E aí, tá preparado?

Quando começa a contagem regressiva, o nervosismo aumenta. Manter a calma, diminuir o ritmo de estudos e dormir bem são as principais dicas de professores

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Os grandes e pesados livros que formam uma pilha em cima da mesa de estudo contrastam com as fórmulas, regras gramaticais e esquemas pendurados na parede. O cenário da casa da Regina entrega o jogo, ela se prepara para as provas de vestibular e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O curso que ela quer ingressar é o mais disputado. “Desde criança eu tenho isso de as pessoas me perguntarem: o que tu quer ser quando crescer? Eu quero ser médica”, explica. A estudante, Regina Strochein, que há dois anos faz curso pré-vestibular, já tentou seguir carreira na fisioterapia, mas não era esse o curso almejado.

A rotina é cansativa e muitas vezes ultrapassa 10 horas diárias. São sete horas só no curso pré-vestibular e os estudos seguem noite adentro. A disciplina mais complicada, para Regina, é matemática. Quando questionada sobre o melhor método de estudo, ela explica que nos cursinhos alguém sempre auxilia, mas “o melhor método, isso é muito particular. Cada um se adapta de um jeito. Há o incentivo e a dica para fazer questões de provas anteriores”. Nas semanas finais, a estudante pega as questões das últimas quatro provas e refaz uma por uma.

Quando começa a contagem regressiva, a pressão só aumenta para os estudantes. Junto dela, a sensação de que algo ainda precisa ser estudado. “Parece que sempre tem algo que tu não viu. Ano passado eu fiz loucuras, estava na porta do prédio, quase entrando para fazer a prova, com o caderno revisando o conteúdo. Eu acabava entrando na prova mais ansiada”. Este ano, ela garante que fará diferente, há três dias da prova, não pegará mais os cadernos na mão. “O que eu poderia ter estudado, eu estudei”, exemplifica.

A escolha de Regina de largar os livros alguns dias antes da prova é recomendado por professores de cursos pré-vestibular e de ensino médio. Nara Rubert é professora de literatura do ensino médio há 18 anos, e reforça que se aprofundar em livros de conteúdos específicos pode não ser uma boa ideia para o momento. “O que realmente importa para o Enem é ser um leitor disciplinado. Estar atento ao contexto e o que acontece no bairro, na cidade, até as questões universais. Agora não é o estudo, mas um momento de concentração e de foco. O Enem não privilegia o conteúdo, mas a interdisciplinaridade e a capacidade do sujeito de fazer relações entre os conteúdos. Leitura é sempre muito abrangente e ajuda. Da para ler até a hora da prova, mas é leitura de um modo geral e não conteúdos específicos. Estudar conteúdo de química, de física, autores da literatura, etc, neste momento não é o mais interessante”, orienta.

Outra dica da professora Nara é tentar melhor utilizar os assuntos abordados em disciplinas distintas na hora da redação. “É bom usar elementos de outras competências como enriquecimento da prova de redação. As vezes, uma questão de Enem só está avaliando se o raciocínio não é redundante ou contraditório”. Diminuir o ritmo de estudos e dormir bem para evitar o cansaço no dia da prova, são as principais dicas do professor de matemática, Jefferson Trindade, que há 16 anos atua em cursinho pré-vestibular. Serão quase dez horas de provas, por isso, Trindade sugere que o candidato não aumente o seu ritmo de estudos. "Intensificar a revisão de matérias nessa reta final não deve surtir efeito na prova e possivelmente aumentará o estresse prejudicando o desempenho, não é a hora de virar a noite estudando", destaca.

Além do descanso para a prova, Trindade alerta que é imprescindível ter responsabilidade. Na véspera do Enem, a dica do professor é organizar tudo o que é preciso levar nos dias das provas. "O candidato precisa conferir o horário de fechamento dos portões para evitar imprevistos e saber o local da sua prova com antecedência". Ele ainda ressalta que é indispensável que o candidato leve o seu cartão de inscrição, mesmo não sendo obrigatório, o documento original com foto e caneta esferográfica preta.

