Redução no consumo e nas reclamações

Balcão do Consumidor de Passo Fundo registra queda de 22,5% no número de reclamações neste ano em comparação com o mesmo período do ano passado

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A crise econômica enfrentada pelo país não afeta apenas o consumo nas grandes metrópoles. O planejamento e a contenção de gastos fizeram parte do cotidiano das famílias passo-fundenses neste ano. Pensar duas vezes antes de qualquer aquisição gera redução no consumo e, consequentemente, no número de reclamações no Programa Estadual de Defesa dos Consumidores (PROCON). No Balcão do Consumidor de Passo Fundo, a redução no número de procedimentos referentes a reclamações registradas chegou a 22,5% quando comparado ao mesmo período de 2015.
O Balcão do Consumidor, um projeto de extensão da Universidade de Passo Fundo (UPF), em parceria com a Prefeitura Municipal de Passo Fundo, o PROCON do Rio Grande do Sul e o Ministério Público Estadual, trabalha como mediador nas relações de consumo nas cidades de Passo Fundo, Carazinho, Soledade, Lagoa Vermelha, Casca e Sarandi. Em funcionamento desde 2006, este é o primeiro ano em que o serviço registra queda na procura, conforme explica o diretor da Faculdade de Direito da UPF e coordenador do Balcão, Rogério da Silva. Segundo os dados disponibilizados pelo coordenador, em 2015, entre os meses de janeiro e novembro, o Balcão do Consumidor atendeu 10.590 procedimentos, contra 8.220 no mesmo período de 2016. “É importante avaliar que essa redução não está vinculada à melhoria do serviço de defesa do consumidor em Passo Fundo, até porque o sistema ainda tem muitas deficiências e merece ser melhorado. Isso se deve à queda do consumo nacional. As pessoas estão comprando menos e, efetivamente, surgem menos problemas até os órgãos de defesa do consumidor”, salienta.
Embora seja comum o aumento no número de vendas em estabelecimentos comerciais com a proximidade de festividades como o Natal e o recebimento do 13º salário, uma pesquisa realizada pelo próprio Balcão do Consumidor indica que neste ano as famílias tendem a se conscientizar um pouco mais e evitar gastos em excesso. Nesta pesquisa, feita por meio de enquete com pouco mais de 100 trabalhadores com carteira assinada, 49% afirmaram que usarão o 13º salário em novas compras, enquanto 26% pouparão para despesas futuras e 25% usarão o dinheiro para pagar contas atrasadas. Rogério acredita que, sendo assim, por mais que novas reclamações devam ser registradas até o final do ano, o número não será suficiente para superar os dados do ano anterior. “Há sempre um aumento por questão do acesso financeiro, do impulso e da forte campanha de marketing. Isso leva as pessoas a comprarem mais no fim do ano, mas a gente percebe que houve uma retração clara”, o coordenador do projeto complementa.
Mestre em Ciências Contábeis e coordenador do curso de Administração da IMED, Adriano José da Silva comenta que, em momentos de crise, as pessoas procuram fazer pequenos consertos ao invés de comprar produtos novos e correrem o risco de endividamento. “As famílias não vão deixar de comprar neste período, mas vão comprar produtos de menor valor agregado, vão fazer muita pesquisa de preço e deverão usar muito seu décimo terceiro salário para poder saldar débitos e limpar seu nome. Nós vamos observar um movimento de produtos não de grife e sim mais populares”.
Na percepção de Adriano, o primeiro semestre de 2017 deve manter situação econômica semelhante, havendo maior cuidado dos brasileiros na hora de consumir. “A tendência para o ano que vem é recuperar um pouco a economia, mas somente a partir do segundo semestre. Nós teremos um primeiro semestre mais truncado, em função da demora da aprovação do ajuste econômico e da melhora do cenário externo. Então a gente vai sentir a melhora mesmo a partir do segundo semestre. Uma melhora, mas não uma expectativa de um crescimento mais robusto”, avalia.

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