O inverno inicia na próxima quarta-feira (21) no hemisfério sul. A nova estação será menos rigorosa do que no ano passado e deverá ter menor intensidade de chuvas do que o registrado neste outono. Apesar de ainda não haver caracterização de fenômeno El Niño, o aquecimento das águas de superfície no Oceano Pacífico influencia as condições climáticas no Estado nos próximos meses.
As informações são do meteorologista da Somar Meteorologia, Celso Oliveira. Ele explica que de abril até agora choveu, em Passo Fundo, quase 900mm. Esse volume representa 50% a mais do que era esperado para o trimestre. Toda essa chuva ocorreu em função de que Oceano Pacífico, no primeiro semestre, esteve em aquecimento. “Ainda não recebeu o rótulo de El Niño e ainda não se tem certeza de que teremos o fenômeno devido ao oceano não estar quente o suficiente para isso. Independentemente dessa questão de rótulo, o importante é perceber que como o oceano ficou mais quente, ele intensificou os ventos em altitude, que chamamos de corrente de jato e, por consequência, segurou por mais tempo as frentes frias no norte do Rio Grande do Sul e trouxe chuva acima da média”, detalha.
Menos chuva
Para o inverno ainda há expectativa de chuvas fortes, porém como o Pacífico apresenta sinais de menor aquecimento em relação ao outono, elas devem acontecer de forma mais espaçada e não devem ser na mesma intensidade observada no outono. “Boa notícia para o campo já que o plantio do trigo foi bastante afetado em função da grande frequência e intensidade de chuva. O produtor não vai escapar de alguns momentos em que a chuva vai atrapalhar algumas atividades, mas comparando com o outono a expectativa é que essa chuva venha com menor frequência”, pondera aos agricultores.
As temperaturas ainda devem ter queda acentuada na nova estação, com formação de geada e possibilidade de neve em alguns locais, especialmente em julho. No entanto, a exemplo das chuvas, as ondas de frio também não devem vir com tanta frequência. Esses declínios não vão acontecer a toda hora, o que significa que haverá momentos muito frios e outros períodos de temperatura mais agradável. “Se formos olhar todos os 90 dias de inverno, a temperatura média deve ficar um pouco acima do normal. Não quer dizer que não vai fazer frio, mas indica que a frequência do frio não deve ser tão alta”, acrescenta. Quando comparado ao inverno passado, a nova estação deve ser menos rigorosa. Em 2016 além do frio ter sido forte, ele foi muito frequente, inclusive na primavera, o que não deve se repetir esse ano.
Além do Pacífico
O Oceano Pacífico é um dos principais determinantes das condições climáticas no Estado, mas além dele, há também influências do Oceano Atlântico que está com as águas mais quentes do que o normal na costa gaúcha. “Isso ajuda a formação de ciclones extratropicais e já observamos isso durante o outono e inclusive sistemas meteorológicos que trouxeram muito vento ao Rio Grande do Sul”, lembra o meteorologista acrescentando que ainda podem haver condições para essas formações durante o inverno. O Atlântico, apesar de estar do lado do Rio Grande do Sul, não é um fator primordial para a questão do tempo no estado. O primeiro fator é o Oceano Pacífico.