Para os candidatos que se preparam durante o ano inteiro, como é o caso de Regina, manter a calma é fundamental. O recado do professor, para os estudantes nesses últimos dias é que eles fiquem confiantes e sigam uma alimentação adequada e o sono em dia. " Na maioria das vezes o estresse vem da insegurança. O aluno precisa confiar na trajetória de estudo".


Tempo e imprevistos
"O tempo de execução da prova é particular de cada candidato. O importante é realizá-la sem pressa para terminar", analisa o professor que ainda destaca que cada questão no Enem vale uma pontuação diferente. “Como você não sabe quanto vale cada questão, a orientação é olhar a prova no geral e identificar as questões mais fáceis, para já eliminá-las. Depois, ir voltando e realizando as questões mais difíceis”.
Os candidatos também devem estar atentos a algumas orientações para evitar imprevistos de última hora. É necessário que o estudante confira o horário de fechamento dos portões e o seu local de prova com antecedência.


Locais de prova
O Exame Nacional do ensino Médio (Enem) 2016 se aproxima e, até a manhã desta quinta-feira (3) o índice de inscritos que consultaram o cartão de confirmação do exame chegou a 78,85%. Isso significa que, no total, 6.802.572 candidatos já sabem onde farão as provas. Quem ainda não consultou o cartão de confirmação ainda tem tempo de conferir os dados na página do participante ou no aplicativo Enem 2016. O candidato não precisa levar o cartão nos dias de provas, mas deve verificá-lo, pois ele contém informações importantes, como o número de inscrição, data, horário e local do exame, opção de língua estrangeira, necessidade de atendimento especializado ou específico (quando houver) e indicação do pedido de certificação do ensino médio, se for o caso. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão vinculado ao Ministério da Educação, tem enviado mensagens eletrônicas regularmente a quem ainda não buscou o acesso ao cartão.


Recomendações alimentares

No dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), cada movimento importa. E, nesse planejamento, as refeições podem ter um papel importante para a manutenção da concentração do candidato. “A alimentação tem efeito crônico no organismo. Isso depende de como o candidato se alimentou na semana, até mesmo no mês do exame: pode ter um efeito positivo ou negativo. Quem consome muita comida industrializada, por exemplo, pode ter prejuízo no rendimento”, comenta o nutricionista André Heibel. O especialista recomenda cortar todo tipo de corante, adoçante e edulcorante. “Esses alimentos prejudicam a concentração. Por outro lado, o suco de uva, por exemplo, é rico em resveratrol, que auxilia na memória. O chá verde tem bastante catequina, ajuda na concentração e no foco”, cita André. Outra dica é usar temperos como açafrão e pimenta do reino nos alimentos, que são antioxidantes e, segundo o nutricionista, protegem o cérebro de lesões por estresse.

No dia da prova, a recomendação para o almoço é pegar leve. “Sugiro consumir uma quantidade menor de carboidratos, comer mais tubérculos, arroz integral e uma boa fonte de proteína, como o salmão, que é rico em Ômega 3”, enumera André. Para o lanche, embora muitos prefiram refrigerantes e salgados processados, a sugestão é levar um chá gelado, castanhas e chocolate 60%. Para quem não dispensa um sabor adocicado, é melhor levar frutas. “De forma geral, o açúcar influencia nas bactérias do intestino, que podem produzir serotonina no cérebro, o que pode gerar sono durante a prova”, explica o nutricionista. A recomendação para os estudantes sabatistas, que começam a prova às 18h do sábado, é associar a alimentação saudável com uma dose de café com leite, para disfarçar o amargor.

Não faltam controvérsias a respeito da prática de atividades físicas nos dias do Enem. Para o nutricionista André Heibel, o exercício não deve ser cortado, desde que feito em ritmo razoável. “Acho que atividade física é muito positiva, libera endorfinas, alivia o estresse. Mas acredito que deve ser algo que o candidato esteja acostumado a fazer rotineiramente, que não interfira na hora da prova”, recomenda.

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