Após declarar emergência, o comandante do avião fretado pela Chapecoense tentou um pouso forçado. A motivação para o procedimento, no entanto, ainda não foi comprovada. Há especulações sobre problemas elétricos e outros fatores. A aeronave era da empresa venezuelana Lamia - Línea Aérea Mérida Internacional de Aviación. Trata-se de uma empresa regional de Mérida, que também atua com fretamentos. O avião tinha quase 17 anos de uso, tempo considerado normal em aviação comercial. Com sequências de procedimentos em manutenções regulares, a vida útil dos aviões não pode ser comparada com a dos automóveis. Utilizando a matrícula CP-2993, o avião era um BAe-146-200, fabricado pela British Aerospace, com capacidade para 85 passageiros de acordo com a configuração e autonomia para voar 3.295km.
Quatro turbinas
Operando com prefixo boliviano, o aparelho de fabricação inglesa foi projetado para voos regionais. O Avro RJ85 (BAe 146-200) é um avião de porte médio, com asa alta e quatro turbinas. A primeira versão foi o BAe 146-100, que foi operado por um curto período no Brasil pela Taba, em 1983. A versão modernizada é o RJ85, lançado em 1992, com muitas inovações. O modelo foi um sucesso de vendas para a British Aerospace, especialmente nas versões cargueiras. Projetado para operar em pistas curtas, é utilizado na aviação regional europeia por grandes empresas aéreas como a Lufthansa. Com velocidade de cruzeiro de 767 km/h, é impulsionado por quatro turbinas Textron Lycoming com 3.500kg de empuxo.
Trâmites na Anac
Contratada pela Chapecoense, a Lamia solicitou à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorização para operar os voos de ida e volta. Os planos apresentados previam escalas, pois a autonomia do modelo não permite voos diretos entre São Paulo e Medellin. O pedido foi negado. Segundo nota da Anac “o acordo com a Bolívia, país originário da companhia aérea Lamia, não prevê operações como a solicitada”. No trâmite para voos não regulares, a empresa solicitou duas opções para o voo de ida, uma via Guarulhos e outra através de Foz do Iguaçu. Segundo a solicitação em análise, o retorno ao Brasil seria por Foz do Iguaçu, onde o trâmite alfandegário antecederia o voo à Chapecó. Como a proposta para a operação de ida foi negada, a opção foi um traslado até à Bolívia. Assim, a delegação seguiu em um avião da empresa boliviana Boa de Guarulhos para Santa Cruz de La Sierra. Na Bolívia o grupo embarcou no avião da Lamia, acidentado em pouso forçado antes de chegar a Medellin.