O número de brasileiros inadimplentes alcançou os 61 milhões em maio. O dado, do Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor, foi divulgado nessa semana. Este é o maior volume já registrado na série histórica da pesquisa, que começou em 2012. Em maio do ano passado, havia 59,5 milhões de consumidores com dívidas em atraso.
A estimativa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) de Passo Fundo é que 60 mil pessoas estão inadimplentes na cidade. De acordo com o diretor do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) de Passo Fundo, Valter Ceolin, o dado representa 40% da população economicamente ativa, que é de 150 mil pessoas. Ceolin alerta que os dados são alarmantes. A estimativa de inadimplentes em Passo Fundo é calculada com base nos dados nacionais.
O economista e professor da UPF, Julcemar Zilli, explica que o número de inadimplentes é reflexo do cenário econômico brasileiro e do, consequente, desemprego. Os dados do emprego corroboram a fala do especialista. No trimestre encerrado em maio, a população desocupada chegou a 13,8 milhões de pessoas, permanecendo estável em relação a fevereiro e crescendo 20,4% em relação a maio de 2016 (2,3 milhões de pessoas a mais). O nível de ocupação, que é o percentual de pessoas ocupadas em idade de trabalhar, também atingiu o menor nível da série histórica da pesquisa para trimestres encerrados em maio (53,4%), segundo dados do Instituto Brasileiro de Georgrafia e Estatística (IBGE).
No município não foi diferente. Em maio, Passo Fundo registrou o pior índice de geração de emprego para o mês desde o início da série histórica em 2003. Em sete dos oito setores avaliados no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) houve mais desligamentos do que contratações. O saldo foi de 562 postos de trabalho formal fechados, com 1.982 admissões e 2.544 demissões. O saldo de maio rendeu a Passo Fundo o pior desempenho entre os municípios gaúchos com mais de 30 mil habitantes.
“Muitas pessoas tinham dívidas e perderam seus empregos e não estão conseguindo pagar essas dívidas. Essa inadimplência deve começar a diminuir a partir do momento em que o emprego começar a melhorar, até lá nós não vamos ter muita perspectiva com relação a essas melhoras na questão da inadimplência”, frisa o economista.
FGTS
No fim do ano passado o governo anunciou que iria liberar o saque das contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). A injeção de R$ 43,6 bilhões visava abranger 49,6 milhões de contas e auxiliar os trabalhadores que estavam com as contas no vermelho. A estimativa da Caixa era de que 90% das contas inativas tivessem saldo de até R$ 3 mil.
Porém, a liberação do dinheiro não foi utilizada para o pagamento de contas, conforme Julcemar Zilli. “Poucas pessoas pegaram o dinheiro para pagar as dívidas. A maioria pegou o dinheiro e fez outras dívidas ou comprou produtos à vista, por estar com o nome do SPC e não conseguir criar novas dívidas. As pessoas deixaram as dívidas novas ficarem velhas e o dinheiro do FGTS utilizaram para fazer outras compras ou outras coisas que não tinham relação com o pagamento dessas dívidas. Era previsto que isso iria acontecer. O correto era pegar o dinheiro do FGTS e pagar as dívidas, mas poucas pessoas fizeram isso”, pontua o economista.
Recomentações
A recomendação do economista é buscar renegociar as dívidas. “Como a inadimplência está alta e as lojas e bancos não querem perder esse dinheiro, o ideal é procurar esses estabelecimentos e tentar negociar, tentar reduzir a taxa de juro, fazer o valor em várias parcelas para pagar mais a frente e ver se consegue sair do SPC. Depois é preciso controlar melhor o orçamento doméstico para não entrar novamente no cadastro de devedores”, alerta Zilli.