Cerca de 20 mil propriedades serão visitadas pelos funcionários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 1º de outubro a fevereiro de 2018, na área de jurisdição da agência de Passo Fundo. Eles coletarão dados que irão compor o Censo Agropecuário de 2018. Em todo o Brasil serão visitados mais de 5,3 mil estabelecimentos, sendo 425 mil no Rio Grande do Sul. Com o slogan 'O Brasil precisa do Censo Agro, o Censo Agro precisa do Brasil', mais de 18 mil pessoas serão contratadas para coletar informações em todo o país, dos quais 2,2 mil do RS, abrangendo estabelecimentos recenseados no estado. Na região, serão 72 pessoas trabalhando em 26 municípios, sendo 53 recenseadores e 19 agentes censitários municipais, regionais (Soledade e Marau) e agentes censitários supervisores.
Após 11 anos, o Brasil terá um novo Censo Agropecuário que ofereça informações atualizadas e possa dar conta das mudanças que aconteceram no campo neste tempo. O censo foi lançado no Rio Grande do Sul na última semana, na sede da Emater/RS-Ascar, em Porto Alegre. Participaram autoridades civis e militares, além de servidores da Extensão Rural e Social e do IBGE. O coordenador da agência de Passo Fundo do IBGE, Jorge Bilhar, ressalta que a pesquisa vem em função da necessidade de informações sobre o setor. “Existe a necessidade de ter um cadastro atualizado da agricultura, das mudanças que aconteceram, da tecnologia, a qualidade de semente, aumento da produtividade e também o grande desenvolvimento do agronegócio que possibilitou que o governo federal realizasse o censo neste ano”.
O censo estava previsto para 2015, mas em virtude da falta de recursos financeiros, ele foi transferido. O último Censo Agropecuário ocorreu em 2006. “Por falta de recursos, o Censo foi adiado e neste ano o questionário a ser aplicado está mais enxuto, caracterizando a produção, mencionando as tecnologias, o uso da terra, a mão de obra, a comercialização, o meio ambiente e os 'Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)' de cada estabelecimento”, cita Antônio Carlos Simões Florido, gerente técnico do Censo Agropecuário 2017.
Pesquisa será atualizada anualmente
A pesquisa será digitalizada e os estabelecimentos georreferenciados, dando agilidade ao processamento, análise e divulgação dos resultados, previstos para a partir de março do próximo ano.
“Estamos lançando o Censo em todas as capitais, solicitando o apoio de diversas instituições, como a Emater, cuja parceria é fundamental para o nosso trabalho, que visa à constituição de um cadastro de estabelecimentos agropecuários”, destaca José Renato Braga de Almeida, chefe da Unidade Estadual do IBGE do RS. Sobre a caracterização de agricultor familiar, Almeida explica que não haverá esse detalhamento, mas que o enquadramento será pelas características da propriedade. “Pretendemos atualizar os dados todos os anos, a partir de pesquisas agropecuárias sequenciais”, antecipa.
Informações para desenvolver o meio rural
“Respeitando as diferenças regionais, precisamos atender os anseios do agricultor”, avalia o presidente da Emater/RS, Clair Kuhn, ao destacar que “a base do trabalho do IBGE são os públicos que assistimos e é onde está a riqueza do país”. Kuhn também defende a construção de políticas públicas para o meio rural, a partir dos dados levantados pelo IBGE. Da mesma opinião é o secretário em exercício da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), Iberê Orsi, ao avaliar a credibilidade dos dados do IBGE, “que nos permite planejar, monitorar e construir políticas públicas”.
O diretor técnico da Emater/RS, Lino Moura, enfatiza que as mudanças ocorridas desde o último censo do ponto de vista tecnológico e das pesquisas deverão aparecer. “Ampliou-se o conhecimento, a tecnologia de precisão, a internet chegou nas propriedades, são muitos avanços, especialmente no campo do conhecimento que alterou a situação no campo e aumentou a produtividade nas lavouras. Houve um aumento significativo na produtividade em função da aplicação de conhecimento”.
Com essas informações atualizadas sobre o meio rural, Moura acredita que será mais fácil identificar as fragilidades e investir nas potencialidades estaduais. “Vão ter dados mais fieis sobre a estrutura agragária, os processos tecnológicos, os processos econômicos, a renda, a situação social e ambiental de quem está no campo, que são em torno de 440 mil estabelecimentos. Com essa radiografia vamos saber onde estão os problemas e os potenciais para trabalhar. Onde se tem problema de pobreza, problema de produção e, por outro lado, onde se tem potencial e não se está produzindo. Para o planejamento agropecuário, o censo vai apontar maior precisão”.
Próximos passos
Conforme Bilhar, no momento o IBGE está organizando as Comissões Geográficas e Estatísticas, que tem por objetivo mostrar, às entidades envolvidas com a agricultura, o trabalho que é desenvolvido no censo. No próximo mês serão aplicadas as provas do concurso que definirão os funcionários que irão trabalhar na pesquisa. A coleta de informações inicia em outubro e irá durar cinco meses.