Os Correios anunciaram a suspensão da concessão de férias pelo período de um ano aos funcionários da empresa. Além disso, também foram suspensas as convocações de funcionários para atuarem em jornadas de horas extras. As medidas, segundo os Correios, buscam readequar as contas da empresa que acumulam prejuízos bilionários nos últimos dois anos. A informação foi divulgada em um meio de comunicação interno que é distribuído entre os funcionários.
O documento afirma que a situação financeira dos Correios é marcada por dois anos com prejuízo acumulado em cerca de R$ 4 bilhões e custos maiores que as receitas. Por isso, a empresa optou pelas medidas de contingenciamento de despesas. A concessão de férias foi suspensa de maio de 2017 a abril de 2018, e só poderá usufruir férias quem estiver com o período concessivo vencido. Conforme o documento, isso significa que o trabalhador deverá, necessariamente, sair de férias no mês anterior ao do vencimento do período concessivo. Além disso, membros de uma mesma família que já tenham seu período marcado poderão sair de férias, no caso em que uma das pessoas envolvidas possua período concessivo em vencimento.
Horas extras
Outra alteração anunciada pela empresa diz respeito ao trabalho e pagamento de horas extras. A diretoria suspendeu a convocação de empregados com pagamento de horas extras para efetuar jornadas de trabalho em dias de repouso trabalhado ou que não tenham jornada regular em fins de semana, além da revisão/supressão de contratos de mão de obra temporária.
Fusão de agências
Também neste mês de março, os Correios haviam anunciado o projeto para fusão de agências em todo o país a fim de tornar a rede de atendimento mais eficiente e melhorar a prestação de serviços à população. A implantação das mudanças será gradual para minimizar os impactos aos clientes com as adequações. As fusões serão feitas em aproximadamente 250 unidades, em municípios acima de 50 mil habitantes, nas cinco regiões do Brasil. Desde o início do projeto, pouco mais de 60 agências já foram incorporadas a outras unidades. No Rio Grande do Sul, 11 agências fazem parte do projeto de fusão que segue até novembro.
Repercussão entre os funcionários
O comunicado da suspensão de tantos benefícios gerou indignação por parte dos trabalhadores. Segundo o secretário de Imprensa, Divulgação, Cultura e Eventos do Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos do Rio Grande do Sul (Sintect/RS), João Augusto de Moraes Gomes, uma reunião com a diretoria executiva do sindicato foi realizada ainda na tarde dessa quarta-feira (22), para debater os cortes. Outras reuniões já estão definidas e devem ocorrer ao longo do mês. “É bastante provável que, dessas reuniões, saia uma data nacional de greve dos Correios”, declara.
Nesta sexta-feira, a reunião será com diretores de subsedes do interior, incluindo Passo Fundo. No sábado, a sede do Sindicato, em Porto Alegre, receberá delegados sindicais para debater as questões pautadas. “Hoje também foi convocada pela federação uma reunião nacional, no dia 28 deste mês, em Brasília. Faremos um debate acerca do levantamento de uma leitura jurídica dessas questões, em um aspecto mais nacional”.
O secretário garante também que o Sindicato está procurando recursos para questionar e organizar a categoria, para que se levante contra esta situação, vista pela diretoria do sindicato como um ataque direto aos trabalhadores.