A soma de todos os bens e serviços produzidos no país – também conhecido como o Produto Interno Bruto (PIB) – fechou 2016 com uma queda de 3,6%. Em 2015, a economia brasileira já tinha recuado 3,8%. Segundo dados divulgados ontem (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB de 2016 ficou em R$ 6,3 trilhões. De acordo com a instituição, os números de 2015 e 2016 representam a maior recessão desde 1947. Mesmo que em outros anos já tenha sido registrada uma retração maior de 2016, nunca a economia brasileira somou 7,2% de queda em um biênio.
"Em outros períodos, algumas atividades econômicas davam uma segurada na economia. Nesse biênio, foi disseminado na economia toda, o que não é muito comum de acontecer. Serviços foram muito afetados, o que não acontecia muito", explicou a coordenadora de Contas Regionais do IBGE, Rebeca Palis. O resultado negativo dos dois anos fez o PIB do país voltar para o patamar registrado no terceiro trimestre de 2010, segundo o IBGE. No último trimestre de 2016, o PIB recuou 0,9% em relação ao trimestre anterior e caiu 2,5% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), Heitor José Müller, considerou o atual período econômico o “pior da história do Brasil”. Mesmo assim, ele disse haver perspectivas para o futuro. “Trabalhamos em uma quase estabilidade. Espera-se para o segundo semestre desse ano um aumento pequeno do nosso PIB, mas o simples fato de haver reversão de uma queda de 3,6% no ano passado para um possível crescimento de 0,5%, já é uma vitória”, disse.
Müller explica que a queda forte do PIB da indústria brasileira (3,8% no ano passado) é resultado de uma antecipação de compras tendo em vista alguns programas feitos em governos anteriores para aumentar o consumo, com financiamento barato e longo prazo. Em um segundo momento, como explicou, ocorreu um ajuste com retração nas compras e no consumo. “O que se vê para o futuro de uma forma positiva, em primeiro lugar, é que atualmente não existe estoque na indústria. Além disso, as fábricas estão com capacidade ociosa e há espaço para produzir sem grandes investimentos. Essas são as boas notícias, vamos ver se isso realmente acontece de uma forma mais significativa a partir do segundo semestre de 2017”, conclui.
Agropecuária é setor com maior queda
O setor da economia que sofreu a maior queda em 2016 foi a agropecuária, com uma contração de 6,6%. Na indústria, a queda foi de 3,8%. O segmento de serviços teve um recuo de 2,7%, segundo o IBGE. Se analisado apenas o quarto trimestre, houve queda na indústria (-0,7%) e nos serviços (-0,8%) em relação ao terceiro trimestre do mesmo ano. Nessa base de comparação, houve crescimento de 1% na agropecuária. Já na comparação do quarto trimestre com o mesmo período de 2015, todos os setores caíram, com destaque para o recuo de 5% na agropecuária. Indústria e serviços apresentaram retração de 2,4%. Durante o ano de 2016, o desempenho negativo da agropecuária se deveu ao desempenho da agricultura. Já a indústria contou com uma queda de 5,2% na construção e de 2,9% na indústria extrativa mineral. Houve resultados positivos nas atividades de eletricidade e gás, esgoto e limpeza urbana com crescimento de 4,7%. Os serviços foram puxados para baixo pela recuo do comércio, de 6,3%, e pelo resultado negativo dos outros serviços, de -3,1%. Atividades imobiliárias avançaram 0,2%.