Indícios de recuperação na geração de emprego

Os saldos positivos do Caged de fevereiro trazem esperança, mas de acordo com economista ainda é cedo para confirmar um cenário de recuperação

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Em Passo Fundo, saldo positivo foi de 140 vagasEm Passo Fundo, saldo positivo foi de 140 vagas
Em Passo Fundo, saldo positivo foi de 140 vagas
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O número de empregos formais no Brasil teve saldo positivo de mais de 35 mil vagas em fevereiro. Foi o primeiro crescimento do mercado de trabalho desde abril de 2015. Passo Fundo acompanhou o ritmo de crescimento no país. Depois de dois meses com a geração de emprego no negativo, a cidade voltou a apresentar resultados positivos. Em fevereiro, o saldo, que é o resultado das contratações menos o número de demissões, foi de 140 vagas. Foram criados 2.240 novas vagas e 2.100 postos de trabalho fechados. Em dezembro de 2016, o saldo havia sido de -297 e em janeiro deste ano essa diferença foi de -82. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho.

Apesar de a estatística ter acendido uma esperança de recuperação da economia em muitas pessoas, o economista e professor da UPF, Julcemar Zilli, afirma que ainda é cedo para qualquer conclusão. “É um indicador que demonstra que a economia quer apresentar resultados positivos, mas como a perda foi muito grande nos últimos meses, nós ainda precisamos esperar alguns meses para ver se isso foi apenas algo bem esporádico ou se, realmente, vai ser algo constante [mais emprego]”, explica.

A cautela do especialista, em falar sobre retomada do emprego, corrobora com as estatísticas na comparação sazonal com 2016. Os números do último mês são menores do que os registrados no mesmo período do ano passado. Em fevereiro de 2016, foram 297 vagas positivas como saldo. Na ocasião, o setor do comércio criou 235 vagas como saldo. Neste ano, o comércio começou o ano com mais demitidos do que admitidos: a diferença foi de 114 postos de trabalho. No segundo mês do ano, o comércio mostrou sinais de recuperação. Foram 674 contratados e 648 demitidos, apresentando um resultado positivo de 26 empregos.

A menor oferta de vagas no setor pode ser explicado por dois fatores de acordo com Zilli. Primeiro porque o comércio tende a sentir os impactos da recessão tardiamente. A primeira afetada pelo fenômeno é a indústria. Assim que sente o problema, ela começa a demitir e, em contrapartida, é a primeira a se recuperar. O professor explica que o setor do comércio é um dos últimos a sentir a retração e, por consequente, um dos últimos a se erguer. “A partir do momento em que as pessoas voltam a estar empregadas elas terão renda para gastar no comércio e no varejo de uma forma geral”, pontua o economista.

O outro fator é a cautela dos lojistas. “Tem muitas pessoas esperando para ver o que vai acontecer, que ainda estão inseguros em contratar. A partir do momento em que essas informações de recuperação começarem a aparecer, o varejo começa a recontratar. Até porque daqui a pouco já temos Páscoa e Dia das Mães, que são datas que geram emprego e renda para o comércio”, aponta Zilli.

Crescimento nacional

Em fevereiro deste ano, foram 1.250.831 contratações contra 1.215.219 demissões. O país registrou 38.315.069 trabalhadores com carteira assinada em fevereiro. Os números mostram recuperação em áreas importantes da economia, como a indústria de transformação e o setor de serviços. A indústria teve um saldo positivo de 3.949 vagas formais de trabalho e os serviços, 50.613. Em seguida, destacaram-se administração pública, com saldo de 8.280 vagas, e a agricultura, com 6.201.

“O levantamento mostra que as medidas adotadas pelo governo nos últimos sete meses recolocaram o país nos trilhos, fazendo com que a crise fique cada vez mais distante”, afirmou o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira. “Pela vitalidade de sua economia e força de seus trabalhadores, tenho certeza de que o Brasil continuará a crescer nos próximos meses. Essa é a determinação de todos os integrantes do governo”, disse. Entre as cinco regiões do país, houve crescimento de postos de trabalho no Sul (35.422), Sudeste (24.188) e Centro-Oeste (15.740). São Paulo foi o estado que teve o maior saldo de empregos (25.412), seguido de Santa Catarina (14.858) e Rio Grande do Sul (10.602).

Julcemar Zilli enfatiza a necessidade de esperar e observar o comportamento do mercado de trabalho dos próximos meses. “Isso já vem ocorrendo com outros indicadores, como a inflação, a taxa de juros e agora, com os dados do emprego, se reforça o cenário de que a economia começa a se recuperar. Mas ainda não é nada muito consistente. Vamos ter que esperar mais um pouco para ter uma conclusão mais clara sobre essa recuperação econômica”, acrescenta. 

Setores

Por setor, os serviços vêm impulsionando a geração de emprego do município. Foi o que mais criou novas vagas pela segunda vez consecutiva neste ano. Em janeiro o saldo foi de 27 vagas e em fevereiro foi de 141 postos. Comércio e serviços foram os únicos setores que criaram vagas no período. A indústria da transformação e a agropecuária foram as que mais demitiram, com saldo de -20 postos de trabalho juntas. Serviços industriais de utilidade pública, construção civil e administração pública também perderam na geração de emprego. Extrativa Mineral não registrou movimentação. 

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