Limpeza intensificada nos cemitérios

Familiares aproveitam o Dia de Finados para prestar homenagens e realizar cuidados nos túmulos

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Há 25 anos, Paulo Rocha vai mensalmente ao Cemitério da Vera Cruz para fazer a manutenção dos túmulos de seus familiaresHá 25 anos, Paulo Rocha vai mensalmente ao Cemitério da Vera Cruz para fazer a manutenção dos túmulos de seus familiares
Há 25 anos, Paulo Rocha vai mensalmente ao Cemitério da Vera Cruz para fazer a manutenção dos túmulos de seus familiares
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Dias antes do feriado de Finados, celebrado no dia 2 de novembro, histórias se cruzam entre flores e homenagens nos cemitérios de Passo Fundo. Nem o sol quente é capaz de desanimar aqueles que todos os anos limpam os túmulos dos entes queridos que já partiram, como forma de demonstrar o carinho que nunca se foi. Para outros, como é o caso de Leoni Almeida, o cuidado com túmulos serve de sustento. Há 37 anos, o pedreiro trabalha exclusivamente em cemitérios, construindo, principalmente, jazigos – os problemas cardíacos obrigaram-no a diminuir o ritmo das atividades, mas Leoni nunca deixou a profissão totalmente de lado. Quando começou a trabalhar em uma marmoraria, tinha apenas 14 anos e nem fazia ideia de que alguns anos depois assumiria o risco do trabalho autônomo e, futuramente, por meio disto, sustentaria seus três filhos. “Quando comecei era muito diferente, o cemitério não tinha nem a metade do tamanho de agora, mas o movimento era maior. Os familiares começavam os cuidados dois meses antes do feriado”, lembra.
É o trabalho realizado por estes pedreiros que permite um lugar onde pessoas, como Paulo Rocha e sua esposa Maria prestem homenagens e permitam-se sentir a dor e a saudade de alguém. Enquanto pinta o túmulo do sogro, Paulo conta que, há 25 anos, eles frequentam o cemitério para realizar a manutenção. Quando possível, os quatro filhos do casal acompanham os pais, mantendo a tradição da família. “Algumas pessoas vêm somente no Dia de Finados, mas nós tentamos vir todos os meses”, comenta Maria. “É a maneira que temos de mostrar que ainda nos importamos”.
Próximo dali, a aposentada Rosemari Fagundes limpa outros túmulos e varre os arredores, concentrada na limpeza. Junto com a irmã Eliani, Rose – como costuma ser chamada – sempre teve o costume de visitar o Cemitério Municipal Vera Cruz, por ser o local onde a maior parte dos familiares falecidos foi sepultada. A atenção em manter túmulos limpos e flores bonitas, que levam um pouco de cor para um ambiente tão cinza, aumentou há 21 anos, quando perdeu seu pai e, alguns anos depois, quando seu cunhado também faleceu.
No entanto, não são essas as feridas que mais incomodam Rosemari neste ano. Desde que casou, esta é a primeira vez que ela passa o Dia de Finados sem o seu marido. Carlos Alberto foi enterrado há pouco mais de uma semana, vítima de um acidente vascular cerebral. “Éramos só eu e ele lá em casa”, ela comenta. O casal teve duas filhas; hoje, já casadas, moram com suas próprias famílias. “Parece que faz mais de 10 dias, mas ao mesmo tempo eu fico em casa tendo a sensação de que logo ele vai chegar e abrir a porta... Ele sempre foi uma pessoa muito alegre, é impossível não notar a falta dele”. Apesar da dor, junto com sua irmã, ela concentra as forças no capricho dedicado aos túmulos, enquanto continua tentando absorver o que aconteceu. Rosemari comenta que, nos últimos dias, ouviu muitas pessoas falarem que este sentimento presente no peito dela era um bom sinal. “Dizem que saudade é sinal de amor,” ela sorri. “Então que fique o amor”.


Limpeza intensificada
Há duas semanas, a Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria de Transportes e Serviços Gerais, trabalha na preparação e limpeza dos oito cemitérios municipais de Passo Fundo. Segundo o secretário da pasta, Cristiam Thans, os cemitérios que devem receber maior número de visitantes são o da Vera Cruz e o da Petrópolis. Ele diz também que a quantidade de equipes varia conforme a necessidade. Neste ano, três equipes realizam serviços como roçagem, capinação e fechamento de túmulos. Outros tipos de cuidado que se refiram aos túmulos, e não ao terreno em si, são de responsabilidade dos familiares.
Nesta quarta-feira, a Secretaria oferecerá plantão com funcionários, caso haja algum imprevisto ou emergência; disponibilizará areia para preenchimento dos pratos de vasos de flores; e, também, instalará banheiros químicos nos cemitérios com maior número de visitantes. O secretário ressalta que apenas o cuidado dos funcionários não é suficiente, é preciso a colaboração da população, que já vinha sendo orientada a realizar os cuidados com os túmulos antes do feriado, para evitar tumultos. “A gente pede principalmente o cuidado com os vasos de flores, para que não fique água acumulada nos pratos, dando abertura para o risco de proliferação do Aedes Aegypti”.
Equipes da Vigilância Ambiental também estarão de plantão nos cemitérios para orientar e fixar materiais de orientação à população quanto aos cuidados que devem ser tomados. No dia seguinte, eles realizarão checagem em todos os túmulos para garantir que não há acúmulo de água. Os portões dos cemitérios devem ficar abertos em horário normal, das 8 às 20 horas.

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