São mais de 500 quilômetros longe de casa. Há dois meses, quando por aqui chegaram, Passo Fundo era terra de estranhos para Dalila Dias Garcia, de 44 anos, e sua nora Patrícia Nunes da Silva, de 22 anos. Elas conheceram a cidade de uma forma amarga: o filho de Patrícia, prematuro, desenvolveu um quadro de bonquiolite e precisou ser transferido do hospital de Alegrete para o São Vicente de Paulo (HSVP). “Chegamos em Passo Fundo, nos deparamos com a difulcadade. Meu neto veio muito mal e foi internado sem previsão de ter alta”, conta Dalila.
As duas mulheres, além de fragilizadas pelo estado de saúde do pequeno Saulo Miguel, de 7 meses, enfrentaram uma situação conhecida por familiares de pacientes que vêm de outros municípios: a falta de lugar para ficar. Foi uma semana pernoitando no hospital até o dia em que, por intermédio de outras pessoas, descobriram uma instituição que representou um refúgio a elas. Desde então elas estadiam na Casa Vida, uma associação sem fins lucrativos que atende pacientes e familiares oriundos de outros municípios que estejam em tratamento de saúde. A instituição oferece abrigo, com assistência social, psicológica e jurídica necessárias a pessoas em tratamento de saúde, buscando propiciar tranquilidade, qualidade de vida e bem estar.
“A Casa Vida foi um refúgio, um porto seguro. Aquela porta de esperança que se abriu. Eu tava preocupada porque tínhamos vindo com pouco dinheiro e chega uma hora que não tem mais. E aí? Então essa porta se abriu. Eu sou muito agradecida a Deus e a equipe que me acolheu. Eu vejo o esforço deles para que não falte nada. A gente tem mais conforto aqui do que na nossa própria casa”, agradece Dalila.
Além de Dalila e Patrícia, a casa também está abrigando Liane Züge, de 35 anos. Natural de Panambi, Liane tem uma história parecida. O filho Pedro Henrique, prematuro, está interado com quadro de bronquiolite. As semelhanças nas histórias ainda incluem a estadia no hospital. Liane deixou de pernoitar na instituição quando conheceu Dalila e descobriu a Casa Vida. “A primeira noite fiquei sentada na poltrona enrolada em um cobertor pensando ‘o que será de mim se não conseguir uma casa, alguma coisa’. Estava muito frio e não tinha previsão dele dar alta. Comecei a conversar com a Dalila e ela me contou da Casa. Pensei ‘que alívio, não vou precisar passar mais uma noite enroladinha na coberta, no hospital’. Deu tudo certo e naquela noite eu pude dormir em uma cama quentinha”, relembra.
Além da acolhida, os familiares encontram, na Casa Vida, um local para compartilhar e receber apoio. “Eu achei aqui uma família. Tem sempre alguém, muitas vezes com um problema parecido. Como o meu problema e o da Patrícia, os nossos bebês tem o mesmo problema e a gente se dá apoio. Tu se sente em casa. Eu agradeço muito”, aponta Liane.
Sobre a Casa Vida
A entidade atende em Passo Fundo desde 2014. De acordo com o coordenador da entidade, Rui Vergana, e com a assistente social, Larissa de Castro, a entidade surgiu a partir de uma demanda notade em Pelotas, em 2009. “A ideia surgiu a partir da dificuldade que as pessoas que não residiam lá [em Pelotas] encontravam para fazer tratamento de saúde sendo que não tinham onde ficar. Ela foi se espalhando, abrindo filiais em Rio Grande, Bagé, Uruguaiana, Camaquã, Passo Fundo e Santa Maria. A gente vê que nessas cidades que possuem polos hospitalares vêm pessoas de diversos lugares e elas não têm onde ficar. Então nós oferecemos todo o serviço de hospedagem de maneira gratuita” explana Larissa.
Doações
A Casa Vida não recebe recursos financeiros do Poder Público e precisa de doações da comunidade para continuar suas atividades. A entidade aceita alimentos, materiais de limpeza e higiêne, além de dinheiro. A Casa Vida está localizada na rua Bento Gonçalves, 943, no Centro de Passo Fundo. O telefone para contato é o (54) 3622-542.
