O desemprego atinge 13,5 milhões de brasileiros. É o maior número em toda série histórica iniciada em 2012. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), divulgada nesta sexta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Acompanhando o ritmo nacional, as estatísticas de Passo Fundo não são muito diferentes, conforme o coordenador da agência FGTAS/Sine Sérgio Ferrari. Com 2,4 mil pedidos de seguro-desemprego solicitados no primeiro trimestre de 2017, o município permanece com a margem de 8 a 10 mil desempregados.
Nem mesmo os dados positivos da geração de emprego de fevereiro, quando o saldo foi de 140 vagas no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), conseguiram minimizar o impacto do desemprego. “Foi 140 vagas em um universo que já vinha de muito desemprego, então não deve muita alteração. Os dados da agência FGTAS/Sine de Passo Fundo são semelhantes aos dados nacionais. Nunca se teve taxa de desemprego tão altas na cidade de Passo Fundo. São os mesmo dados que correspondem ao Brasil”, pontua Ferrari.
O número de desemprego corresponde a quase 10% da população economicamente ativa, que é estimada em 120 mil pessoas, segundo calculo da agência. Os desocupados que integram essas estatísticas encontram dificuldade para retornar ao mercado de trabalho. Segundo o coordenador, os trabalhadores, que até 2014 demoravam de 90 a 120 dias para encontrar outro emprego, agora passam de 8 a 10 meses procurando. “A geração mais jovem possui um perfil diferenciado no mercado de trabalho. Eles costumavam trocar com mais intensidade de emprego, permanecendo de 1 a 2 anos em uma empresa. Com a atual situação, essa faixa etária está permanecendo mais tempo na mesma instituição”, explica Sérgio Ferrari.
Como essas pessoas estão custando a retornar para o mercado de trabalho, acabam finalizando o tempo de benefício e ficam sem renda alguma. “Se eu tenho 2,4 mil pedidos do benefício, em três meses eu tenho esse número de desempregados. Se analisar por essa média, em seis meses nós temos quase 4,5 mil desempregados que ainda recebem o benefício. Ainda temos os que já receberam o seguro-desemprego e que agora estão sem nenhuma renda. Então imagina o desespero de um pai de família que recebeu todo o benefício, está sem renda e não consegue outro emprego”, relaciona o agente.
Além desse cenário, as perspectivas não são das melhores. Os setores que mais demitem no município ainda são a indústria da transformação e a construção civil. Do outro lado, as que seguram a balança são a prestação de serviços e o comércio. As datas comemorativas, que geralmente impulsionam o comércio e suas contratações temporárias, estão tímidas. Conforme Ferrari, a exemplo do que aconteceu no fim de ano, os lojistas devem passar a Páscoa e o Dia das Mães com menos contratações. “Um indício está nas fábricas de chocolate, principal produto da Páscoa, que reduziu a produção de ovos”, explica o coordenador da agência.
Brasil
A taxa de desocupação do país fechou o trimestre móvel de dezembro do ano passado a fevereiro deste ano em 13,2%, alta de de 1,3 ponto percentual frente ao trimestre móvel anterior. Um novo recorde tanto da taxa quanto da população desocupada de toda a série histórica iniciada em 2012. Em relação ao mesmo trimestre móvel do ano anterior, a taxa de desemprego cresceu 2,9 pontos percentuais.
Quando comparada à taxa de desemprego do trimestre encerrado em novembro do ano passado, o contingente de desempregados cresceu 11,7%, o equivalente a mais 1,4 milhão de pessoas desocupadas, e 30,6% (mais 3,2 milhões de pessoas em busca de trabalho) em relação a igual trimestre de 2016. Os números da Pnad indicam, ainda, que a população ocupada, de 89,3 milhões, teve recuos tanto em relação ao trimestre encerrado em novembro de 2016 (-1%), quanto em relação ao mesmo trimestre de 2016 (-2%).