As chuvas bem distribuídas dos últimos meses e a confirmação de um evento La Niña de baixa intensidade são fatores que têm animado os produtores rurais do Rio Grande do Sul. Isto porque o bom resultado da safra das duas principais culturas de verão da região, o milho e a soja, depende muito de chuvas constantes, que atendam a demanda de água das plantas.
O engenheiro agrônomo Cláudio Doro explica que o único período que afetou ligeiramente e de maneira negativa as lavouras de milho – a soja não sofreu danos – foram os quinze dias de pouca chuva em dezembro. Por isso, pode-se considerar que as condições climáticas têm se mantido muito boas, mas para que a safra deste ano supere a de 2016 é necessário que as pancadas de chuva permaneçam constantes. De acordo com ele, a soja está num período crítico, de floração e formação de vagens, e neste período ela chega a consumir de 6 a 7 milímetros de chuva por dia. A partir de agora, o ideal para a confirmação de uma supersafra é que a região registre chuvas de 40 a 50 mm por semana, bem distribuídas. “Por enquanto, a expectativa é boa, porque o padrão das lavouras é muito bom, mas tudo depende da chuva”, reforça. Doro também comenta que o plantio de soja na região foi um pouco maior neste ano, o que, por consequência, auxiliará numa safra ligeiramente maior se o clima transcorrer conforme o esperado. “Com o milho, estamos trabalhando com uma produtividade de 150 sacos por hectare. Já com a soja, a produtividade é de 55 sacos por hectare”.
Segundo o observador meteorológico da Embrapa Trigo/Inmet, Ivegndonei Sampaio, é muito provável que a expectativa positiva se confirme: a precipitação desta segunda-feira, quando choveu 20 mm em apenas quinze minutos, deve retornar nos próximos dias. Até então, já foram registrados 195 mm de chuva, superando a média esperada para o mês, de 150 mm. O volume é também maior que o registrado em todo o mês de janeiro do ano anterior, quando choveu 190 mm. “A gente vai ter, a partir de terça-feira, novas áreas de instabilidade que irão provocar pancadas de chuva por vezes forte, com trovoadas, rajadas de vento de moderada a forte intensidade e possibilidade de queda de granizo em pontos isolados”. A previsão também indica risco de temporal na quarta-feira, quando uma massa de ar frio e seco provocará ligeiro declínio na temperatura à noite. A temperatura volta a se elevar no sábado e a chuva retorna no domingo.
Ferrugem asiática
O calor e a umidade são condições propícias para o ataque da ferrugem asiática, que pode causar perdas de 10 a 90% na produtividade das lavouras atingidas. Felizmente, neste ano a ferrugem não tem sido problema para os produtores. De acordo com Cláudio Doro, a baixa incidência de problemas é resultado da precaução dos produtores. “Eles já adquiriram bem cedo os defensivos agrícolas para fazer a aplicação. A maioria já fez uma aplicação preventiva e está fazendo a segunda aplicação agora. Então a ferrugem nem chega a se instalar porque as lavouras estão protegidas”. A aplicação preventiva também tem mantido outras pragas, principalmente lagartas, longe das lavouras. “No aspecto fitossanitário da cultura, está tudo indo muito bem. É um padrão muito bom de lavoura. Tanto é que se você andar nas estradas, onde têm plantações, você vai observar um mar verde. Aquele soja verde-escuro, que denota boa sanidade”, observa.
Previsão para os próximos dias
As novas áreas de instabilidade, que devem provocar pancadas de chuva e possibilidade de queda de granizo nesta terça-feira, resultam também em um dia nublado a encoberto, com temperatura mínima de 17°C e máxima de 27°C. A quarta-feira, nublada a encoberta, com pancadas de chuva por vezes forte e trovoadas, não deve passar dos 28°C durante o dia. À noite, a temperatura entra em ligeiro, devido à chegada de uma massa de ar frio e seco na região. Na quinta feira, as temperaturas ficam entre 15°C e 26°C. Ainda sob influência da massa de ar, a sexta-feira deve registrar mínima de 14°C e máxima de 25°C, com baixa umidade relativa do ar durante a tarde. A temperatura volta a se elevar no sábado.
