Segurança, nos últimos anos, a repensar a engenharia das ruas conhecidas como pontos de maior incidência de casos com vítimas fatais. Dois exemplos disso são as ruas Nascimento Vargas com a Sete de Setembro e a Sete de Setembro com a Moron. A sinalização foi atualizada e os dois locais, que possuíam vias de mão dupla, passaram à via de mão única. Ruberson explica que, apesar de as mudanças constantes no trânsito de Passo Fundo gerarem incômodo à população, elas precisam ser compreendidas. “As pessoas têm dificuldade de entender que muitas das modificações nas vias decorrem do número de acidentes ocorridos nestes locais. São alterações feitas visando salvar vidas. Às vezes, é melhor você andar uma quadra a mais no caminho para casa se isso significa evitar transtornos”.
As intervenções causaram diminuições significativas de infortúnios e, em ambos os locais, o número de acidentes caiu a quase zero. Mesmo os poucos acidentes que aconteceram foram de menor impacto, sem registro de mortes. Melhorias evidenciadas em dados. Em 2014, foram 29 acidentes com vítimas fatais no perímetro urbano de Passo Fundo. Em 2015, foram 14. Em 2016, até a metade de setembro, este número caiu abruptamente para duas mortes. Além do replanejamento em termos de engenharia e da fiscalização, com operações como a Balada Segura, segundo Ruberson, a educação também merece lugar de destaque. Há uma conscientização gradativa da população, iniciando pela base de ensino. Equipes da Secretaria de Segurança do município visitam escolas para orientar crianças e adolescentes a respeito dos direitos e deveres no trânsito. Estas visitas trazem resultados a medida que as crianças passam a fiscalizar os próprios pais, lembrando-os de utilizar o cinto, de cuidar o semáforo e de tomar outros cuidados que parecem pequenos, mas que são fundamentais no exercício da direção defensiva.
Atualmente, ainda de acordo com o chefe da Guarda Municipal, os pontos de incidência de acidentes com mortes são muito relativos. Passo Fundo deixou de possuir lugares propriamente alarmantes e as últimas mortes deram-se em locais distintos. Muitas, inclusive, ocorreram em vias tidas como calmas, o que denota a possível falta de cautela de quem está na direção. Dos seis acidentes fatais deste ano, um causou a morte de um pedestre, dois causaram a morte de ciclistas e três causaram a de motociclistas. Usuários das vias de trânsito vistos como os mais frágeis. “A gente queria poder chegar ao fim do ano e dar uma notícia feliz à população, de uma diminuição significativa no número de mortes, mas infelizmente são fatores externos a nós”.
Comemoração interrompida
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