Um avião monomotor sofreu um grave acidente ao final da manhã de terça-feira, 25/10, causando a morte do piloto e de um passageiro. A aeronave, modelo EMB-711 Corisco, prefixo PT-NQS, havia reabastecido e decolava com destino a Passo Fundo. Sem ganhar uma boa altura e, ainda, com o trem de pouso baixado, acabou caindo nas proximidades da pista. Com o violento choque acabaram morrendo no local o piloto Diego Bohrer de 34 anos e o diretor do Grupo Cielo, Judiciel Kolberg, de 33 anos. A queda atraiu muitos curiosos ao local, mas logo a área foi isolada pela Brigada Militar. As investigações sobre o acidente serão feitas pelo CENIPA - Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos. De acordo com experientes pilotos, as causas somente serão conhecidas após o relatório final do CENIPA. Consideram prematuras e sem validade técnica quaisquer tentativas em apurar as possíveis causas. Na maioria dos casos as conclusões apontam para uma somatória de fatores.
Os mortos
O avião envolvido no acidente operava para o Grupo Cielo de Passo Fundo, empresa com atuação do mercado da indústria mecatrônica e equipamentos de segurança veicular. Estavam a bordo o piloto e um passageiro, que morreram na queda. O passageiro era o empresário Roberto Kolberg, de 33 anos, diretor executivo da Cielo. O piloto Diego Bohrer, 34 anos, que deixa esposa, a jornalista Daniela Meneghotto Bohrer, e o filho Bernardo com quatro anos. Os corpos de Judiciel e Diego foram trasladados para Passo Fundo, onde serão sepultados nesta quarta-feira.
O acidente
O piloto Hildo Tatsch, do Aeroclube de Espumoso, acompanhou os momentos que antecederam a tragédia. “Ele ligou uns cinco minutos antes perguntando se teria como abastecer, para prosseguir a Passo Fundo”. Possibilidade confirmada e, em seguida, o PT-NQS estava pousando na pista de Espumoso. O próprio Hildo abasteceu o avião. O experiente piloto, com 40 anos de aviação, contou que, após uma inspeção, Bohrer iniciou o procedimento para decolagem. “Havia um vento de uns 45º e ele decolou no sentido contrário a cidade. Não recolheu o trem de pouso e acredito que tinha altura para tentar retornar e pousar”. De acordo com Hildo, o Corisco teria estolado (perda de sustentação) “e caiu quase na vertical”. Rapidamente, seguiu de caminhonete até o local. “Uma funcionária do Samu, que mora aqui perto, constatou que eles estavam mortos”, explicou.
Bohrer: um piloto experiente e qualificado
No próximo dia 12 de novembro o Comandante Diego Bohrer completaria 35 anos de idade. Mas em aviação ele tinha muita experiência, acumulando aproximadamente 4.000 horas de voo. Além de piloto da Cielo, Bohrer era instrutor chefe do Aeroclube de Passo Fundo. Além disso, tinha habilitações como Piloto Comercial, IFR (voo por instrumentos) e outras carteiras homologadas. Diego também foi responsável pela instrução para novos pilotos. Era muito respeitado entre os colegas. Para os mais jovens foi um exemplo, como contou emocionado o piloto Osvaldo Nedeff Klaus. “Era um cara experiente, tive aulas com ele, que formou muitos pilotos de Passo Fundo e região. Sabia o que fazia, estava sempre estudando e se atualizando. Mostrava e explicava as novidades da aviação. Tinha um inglês fluente e morou fora do país”. Além dos jovens, para os veteranos Boherer também tinha excelente perfil profissional. Cezar Augusto Mosele destaca que “era um profissional zeloso de todas as regras da aviação. Infelizmente, foi uma fatalidade”.
Corisco é o Arrow brasileiro
O avião acidentado é o EMB 711 Corisco. Trata-se de uma versão brasileira do consagrado modelo Cherokee Arrow II da norte-americana Piper. Através de parceria com a Embraer, é montado pela indústria Neiva. O PT-NQS, acidentado em Espumoso, tinha certificado junto à ANAC com validade até março de 2018. Segundo as informações na área, estaria com as manutenções em dia. O Corisco, com capacidade para quatro pessoas (piloto + três passageiros), é um monomotor com boa aceitação no mercado. O piloto Naerton Luiz Rorato, o conhecido Passarinho, informou que o Corisco tem velocidade de cruzeiro de 260 km/h, autonomia em torno de 4h30 e velocidade de stol (perda) em torno de 48 nós. Cezar Mosele, com mais de 600 horas de comando no modelo, diz que “é uma boa aeronave, com qualidade de voo excelente e, por isso, tem boa aceitação no mercado”.