Hospitais da região receberão recursos atrasados

Os repasses do governo do Estado irão contemplar instituições de Passo Fundo, Palmeira das Missões, Carazinho, Sananduva e Tapejara

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Anúncio de quitação da dívida foi feito na manhã de ontem no Palácio PiratiniAnúncio de quitação da dívida foi feito na manhã de ontem no Palácio Piratini
Anúncio de quitação da dívida foi feito na manhã de ontem no Palácio Piratini
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Cerca de 50 hospitais filantrópicos, públicos e santas casas do Rio Grande do Sul receberão, a partir desta segunda-feira (20), mais R$ 200 milhões referentes a repasses de incentivos estaduais pendentes. Com isso, o governo do Estado liquida as dívidas com as instituições que somavam R$ 276 milhões desde 2016. O anúncio ocorreu em solenidade no Salão Negrinho do Pastoreio, no Palácio Piratini.

Entre as instituições, receberão verbas atrasadas o Hospital Santo Antônio de Tapejara, o Hospital de Caridade de Carazinho, a Associação Hospitalar de Caridade de Palmeira das Missões, o Hospital Beneficente São João de Sananduva, o Hospital da Cidade e o São Vicente de Paulo de Passo Fundo.
A dívida com mais de 220 hospitais começou a ser paga em janeiro deste ano, priorizando quem presta atendimento pelo SUS. Foi feito o repasse total de R$ 76 milhões para 174 instituições. 
A partir de agora, outras 49 com dívidas acima de R$ 800 mil terão acesso aos recursos. O pagamento foi possível graças a uma linha de crédito obtida no Fundo de Apoio Financeiro e de Recuperação dos Hospitais Privados sem Fins Lucrativos (Funafir), a ser pago pelo governo em 18 parcelas até novembro de 2018.

Com o pagamento das dívidas, de acordo com o SindiSaúde de Passo Fundo, os hospitais que enfrentavam dificuldade para realizar o pagamento dos salários conseguiram quitar o débito com os trabalhadores quase que integralmente. Em Palmeira das Missões e Lagoa Vermelha os funcionários chegaram a paralisar as atividades em dezembro de 2016. Em Lagoa Vermelha o pagamento de salários está em dia. Já em Palmeira das Missões, conforme a diretora de Finanças do SindiSaúde, Maria Tedesco, os trabalhadores da saúde receberam o salário de janeiro e a previsão da instituição é de pagar o décimo, as férias e a diferença de três meses que está em débito, até o fim deste mês. Maria enfatiza que o cenário de dívidas inclui redução nos quadros de funcionários, muitos pedidos de demissão e greves. Com os recursos do governo, a estimativa é que se dê uma “pequena equilibrada” nas contas, conforme a diretora.

Orçamento do Estado
O secretário da Saúde, João Gabbardo dos Reis, apresentou os números do orçamento mensal da área, que conta com R$ 168 milhões para honrar com os 12% a serem cumpridos por lei para repasse aos municípios. Conforme Gabbardo, a cota mensal atualmente é consumida com compromissos assumidos por gestões anteriores, somando cerca de R$ 220 milhões - o que resulta em mais despesa do que receita. "Não temos como diminuir os compromissos, mas esperamos que os hospitais fechados por conta de atrasos voltem a abrir e atender a população. Mensalmente temos que escolher o que priorizar, segundo a disponibilidade, e isso gera dívidas", avaliou Gabbardo. "Assistimos ao caos na saúde pública porque não temos recursos, mas tenho esperança que o Plano de Modernização do Estado traga equilíbrio às áreas essenciais", acrescentou.

O presidente da Federação das Santas Casas, Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Estado, André Emílio Lagemann, agradeceu o esforço das secretarias da Saúde e da Fazenda para regularizar as pendências. "A crise, que também nos atinge, exige malabarismos. Estamos fazendo os ajustes possíveis e olhamos para frente para construir alternativas conjuntamente", disse.

O secretário da Fazenda ressaltou a preocupação do governo do Estado em não gerar mais passivos às próximas gerações, lembrando a diminuição da destinação de recursos pelo governo federal aos estados. O financiamento pelo Funafir foi negociado para ser liquidado até o final da gestão.

Repasses garantidos
Para garantir os recursos, cada instituição deve apresentar a documentação necessária em agências bancárias do Banrisul para aderir ao financiamento, que será pago inteiramente pelo governo. Em 48 horas, o montante é liberado mediante avaliação. Segundo o banco, já na sexta-feira passada, metade dos 49 hospitais havia garantido o dinheiro. O incentivo estadual é para apoio a programas específicos de acordo com a capacidade e perfil das instituições, sendo dirigidos a serviços como gestante de alto risco, casa da gestante, mãe canguru, leitos de saúde mental, entre outros. O pagamento de serviços como exames e consultas, feito com recursos federais, está rigorosamente em dia.

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