A entrada de áreas de instabilidade no norte do Estado provocaram chuva intensa em Passo Fundo. Nesta sexta-feira (26), até às 16h, o volume de chuva chegou aos24mm, conforme o observador meteorológico da Embrapa Trigo Ivegndonei Sampaio. Ao total, o acumulado de chuva de maio é de 211 mm,85% a mais do que a média do mês, que é de 114mm. Nesta sexta não foram registradas rajadas de vento de forte intensidade, segundo Sampaio.
Para esse fim de semana, há risco de temporal e a temperatura deve ficar estável. Sampaio informa que nesta quinta-feira (25), a temperatura alcançou os 27°C, a mais alta registrada em maio. O que contribui para os riscos de temporal. No sábado (27), a previsão aponta para pancadas de chuva com trovoadas e rajadas de vento. As temperaturas devem ficar entre os 14°C e os 18°C. No domingo (28), o tempo permanece com chuva, mas com indicativos de melhora. Mínima de 15° e máxima de 22°C. “A previsão é chuva todos os dias até terça-feira, depois vem o frio. De hoje a noite, até a madrugada de domingo permanece o alerta de temporal com trovoada, rajada de vento de moderada a forte intensidade e pancadas de chuva por vezes forte”, explica o observador meteorológico. Ainda não há possibilidade de geada para semana que vem.
Estragos da chuva
As fortes chuvas causaram estragos na região norte. Três Passos e outros dois municípios próximos (Coronel Bicaco e Campo Novo) decretaram situação de emergência por conta das enxurradas que atingiram o meio urbano e o meio rural. Até esta quinta-feira (25), os prejuízos contabilizados em Três Passos incluíam estradas destruídas, sendo que muitas delas haviam sido remodeladas há pouco tempo pela Secretaria Municipal de Transportes. Com as estruturas comprometidas, uma das pontes, em Lajeado Molina, foi levada pela correnteza. Ainda foi constatado deslizamentos de encostas, danificações em bueiros e pontilhões. No setor agropecuário, há registros de prejuízos em pastagens e plantações, rompimento de alguns açudes e erosão do solo. Toda esta situação causa prejuízos no transporte de suínos, aves, leite, insumos e o escoamento da produção agrícola, além do transporte dos alunos. Uma estimativa preliminar, feito pela equipe técnica, aponta um prejuízo estimado de R$ 4 milhões. Apenas no setor agropecuário, segundo laudo técnico da Emater, os prejuízos alcançam R$2,6 milhões.
Em Campo Novo também foram registrados perdas de materiais, equipamentos, casas inundadas e várias famílias prejudicadas. Na quarta-feira (24), a equipe da Defesa Civil do município juntamente com a equipe da Defesa Civil do Estado, estiveram percorrendo os bairros, com o objetivo de fazer um levantamento das perdas causadas pela enxurrada. A estimativa preliminar apontava que aproximadamente 100 famílias haviam sido atingidas. Na semana passada, outros dois municípios haviam decretado situação de emergências em decorrência de enxurradas. Após a publicação no Diário Oficial da União, Cerro Grande e Barra do Guarita passam a ter uma garantia quanto a benefícios como ajuda humanitária, dispensa de processo licitatório, repasse de recurso, auxílio em obras de restabelecimento por meio de Planos de Trabalho, entre outros.
Na agricultura
A agricultura é afetada com as fortes chuvas. O engenheiro agrônomo da Emater, Cláudio Doro, explica que neste momento se está na fase final de plantio da canola e preparando o solo para o plantio do trigo e da cevada. Essa situação para as lavouras não é boa, conforme o especialista, mas ainda não há como avaliar o prejuízo ainda. “Essa chuva é prejudicial porque perde-se muito na adubação e o encharcamento do solo nas baixadas pode causar problemas de germinação e de plantas que emergiram e que podem morrer por excesso de chuva. Essa condição climática para a lavoura estabelecida que é a canola, ela não é boa pelo excesso de umidade”, explica.
A próxima cultura a ser plantada deve ser a cevada, nos primeiros dias de junho e, posteriormente, o trigo, a partir do dia 10 de junho. Para essas sementes que ainda não foram plantadas, o excesso de chuva também não é bom, uma vez que dificulta a dessecação das áreas. Doro explica que não há o que fazer e que o produtor rural deve apenas aguardar que melhore as condições climáticas.