Letal em todos os sentidos. Essa frase parece definir todo o contexto do Tabaco. Ele provoca inúmeros danos à saúde das pessoas que fumam, das pessoas que não fumam, mas são obrigadas a inalar a fumaça de produtos de tabaco de terceiros, e, além de afetar os consumidores, a cadeia de produção de tabaco também gera danos ambientais, sanitários e sociais para quem produz o tabaco. Só em relação às mortes por câncer, o tabagismo é responsável por 30% delas. No mundo, o tabagismo mata cerca de 6 milhões de pessoas por ano. Esse número é projetado para aumentar para 8 milhões, a partir de 2030. Números não faltam para comprovar os malefícios. Por isso, o tema “Tabaco: uma ameaça ao desenvolvimento” foi o escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Dia Mundial Sem Tabaco, em 31 de maio de 2017.
A epidemia de tabagismo continua sendo a maior ameaça à saúde publica que o mundo já enfrentou, segundo a OMS. No Brasil, são mais de 15 milhões de fumantes. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 2011, no Brasil, o tabagismo foi responsável por quase 150 mil óbitos, 2,69 milhões anos de vida perdidos, 157 mil infartos agudos do miocárdio, 75,6 mil acidentes vasculares cerebrais e 63,7 mil diagnósticos de câncer.
O Inca estimou 28,2 mil casos novos de câncer de traqueia, brônquios e pulmões para o Brasil em 2016. No Rio Grande do Sul (RS), conforme dados do DataSUS 2014, mais de 3,2 mil pessoas morreram em decorrência desses três tipos de câncer e no Norte do Estado foram registradas mais de 300 mortes.
O oncologista clínico do CTCAN, Dr. Alvaro Machado, salienta ainda o número de mortes pelos principais cânceres relacionados ao tabaco, que saltou de cerca de 62 mil em 2010 para 73 mil em 2015 no Brasil, e de 6,6 mil para 7,3 mil no Rio Grande do Sul. “Mulheres fumantes têm uma expectativa de vida de 4,5 anos menor que as mulheres não-fumantes. Os homens, 5 anos menos. O tabagismo no RS é dos mais altos do Brasil. Aqui se produz quase todo o tabaco do Brasil e o maior volume exportado. Precisamos de uma política governamental de substituição da cultura do tabaco por outras que garantam o sustento destes produtores”, comenta Machado.
O câncer de pulmão é o tipo de câncer mais associado ao tabagismo. Estima-se que nove de cada dez câncer de pulmão sejam decorrentes do tabaco. Conforme o Inca, fumantes chegam a ter vinte vezes mais chances de ter esse tipo de câncer que não fumantes. O oncologista ressalta que inúmeros outros cânceres são causados também pelo tabaco: boca, garganta, língua, esôfago, estômago, pâncreas, rim, ureter, bexiga, mama, útero, e outros em menor proporção. Além disso, Machado destaca outras importantes doenças decorrentes do tabaco: infarto do miocárdio, angina, derrame cerebral, arteriopatias periféricas, insuficiência renal, enfisema, bronquite crônica, entre outras.
Conforme o oncologista, considerando as limitações e deficiências impostas pelo tabaco, são incontáveis anos produtivos e de vida saudável perdidos e cerca de 1 trilhão de dólares gastos a cada ano, segundo a American Cancer Society. No Brasil, o custo anual do tabagismo é cerca de 24 bilhões de reais para os sistemas público e privado.