O excesso de chuva das últimas semanas causou prejuízos aos produtores de hortifrutigranjeiros. Além das perdas imediatas, que podem chega aos 60% em algumas variedades, de acordo com o levantamento preliminar da Emater Regional de Passo Fundo, a recuperação das produções pode demorar até 110 dias, dependendo do tipo de cultivo. Além disso, produtores que já colheram estão enfrentando dificuldades para plantar novamente, especialmente cebola e alho.
O engenheiro agrônomo da Emater Ivan Guarienti explica que os levantamentos ainda estão sendo realizados, mas, preliminarmente, é possível verificar que no caso da laranja há registros de perda de 10 a 30%, com uma média de 20% de queda de frutas maduras e prontas para colher. “Perdemos uma quantidade de laranja que estava madura e temos cultivares que vão maturar mais tarde, então os reflexos serão verificados mais adiante”, pontua. No caso da bergamota, a situação é parecida, cerca de 10 a 20% de perda. A viticultura e a produção de pêssegos não tiveram danos, pois já foram totalmente colhidos.
No caso das folhosas, como a alface, que é uma das mais cultivadas, são estimadas perdas na faixa de 60%. Apenas resistiram aquelas cultivadas em estufas que conseguiram ficar protegidas da chuva, mesmo assim a qualidade do produto diminui. Para cenoura e beterraba foram registradas perdas de cerca de 40%. Além disso, houve perda na produção de batata, que estava pronta para ser colhida, entre 30 e 40%. “A cebola já foi colhida, mas o pessoal não consegue preparar o solo para plantar novamente. O mesmo acontece com o alho”, destaca.
Recuperação
Além do dano imediato, após o período de chuva, os horticultores ainda levarão um tempo até conseguirem recuperar as áreas de cultivo. Um produtor que plantar alface hoje, por exemplo, irá demorar de 40 a 60 dias para poder colher, dependendo se a produção for dentro ou fora da estufa. No caso da beterraba e da cenoura, esse período é ainda maior, entre 100 a 110 dias para reposição. A maior parte dos produtores não tem seguro, pois dificilmente eles financiam a produção. Em função disso, acabam tendo que assumir sozinhos os prejuízos causados em situações como essas.
A tendência com a diminuição da oferta é de que os preços também se elevem. Guarienti destaca que na Seagesp e na Ceasa em Porto Alegre já foram registrados aumentos de 10 a 20% nos preços. A tendência é de que nos próximos dias esse aumento se acentue ainda mais.
Feira da Gare
Atualmente, 22 das 74 bancas da Feira do Produtor da Praça da Gare vendem hortaliças folhosas. Os prejuízos são representativos. O feirante Marcos Pitol estima que aproximadamente R$ 5 mil foram perdidos. Sem estufa que pudesse proteger os pés de alface, as folhas permanecer o mesmo preço, mas Pitol reconhece que a qualidade caiu. “A gente perdeu em tamanho e em qualidade. Não tem o que fazer, não parava de chover”, lamenta. Deve demorar uns 20 dias para recuperar a produção de folhas do feirante.
Na banca de José Carlos Nadal, o prejuízo também foi grande. O produtor plantou cerca de 5 mil pés de alface e perdeu 2 mil pés com as chuvas. Como as folhas apodreceram e perderam qualidade, Nadal estava vendendo dois pés de alface por R$ 1, nesta segunda-feira (12). Antes, o feirante vendia o pé por R$ 1,25.
O presidente da Feira, Mércio Michel, aponta que houve perda de 60% nas hortaliças folhosas que não eram cultivadas em estufa. “Caiu um pouco a qualidade, mas as vendas continuam iguais. Pessoal reclamou do tamanho dos pés, que acabaram não desenvolvendo. O preço não mexemos muito. Se não voltar as chuvas, em 15, 20 dias já deve melhorar a qualidade novamente”, esclarece.