Apesar de crescer, Passo Fundo cai 23 posições no Idese

O crescimento foi de 0,4% em 2014. A queda no ranking é justificada, por especialista, pelo início da crise econômica no Brasil

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No quesito renda, o município manteve a 6ª posição, mesmo com variação negativaNo quesito renda, o município manteve a 6ª posição, mesmo com variação negativa
No quesito renda, o município manteve a 6ª posição, mesmo com variação negativa
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Entre os 20 municípios com mais de 100 mil habitantes no Rio Grande do Sul, Passo Fundo foi um dos que menos cresceu no Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (Idese), em 2014. Apesar de se manter na 6ª posição, a variação foi de 0,4%, com 0,775 em 2014 e 0,771 em 2013. O dado apresenta uma queda no crescimento, já que entre os anos de 2010 e 2012, a variação foi de 5,1%, à frente dos demais, que à época, tiveram uma elevação de cerca de 2% a 3%. O indicador vai de 0 a 1, sendo que 0 representa o pior cenário e 1 o melhor. 

Na colocação geral do RS, Passo Fundo caiu mais de 20 posições, saindo da 141ª, que ocupava em 2013, para 164ª em 2014. Os dados foram divulgados nesta semana pela Fundação de Economia e Estatística (FEE). Houve uma queda no ritmo de crescimento econômico notada em 2014, conforme analisa o economista e professor da UPF Ginez de Campos. “Essa retração da atividade econômica de Passo Fundo é associada a retração no país”, explica.

O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Carlos Eduardo Lopes da Silva, também relaciona esse decréscimo à crise. “Nós ainda temos um Idese crescendo, mesmo que com uma queda bastante acentuada no comparativo com 2010 e 2012, em que a economia estava mais pujante. Eu considero, que mesmo com essas eventuais perdas nas posições de alguns setores, esse número favorável em virtude do contexto de agravamento e início da crise econômica”, defende Silva.

Por setor

O Idese é composto pela média do município nos indicadores de saúde, educação e renda. No quesito saúde, Passo Fundo subiu uma posição, no ranking dos municípios com mais de 100 mil habitantes, de 8º, em 2013, para 7º, em 2014. A variação foi de 0,9%, ficando com 0,814 em 2014 e ultrapassando Santa Maria. Na colocação geral do RS, o município saiu da posição 344, em 2013, para 373 no último ano do índice. Apesar da variação positiva, o quesito educação ficou com o pior indicador em 2014 e pressionou negativamente a média do Idese de Passo Fundo. A variação do setor foi de 0,5%, ficando em 0,697 em 2014. Em 2013, o índice havia sido de 0,694. Com isso, o município saiu da 273º colocação para a 316º. No indicador de renda, apesar de permanecer na 6ª colocação nos municípios com mais de 100 mil habitantes, a variação de Passo Fundo foi negativa (-0,1). Em 2014, o índice ficou em 0,812. Na colocação geral da renda, o município desceu uma posição, de 50º para 51º.

Prognóstico Idese

O secretário acredita que nos próximos indicadores, referentes a 2015 e 2016, será possível notar que Passo Fundo se manteve estável em relação a crise econômica, enquanto outros municípios sentiram os reflexos da retração. “Devemos ter vários municípios com Idese negativo e a nossa ideia é que, quando tratarmos de 2015 e 2016, muitos desses municípios haverão de ter uma queda bastante acentuada e nós devemos ter um comportamento de estabilidade. O que vai fazer que nós venhamos a nos manter ou galgar posições em virtude da dificuldade que muitos municípios vão apresentar nos levantamentos desses últimos dois anos. A nossa economia se manteve estável, se manteve em crescimento e isso vai favorecer no aumento ou manutenção do Idese e nós vamos galgar posições de novo”, reitera Carlos Eduardo Lopes da Silva.

A tendência, para Ginez de Campos, é que os indicadores econômicos, de Passo Fundo, referentes a 2015 e 2016 reflitam a retração da atividade econômica do país no período. “A partir de 2015 e 2016, foram dois anos de retração no PIB e agora em 2017 havia a expectativa que houvesse um crescimento positivo. Já estava se desenhando esse crescimento, essa retomada gradual lenta e pequena da atividade econômica, mas em a partir do dia 17 de maio, a delação da JBS muda completamente qualquer expectativa de retomada da atividade econômica esse ano. Pelo menos são os prognósticos de grande parte dos economistas”, informa.

Estado

O Idese do Rio Grande do Sul cresceu 1,4% entre 2013 e 2014, atingindo 0,757 em 2014 (0,747 em 2013). O Estado apresenta nível médio de desenvolvimento socioeconômico. O bloco Educação foi o que obteve maior aumento (2,6% em relação a 2013), com índice de 0,697 em 2014. Assim como ano anterior, destaca-se o aumento no indicador da pré-escola (faixa etária de quatro a cinco anos de idade), que, de 0,527 em 2007, atingiu o índice de 0,741 em 2014. Segundo Thomas Hyeono Kang, economista do Centro de Indicadores Econômicos Socias da FEE, “a provável explicação para esse crescimento é o recente foco das políticas na área da educação infantil”.

O Bloco Renda atingiu 0,763 em 2014, com aumento de 1,3% em relação ao ano anterior (0,753). O índice analisa a apropriação de renda (renda domiciliar per capita média) e a geração de renda (Produto Interno Bruto – PIB per capita), sendo o índice final do Bloco Renda a média aritmética dos dois sub-blocos.  A apropriação de renda passou de 0,779 em 2013 para 0,801 em 2014, e a geração de renda, por sua vez, apresentou ligeira queda, resultado das condições das economias gaúcha e brasileira (0,726 em 2013, 0,724 em 2014).

Já o Bloco Saúde tem apresentado comportamento relativamente estável no tempo. Em 2013, o bloco já tinha registrado índice de 0,809, passando para 0,813 em 2014. O índice do bloco mostra tendência constante de elevação ao longo do tempo, ainda que lenta: desde 2007, o crescimento acumulado foi de 2,7%. “A maioria dos indicadores do Bloco Saúde refere-se à mortalidade. Essas estatísticas, geralmente favoráveis para o RS, explicam o seu bom desempenho. De um ano para o outro, não se espera que haja grandes variações, já que muitos indicadores são obtidos por meio de médias trienais”, analisa Kang.

Municípios

Quanto aos municípios, Carlos Barbosa se manteve na primeira colocação, com índice de 0,892 em 2014. Salientam-se seus resultados no Bloco Renda (0,956) e no Bloco Educação (0,836). O segundo município de maior destaque é Nova Bassano, também localizado no Corede Serra (0,867 em 2014), cujo alto desempenho também é recorrente.  Do lado oposto da classificação, o último lugar coube ao Município de Dom Feliciano (0,576), pertencente ao Corede Centro Sul. Alvorada (0,576) e Jaquirana (0,585) apresentaram também níveis baixos de desenvolvimento socioeconômico conforme o Idese, ocupando a penúltima e antepenúltima posição respectivamente.

Segundo as estimativas populacionais da FEE, 20 municípios gaúchos têm mais do que 100.000 habitantes. Assim como em 2013, apenas cinco municípios desse grupo apresentaram índices de alto desenvolvimento em 2014. O primeiro colocado foi Bento Gonçalves, com índice 0,846. Erechim, por sua vez, registrou índice de 0,825, chegando à segunda posição. Em terceiro, destaca-se o Município de Santa Cruz do Sul (0,821), seguido por Porto Alegre (0,819) e Caxias do Sul (0,817).

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