Seja por amor aos animais, preocupação com o planeta ou preferência por uma vida mais natural, a adesão da população mundial ao vegetarianismo cresce cada vez mais e levanta questionamentos éticos. De modo geral, pessoas vegetarianas são aquelas que não comem carne, mas as classificações são mais amplas, dependendo dos tipos de alimentos de origem animal excluídos na dieta e de outras escolhas relacionadas aos diretos dos animais.
Há quem denomine “semivegetarianos” aqueles que excluem o consumo de outros tipos de carne de sua dieta, mas continuam comendo peixe, enquanto outros alegam que isto, por si só, os exclua de qualquer classificação vegetariana. Os que consomem leites e ovos são os chamados “ovolactovegetarianos”. Se a dieta inclui leite e derivados entre os produtos de origem animal, mas não ovos, estes são classificados como “lactovegetarianos”. Se o oposto ocorre – exclui-se o leite e mantém-se o consumo de ovos –, são “ovovegetarianos”. “Vegetarianos estritos” são aqueles que não utilizam nada de origem animal em sua alimentação. No último grupo, estão os “veganos”, considerados mais radicais por algumas pessoas: além de não consumirem produtos de origem animal na alimentação, também não compram produtos de empresas que realizem testes laboratoriais em animais, não adquirem vestimentas feitas com partes de animais, como é caso do couro, e não participam ou compactuam com formas de entretenimento que usem animais – circos, zoológicos e apresentações em parques temáticos, por exemplo. É uma concepção de valores abolicionista, que crê na igualdade entre as espécies.
No Brasil, os dados oficiais mais recentes a respeito do número de pessoas declaradas vegetarianas datam do ano de 2012, de uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) nas capitais e regiões metropolitanas do país. À época, 15,2 milhões de brasileiros se declaravam vegetarianos e este número equivalia a 8% da população do país. A capital gaúcha ficava na 10ª posição na classificação das cidades com maior número de adeptos ao vegetarianismo, com 84 mil e 700 pessoas. São Paulo estava em primeiro lugar, com 792 mil e 120. O número não sofria grande diferenciação por gênero, tendo praticamente o mesmo número de homens e mulheres, mas trazia resultados diferentes tratando-se da faixa etária. No grupo de pessoas com idades entre 65 e 75 anos, o percentual era de 10%. Já entre os jovens de 20 a 24 anos, e homens e mulheres de 35 a 44 anos, o percentual era ligeiramente menor (7%).
Estudante de Nutrição, Claiti Cortes faz parte deste índice. Ela decidiu cortar carnes, leites e ovos do seu cardápio após ler o livro “Ética da Alimentação”, do autor australiano Peter Singer. Grande defensor dos animais, o autor e filósofo expõe na obra o modo como a alimentação humana impacta a vida de outros seres e o meio ambiente. “Logo após ler, não pude mais ficar indiferente a toda barbárie causada pela indústria de alimentos de origem animal, tanto pelo sofrimento infringido a outros seres vivos como pela destruição do planeta”. Entre os estragos ambientais, ela cita o desmatamento, emissão de gazes tóxicos, desperdício da água e poluição.
Vegetarianismo: entenda a escolha
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