Desde a década de 1980, a população rural da região e do Rio Grande do Sul teve uma queda vertiginosa. Milhares de pessoas deixaram o campo e passaram a viver em áreas urbanas. Entre os motivos principais, as condições das estradas que dificultam o transporte da produção e mesmo o deslocamento das pessoas e a falta e de acesso aos recursos tecnológicos, como a internet e telefonia, principalmente. O fenômeno do êxodo rural ainda é preocupante, mas, aos poucos, algumas pessoas começam a voltar ao campo. Ainda falta muito para que esse retorno seja equivalente ao número de pessoas que saíram das áreas rurais, mas é um indicativo de que com boas condições é possível despertar o interesse das gerações mais jovens pela retomada das atividades rurais.
Em Passo Fundo, desde a década de 1980, a população rural passou de mais de 23 mil pessoas para apenas 4,7 mil, conforme o último Censo, de 2010. Porém, esse número é ainda menor quando se leva em consideração que algumas áreas contabilizadas têm características muito mais urbanas do que rurais, como é o caso da Morada Além do Horizonte, por exemplo, um condomínio em que há mais de 500 residências, mas que está incluído na soma de moradores do Distrito de São Roque. O mesmo acontece com áreas ocupadas no Bairro Zachia, que entram na conta de área rural nos levantamentos do IBGE devido à definição legal estabelecida pelo município.
Condições precárias
O coordenador regional do IBGE, Jorge Bilhar, explica que essa tendência das pessoas deixarem o campo em busca das cidades é motivada por diversos fatores. A falta de estrutura básica para viverem nas áreas rurais está entre o principal deles e foi acentuada pela dificuldade de acesso a recursos tecnológicos. Além disso, as emancipações que ocorreram na década de 1990 também tiveram influência significativa nesta redução. Passo Fundo, hoje, tem mais de 97% de sua população vivendo na área urbana.
Na região, municípios como Soledade tiveram uma queda de população rural de 36 mil pessoas na década de 1970 para cerca de 6 mil identificados no último Censo, em 2010. Em Tapejara a redução foi de 17 mil, na década de 1980, para 2 mil em 2010. Em Erechim, a queda foi de 14 mil para 5 mil no mesmo período.
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