Temporal deixa casas destelhadas em Passo Fundo

Previsão é de que o temporal se estenda até quarta-feira

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O bairro Valinhos foi um dos mais afetadosO bairro Valinhos foi um dos mais afetados
O bairro Valinhos foi um dos mais afetados
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O observatório meteorológico da Embrapa Trigo registrou ontem a maior tempestade do ano em Passo Fundo. Em apenas uma hora, a precipitação foi de 33mm e as rajadas de vento, de até 101 km/h, provocaram estragos, principalmente no bairro Valinhos. 

A Polícia Rodoviária Federal e a Guarda Municipal de Trânsito do município informaram que não foram registrados acidentes de trânsito em decorrência das condições climáticas. O Corpo de Bombeiros, no entanto, teve um dia mais turbulento, atendendo diversos chamados. Logo no início da tarde, uma equipe dirigiu-se à BR 285, em Mato Castelhano, para retirar árvores caídas na rodovia que dificultavam o tráfego de veículos. No decorrer da tarde, outros cinco chamados foram atendidos, também para efetuar a remoção de árvores que caíram com a força das rajadas. Além disso, o destelhamento de casas em Passo Fundo, especialmente no bairro Valinhos, obrigou alguns moradores a irem até os Bombeiros para fazer a retirada de lonas – 26 pessoas compareceram ao local para pegá-las. A informação da Defesa Civil é de que cerca de 700 residências foram afetadas pelo temporal em todo o Rio Grande do Sul.

Aposentado, o senhor Florenal da Silva, residente do bairro Valinhos, é uma das vítimas do temporal. Metade da sua casa teve as telhas arrancadas, a outra metade sofre com goteiras. Dentro da casa, o chão de terra vira lama. Ele mora junto com sua esposa e mais duas pessoas, e conta que esta não é a primeira vez que um temporal causa danos. Da última vez, precisou fazer empréstimo para arrumar o telhado, mas dessa vez não vê como conseguiria pagar por outro empréstimo. Segundo Florenal, seu filho ligou na Prefeitura e foi orientado a ligar para os Bombeiros, que se prontificaram a dar lonas, mas avisaram que havia muita gente procurando e eles precisariam esperar na fila. “Como eu vou esperar? Tudo destelhado aqui, caiu árvore ali na frente, outra tá pra cair... Todo o dinheiro que eu tinha gastei com minha esposa, que tá doente. Tive que pegar lona emprestada com o vizinho, mas se destelhar mais, não sei o que fazer”.

O filho de Florenal lamenta a falta de ajuda. “A gente liga pra um, nos mandam ligar pra outro e ninguém nos ajuda em nada. Arrumamos com lona e cordas, mas e amanhã? A gente não sabe como vai fazer pra arrumar depois”. Ele aponta para as casas vizinhas, onde a situação não é muito diferente. Aos fundos da residência de Florenal, outra casa pequena e de madeira está destelhada. Esta, porém, não conta nem com lonas para cobri-la. “Aquela ali é do nosso vizinho, o José. Ele precisou abandonar por enquanto”, aponta.

O desespero da família de Florenal em pouco se diferencia do vizinho citado, o José Cícero. Ele, a mulher, a cunhada e dois filhos vieram de Alagoas há dois anos e pela primeira vez passam por este tipo de tragédia. “Lá no Alagoas é sempre quente, nunca tem esse tipo de temporal, a gente nem sabe o que fazer direito”. José estava trabalhando na tarde desta segunda-feira quando foi avisado de que sua casa havia sido atingida pelo temporal. Sem conseguir lona suficiente, ele retirou as mudas de roupas e levou até a casa de um vizinho que se ofereceu a abrigá-lo. A casa ficou temporariamente abandonada, com alguns móveis cobertos, o restante ele não conseguiu salvar. “Queimou a televisão, a geladeira... Estou tentando conseguir ajuda em dinheiro com o pessoal do meu trabalho, pra poder arrumar, porque do jeito que tá não tem como dormir ali com duas crianças”.

Previsão para a semana

A instabilidade que atingiu o Rio Grande do Sul no último fim de semana com chuvas intensas (totalizando 28mm), ventos fortes e trovoadas, deve se estender nos próximos dias. Até agora, 139mm de chuva foram registrados no estado, o equivalente a 89% da média esperada. De acordo com o observador meteorológico da Embrapa Trigo, Invegdonei Sampaio, a tempestade desta segunda-feira (17), em Passo Fundo, foi a mais forte registrada em todo o ano, com rajadas de vento de até 101km/h e precipitação de 33mm.

Na terça-feira (18) o dia deve ser nublado e encoberto, com pancadas de chuva à tarde e alta temperatura, entre 20°C e 32°C. Há a possibilidade de temporais na Região Norte à noite. Na quarta-feira (19) a possibilidade de temporal se repete, tendo também o risco de queda de granizo na região; a temperatura mínima é de 20°C e a máxima é de 30°C. A quinta-feira (20) não deve ser tão instável e a temperatura sofre declínio à noite, ficando entre 20°C e 22°C. Já na sexta-feira (21), o ar seco deve influenciar no declínio mais intenso da temperatura, quando a mínima pode chegar aos 10°C e a máxima não passa dos 21°C. Na previsão estendida, o indicativo é de retorno da precipitação somente no domingo. A temperatura no fim de semana deve ficar entre 12°C e 26°C.

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