Os trabalhadores dos Correios do Rio Grande do Sul entraram em greve na noite de quarta-feira por tempo indeterminado. Em Passo Fundo, no primeiro dia de greve houve baixa adesão entre os funcionários da empresa. Conforme dados do Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos do RS (Sindect-RS), apenas entre 10% e 12% paralisaram as atividades na quinta-feira, principalmente por medo do desconto nos salários. No entanto, a expectativa é de que nesta sexta-feira, entre 70% e 80% participem do movimento nacional de paralisação.
O movimento é uma resposta da categoria aos ataques que os trabalhadores vêm sofrendo do governo e da direção da empresa, que implica em precarização do plano de saúde, das condições de trabalho, cancelamento de férias e outras questões e também fundamentalmente contra a privatização do Correios. Uma das principais reclamações da categoria é relacionada à falta de pessoal. Atualmente há aproximadamente 60 carteiros no município, quando o necessário seriam pelo menos 100 para suprir a demanda diária, conforme o diretor da Sintect - RS em Passo Fundo, Josemar Lara. “Hoje há em torno de 60 mil correspondências paradas na cidade. Sem contar que a população tem que ir até os centros de distribuição buscas suas correspondências. A situação gera sobrecarga de trabalho aos funcionários”, pontua Lara.
O início da greve também foi uma antecipação à greve geral chamada pelas centrais sindicais e movimentos sociais para esta sexta-feira contra os ataques do governo Temer à classe trabalhadora, como a reforma da previdência, a reforma trabalhista e as terceirizações. A decisão foi tomada depois de um amplo debate e avaliação da conjuntura da categoria e da situação política e econômica brasileira, que cada vez mais penaliza os trabalhadores.
No país
Em todo o país 33 sindicatos da categoria aderiram à greve geral por tempo indeterminado. O objetivo é que os trabalhadores permaneçam mobilizados enquanto a direção da ECT não recuar na retirada de direitos. Conforme a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (FENTECT), a empresa, apesar de alegar a falta de recursos financeiros, permanece promovendo gastos. A federação destaca ainda que a empresa continua promovendo assédio moral contra os próprios empregados, ameaçando cortes como o das férias e cobranças, como no plano de saúde.
Preocupada com o lucro, a direção dos Correios tem abandonado o caráter social da empresa, com descaso à sociedade. Essa perderá, pois diversas agências já estão sendo fechadas. Boa parte da população brasileira não terá acesso aos serviços bancários e postais em locais onde os Correios são os únicos a chegar.
Contraponto
A empresa informou que segue as operações normalmente em todos o país e que a greve não afeta o atendimento à população. Somente os serviços com hora marcada (Sedex 10, Sedex 12 e Sedex Hoje) estão suspensos. Sobre a negociação, Os Correios se manifestou por meio de nota. “Apesar de a greve ser um direito do trabalhador, a empresa esclarece que está cumprindo todas as cláusulas do Acordo Coletivo vigente e que considera a paralisação, neste momento delicado pelo qual passam os Correios, um ato de irresponsabilidade, uma vez que está e sempre esteve aberta ao diálogo com as representações dos trabalhadores. Os Correios esclarecem, ainda, que o movimento sindical reivindica, entre outras medidas, a reforma da Previdência e Trabalhista, que são temas de cunho constitucional e de políticas governamentais dos quais os Correios não possuem governabilidade, não havendo qualquer possibilidade de tais temas serem objetos de pautas de negociações entre a empresa e as entidades representativas dos empregados”.