Calor favorece o aparecimento de taturanas e escorpiões

Laboratório de Entomologia da UPF já recebeu uma colônia de taturanas vinda de Marau. Até o momento não há registro de acidentes com as lagartas

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Durante o dia, as taturanas ficam no tronco das árvores aglomeradas em colôniasDurante o dia, as taturanas ficam no tronco das árvores aglomeradas em colônias
Durante o dia, as taturanas ficam no tronco das árvores aglomeradas em colônias
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As temperaturas mais altas aceleram o metabolismo de boa parte dos insetos. Por isso, neste período, são mais comuns os acidentes com lagartas, aranhas e escorpiões, por exemplo. O cuidado precisa ser redobrado tanto em casa, quanto em locais abertos, como praças, parques e bosques. Na região, já foi identificada uma colônia de taturanas no município de Marau. As lagartas foram encaminhadas para o Laboratório de Entomologia do Instituto de Ciências Biológicas da UPF que confirmou que se tratavam da espécie Lonomia obliqua, a que apresenta a toxina mais perigosa. Apesar da ocorrência das lagartas, o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) ainda não registrou casos de acidente.

A pesquisadora e professora da UPF Lisete Lorini explica que as lagartas entregues no laboratório não causaram nenhum acidente, embora sejam da espécie mais perigosa. As lagartas são a fase imatura de um tipo de mariposas e que elas ocorrem na natureza especialmente neste período mais quente. O inseto tem quatro fases de vida: a fase de ovo, a de larva, que é a lagarta, a de casulo e a fase adulta que é a mariposa que emerge a partir da primavera. “Essas mariposas vão acasalar, a fêmea vai colocar os ovos e em torno de 30 dias vão eclodir as lagartas que começam a ocorrer na natureza nesse período mais quente que vai até março. Com esse inseto a única fase perigosa é a de lagarta, por isso que os acidentes podem ocorrer no verão”, complementa.

Ocorrência
O verão acelera o metabolismo da maioria dos insetos e, a partir da primavera, há na natureza a dieta pra essas lagartas que são as folhas de mais de 30 espécies de plantas das quais elas se alimentam. Elas podem estar tanto em jardins, quanto em praças e parques ou áreas rurais. Elas também gostam de plantas frutíferas, como pereira, abacateiro, pessegueiro e amoreira. Além disso, gostam de ipê e do plátano, que é a preferida da espécie. Os plátanos estão bastante presentes tanto na cidade, quanto no interior onde são plantados próximos a residências ou aviários, por exemplo, pela sombra que proporcionam.

Cuidados
A pesquisadora explica que é difícil prevenir a ocorrência de lagartas, mas é possível evitar que os acidentes ocorram. “As pessoas devem sempre observar o tronco das árvores, porque durante o dia elas ficam aglomeradas, elas são gregárias e ficam numa colônia no tronco das árvores das quais elas se alimentam”, explica. Como elas são mariposas, todo o comportamento delas é noturno. Por isso, durante o dia elas ficam no tronco das árvores, principalmente no lado onde há mais sombra e à noite elas sobem para se alimentar das folhas.

É possível observar uma mancha escura onde elas estão, porém, dependendo do tipo de árvore pode ser mais difícil de identificar a colônia. Isso porque elas têm cores muito parecidas a de alguns tipos de plantas, como as pereiras, por exemplo. “Elas não picam, não saltam, não agridem. Elas só causam problema se a pessoa entrar em contato ao se encostar na árvore e pressionar a colônia. Elas têm espinhos pelo corpo todo que é por onde elas liberam a toxina”, explica.

Acidentes
Quando a pessoa entra em contato com a lagarta Lonomia obliqua, ela pode nem perceber. Isso porque no local pode não haver sinal algum ou ocorrer apenas uma leve ardência ou coceira. Os sintomas podem aparecer até três dias após o contato. “A toxina é bem forte e destroi a coagulação sanguínea. A pessoa pode manifestar manchas roxas pelo corpo como sinal de hemorragia interna, pode sangrar por algum ferimento, pela gengiva, ou mesmo pela abertura onde vai o brinco”, alerta a professora.

Outras lagartas parecidas ou da mesma família da taturana podem causar ardência, bolhas e deixar braços ou pernas vermelhos devido a ação da toxina. Isso acaba assustanto as pessoas, mas elas não tem a toxina tão forte quanto a da Lonomia obliqua. “Se a pessoa teve contato com alguma lagarta e não sabe direito, ela deve voltar no local e verificar. Se tiver a presença da lagarta pode coletá-la”, orienta indicando que assim fica mais fácil identificar a espécie.

Recolhimento de colônias
A indicação é para que quando a pessoa identificar uma colônia de lagartas ela a recolha, com todo o cuidado, e a encaminhe para a identificação, que pode ser feita pelo laboratório da UPF. A pessoa que for recolher deve usar luvas e uma pinça ou uma vareta mesmo, e colocar jornais ou um plástico no chão, próximo à planta onde elas estão. Com um frasco de abertura larga, as lagartas podem ser colocadas dentro dele com o auxílio da vareta e aquelas que eventualmente caírem sobre o plástico ou o jornal podem também ser recolhidas. O frasco deve ser tampado e encaminhado ao Instituto de Ciências Biológicas da UPF onde é identificado e as pessoas recebem o retorno sobre a identificação da espécie.

Escorpião
Outra espécie que causa preocupação nesta época é o escorpião. O verão, assim como acontece no caso da taturana, também acelera o desenvolvimento dos artrópodes como escorpiões e aranhas. Neste período as pessoas devem estar mais atentas aos locais onde circulam e devem cuidar onde deixaram calçados e verificar antes de calçá-los. Os escorpiões podem se proliferar especialmente em locais onde há entulho, lixo ou materiais de contrução acumulados.

Na região é mais comum a ocorrência do escorpião escuro ou preto, como é popularmente conhecido. Ele não apresenta uma toxina tão grave quanto os escorpiões de cor mais clara, também conhecido como escorpião amarelo. Este último aparece principalmente quando vêm de outras regiões. Mesmo assim, nos últimos cinco anos a espécie tem sido encontrada no Estado, trazida junto com cargas que chegam aqui de outras regiões do país. O escorpião da espécie mais perigosa pode se reproduzir, inclusive, sem a presença do macho. A fêmea é capaz de gerar diversos descendentes sem acasalar.

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