O aumento da produtividade média das culturas, em recuperação às condições climáticas desfavoráveis da safra passada, deve elevar em 15,3% a produção de grãos no Brasil na safra 2016/2017, comparada à safra anterior. A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de uma colheita de 215,3 milhões de toneladas de grãos; em 2015/2016 a produção foi de 186,7 milhões de toneladas. Já as previsões do terceiro prognóstico para a safra deste ano, que constam no Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam para um crescimento de 16,1% na safra deste ano em relação a do ano passado. Se for confirmada a expectativa, será a maior safra brasiliera da história com 213,7 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas. A distribuição regional esperada da produção de grão é de de 73 milhões no Sul e 75,1 milhões no Centro Oeste (as duas regiões respondem juntas por 80% de toda a safra brasileira de grãos).
A boa resposta da agricultura ao momento econômico é semlhante na região de Passo Fundo. De acordo com o engenheiro agrônomo da Emater, Cláudio Doro, a análise até este momento é que, se persistir a condição climática favorável, haverá uma supersafra. “É muito cedo para fazer um prognóstico, porque estamos na metade do clico da soja. O milho já está mais garantido, uma vez que está adiantado, em fase de enchimento do grão. Com a chuva desse mês já encerramos a safra. E praticamente dá para comemorar como uma supersafra”, explica.
No brasil, o milho primeira safra deverá alcançar 28,4 milhões de toneladas, com um aumento de 9,9% frente à safra 2015/16 e ampliação de 3,2 % na área, conforme a Conab. No Rio Grande do Sul, o milho teve um crescimento de área de 8,9%. Já na região de Passo Fundo, de acordo com levantamento da Emater RS, foram plantados 80 mil hectares do grão ea expansão da área foi de 5% em relação ao ano anterior. A expansão do milho é explicada pela excelente safra do grão no ano passado, segundo o engenheiro agrônomo. “O produtor se baseia muito na safra do último ano. A saca do milho foi vendida acima dos 40 reais e proporcionou, ao produtor, uma margem de lucro maior do que a soja. Por isso houve aumento da área plantada”, salienta.
Soja
A projeção da Conab de crescimento na produção de soja é de 8,7%, podendo atingir 103,8 milhões de toneladas. A área cresceu 1,6.%. Na região de Passo Fundo, houve expansão de 0,9% na área plantada. Foram 575 mil hectares de soja plantados, segundo estima a Emater. A situação da soja pode ficar delicada no norte do RS se as chuvas não diminuirem. Em apenas nove dias, o mês de janeiro já alcançou 96% da média de chuva esperada para todo o período, conforme dados da Estação Meteorológica da Embrapa Trigo/Inmet. O acumulado do mês já de 144mm.
O especialista afirma que a chuva acima da média é positiva para a lavoura, mas já está chovendo em excesso. “São três fatores que influenciam na soja: a chuva, a temperatura e a luz. Com os dias nublados, está faltando luz para realizar o processo de fotossíntese. Essas chuvas em excesso podem causar erosão, o adequado para as safras seria uns quatro dias de sol a partir de hoje. O solo não tem capacidade de absorver toda essa chuva”, eplica. A previsão do tempo marca que a chuva deve dar trégua apenas na quinta e na sexta-feira, mas, na previsão estendida, há indicativos de que retorne já no fim de semana conforme a Embrapa Trigo.
Neste momento a soja está no estágio de crescimento e floração, conforme Doro. Depois, ainda há o período da formação de vagem, o enchimento de grão e a maturação. São aproximadamente 60 dias para a colheita, que geralmente é feita em março. “A soja está muito dependente de chuva daqui para frente. Até o momento, podemos afirmar que é uma das melhores lavouras que tivemos nos últimos 10 anos. Porém deve depender de chuva dos próximos meses”, enfatiza.
Preços
Os preços estão parados pela projeção de safra cheia na América Latina - o que é ruim em termos de preço. Outra questão é o preço do dólar que, de acordo com Doro, não está favorecendo os produtores. “Vai depender de continuar o regime bom de chuva, não tanto quanto agora, e do câmbio, do dólar se valorizar diante do real. Aí teremos um preço melhor. Se não houver esses fatos novos, o preço deverá ficar nesse patamar de preço que não agrada o produtor”, afirma.
Indicadores (ESALQ/BM&FBOVESPA)
Milho 9/1 R$35,75
Soja 9/1 R$74,06
Para o produtor rural
O produtor deve ficar atento para o monitoramento das lavouras, de acordo Cláudio Doro. “A condição climática de mais de 18°C e mais de 6h de molhamento superficial das folhas é proprício para a ferrugem asiática. É uma doença que se manifesta depois da floração, então os agricultores devem estar atentos”, esclarece.