Fenômeno pode perder força a partir de fevereiro

Popularmente conhecido por ser o inverso do fenômeno El Niño, La Niña tem peculiaridades ainda pouco conhecidas

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Fenômeno La Niña pode perder força já a partir de fevereiro e a maior parte de 2017 pode transcorrer em período de neutralidade das águas do Pacífico EquatorialFenômeno La Niña pode perder força já a partir de fevereiro e a maior parte de 2017 pode transcorrer em período de neutralidade das águas do Pacífico Equatorial
Fenômeno La Niña pode perder força já a partir de fevereiro e a maior parte de 2017 pode transcorrer em período de neutralidade das águas do Pacífico Equatorial
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A formação do fenômeno meteorológico La Niña, confirmada recentemente, tem características peculiares neste ano. Além de institutos de meteorologia apontarem que ele tenha intensidade fraca, ele deverá ter seu tempo de duração bem abaixo do esperado. Há indicativos de que a partir do próximo mês ele possa começar a perder força e a maior parte de 2017 transcorra dentro de um período de normalidade. Com isso, outros fatores terão maior influência no clima. Apesar do que se sabe até o momento, o La Niña ainda é menos conhecido do que o El Niño. Apesar de popularmente serem conhecidos como opostos, essa situação não é completamente correta.

O agrometeorologista da Embrapa Trigo Gilberto Cunha explica que ambos os eventos, La Niña e El Niño, e seus efeitos, começaram a ser mais estudados a partir da década de 1980. No entanto o El Niño sempre foi o lado mais conhecido e se criou o raciocínio de que um seria o contrário do outro. Isso não é totalmente errado, mas também não é completamente correto. “No El Niño as águas de superfície do Pacífico Equatorial estão aquecidas até 4ºC acima da temperatura média normal, em casos de eventos fortes, já no La Niña podem ficar até 2ºC abaixo da temperatura normal”, introduz.

No entanto, a proporção da influência entre um e outro é diferente. O El Niño pode causar volumes de chuvas até três vezes superior às quantidades normais. Já com o La Niña o contrário não poderia acontecer. “A influência do El Niño no clima é muito mais conhecida do que o La Niña. Desde os anos 1980, quando se passou a estudar de forma mais intensa o impacto desses fenômenos, ocorreram muito mais El Niños do que La Niñas”, esclarece. Por isso, os efeitos e a influência do fenômeno ainda traz muitas incertezas. No entanto, se sabe que não é possível associar o La Niña a fortes secas. Cunha explica que as principais estiagens em 1990 e 91 e 2004 e 2005 não ocorreram em anos de La Niña, mas em anos de neutralidade.

O La Niña reduz chuvas na primavera e verão enquanto o El Niño é responsável pelo aumento do volume. Mas nem sempre isso representa um impacto negativo. Para as culturas de inverno, por exemplo, uma menor quantidade de chuva pode ser benéfica.

Um evento diferente
Neste ano, o La Niña se caracteriza por ser um evento diferente dos anteriores. Além de ser considerado de fraca intensidade, ele tem uma projeção de ciclo de vida muito curto. “Normalmente fenômenos El Niño ou La Niña, uma vez estabelecidos, atuam entre um ano e um ano e meio. E esse La Niña se estabeleceu no segundo semestre de 2016 e estaria encerrando o seu ciclo, segundo o último Boletim de Previsão Climáticas dos EUA que foi divulgado no último dia 12, a partir de fevereiro”, pontua Cunha. A duração desses fenômenos no Pacífico Equatorial é definida pelas condições das correntes marítimas e atmosféricas.

Com o indicativo de um fenômeno de menor duração neste ano, as águas do Pacífico deverão estar em condição normal e isso deve predominar por grande parte de 2017. “Significa uma dificuldade em projeções e perspectivas de clima num prazo mais longo. Elas se tornam mais erráticas e a maioria dos prognósticos acaba apontando para os valores médios”, complementa.

Outros fatores
Com isso a influência maior no comportamento do clima passa a ser de outros fatores. Um dos principais é a temperatura de superfície das águas do Oceano Atlântico junto à costa do sul do Brasil. Quando a água está aquecida, ela proporciona um grande aporte de umidade na atmosfera e chuvas mais regulares e abundantes, mesmo no verão sob o domínio de La Niña. Mesmo assim, não se pode abandonar a preocupação quanto aos indicativos de chuvas abaixo do normal nos meses de fevereiro e março.

Lavoura
Até o momento, apesar da preocupação, os levantamentos indicam que a situação das lavouras está boa. Mesmo com a possibilidade de redução de chuvas a partir de fevereiro, que pode diminuir a incidência de doenças, não se pode eliminar a necessidade de vistoria em lavouras. Principalmente a partir de agora os agricultores devem estar atentos para o surgimento da ferrugem em soja.

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