Excesso de chuva prejudica preparo das lavouras

Produtores ainda não conseguiram dessecar áreas que serão cultivadas nesta safra. Atraso pode influenciar na safra de verão

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Atrasos na dessecação e, consequente implantação das lavouras de trigo, e prognósticos climáticos podem causar efeitos negativos para a próxima safra de verão e servir de ponte para doençasAtrasos na dessecação e, consequente implantação das lavouras de trigo, e prognósticos climáticos podem causar efeitos negativos para a próxima safra de verão e servir de ponte para doenças
Atrasos na dessecação e, consequente implantação das lavouras de trigo, e prognósticos climáticos podem causar efeitos negativos para a próxima safra de verão e servir de ponte para doenças
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As chuvas excessivas da última semana têm preocupado os produtores rurais que se preparam para iniciar os cultivos de inverno. Com as áreas a serem cultivadas encharcadas, não é possível fazer a dessecação das plantas que sobraram da última safra. A preocupação é de que o plantio mais tardio, embora dentro do previsto pelo zoneamento agroclimático, possa impactar na safra de verão, especialmente para a cultura da soja.

De acordo com o engenheiro agrônomo da Emater Regional de Passo Fundo, Cláudio Dóro, a preocupação maior, no momento, é com relação às culturas do trigo, cevada e aveia. “Agora era o momento do produtor fazer a dessecação dessas áreas, para deixar a lavoura no limpo para implantar as culturas de inverno. Como não para de chover, não dá para fazer esse trabalho”, explica. O plantio do trigo inicia no dia 1º de junho, no entanto, com as chuvas as áreas ainda não foram limpas. Mesmo quando a chuva cessar serão necessários pelo menos três dias de sol para que o agricultor possa entrar com as máquinas no campo. “Está muito molhado e corre o risco das máquinas atolarem. Nas baixadas está vertendo água e a preocupação é desse pequeno atraso não pela época, mas sim na programação do produtor”, complementa.

Os produtores de trigo se programam para plantar no início da época recomendada para fazer com que cultura saia da lavoura no início de novembro, que é o melhor período para plantar soja que é a cultura de maior importância econômica nas propriedades produtoras de grãos. “Plantando o trigo mais tarde, mesmo dentro da época recomendada, ele vai sair mais tarde da lavoura e pode prejudicar o rendimento da cultura posterior que, no caso a soja. Se o trigo atrasar e sair do campo a partir da metade de novembro já prejudica a soja”, reitera.

Luz amarela

Esse atraso na dessecação já começa a acender uma luz amarela para o produtor, assim como o excesso de chuva, que é prejudicial ao solo. A camada mais fértil, que está nos primeiros cinco centímetros de solo, é lavada pela chuva e muitos nutrientes se perdem. Além disso, há problemas de erosão, principalmente em áreas que não têm cobertura ou boa palhagem. “Muitos agricultores tiraram terraços, não plantam em nível e isso contribui para o empobrecimento do solo”, alerta. A falta de luminosidade, também prejudica as pastagens que não conseguem se desenvolver adequadamente. A média de luminosidade tem sido de 3,6 horas por dia.

Canola

No caso da canola, a cultura já foi plantada e deve ter um prejuízo na arrancada em função das perdas de nutrientes aplicados junto às sementes, pelo excesso de chuva, e os alagamentos nas partes baixas das lavouras que podem matar plantas e prejudicar o início da germinação. “As forrageiras já plantadas têm sim prejuízo no seu desenvolvimento pela deficiência de adubação que vai ter que ser complementada com aplicação de nitrogênio em cobertura daqui mais uns dias”, enfatiza.

Prognóstico

Dóro explica ainda que caso não se tenha um inverno com algumas geadas fortes é possível que as áreas que não serão cultivadas possam servir de ponte para doenças que atacam a cultura da soja, como a ferrugem e o oídio. As plantas que nasceram após a colheita da oleaginosa podem ser atacadas por essas doenças e prejudicarem a próxima safra de verão. O problema não deve atingir áreas onde é feita dessecação.

Os prognósticos são de um inverno chuvoso e com temperaturas normais, o que não é bom para as culturas de inverno. “Alguns sites indicam que o volume de chuva será maior no mês de setembro, que coincide com o período crítico das culturas trigo, cevada e aveia que começam a frutificar. O clima úmido com temperaturas amenas pode favorecer o surgimento de doenças oportunistas, como a giberela que pode causar grandes prejuízos na produtividade e qualidade”, prevê.  No ano passado, as condições climáticas foram favoráveis para ambas as safras.

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