Atividade antiga, o comércio esteve presente nas histórias de desenvolvimento das nações. No Brasil, não foi diferente. Uma das figuras mais lembradas quando se fala em prática comercial é a do político e economista José da Silva Lisboa, popular Visconde de Cairu, que exerceu influência, junto ao príncipe português D. João VI, em 1808, para que os portos brasileiros fossem abertos ao comércio. A figura do Visconde foi tão expressiva que, em 26 de outubro de 1953, o presidente do Senado Federal João Café Filho, escolheu o dia de nascimento do economista, 16 de julho, para instituir o Dia do Comerciante.
Em alusão a data, a presidente do Sindilojas de Passo Fundo, Sueli Morandini Marini, menciona o comerciante como uma das profissões mais antigas do mundo, mas traz preocupações atuais. Licenciada em Letras por formação, Sueli, que foi a primeira mulher presidente da entidade em mais de 70 anos, escolheu o comércio para estruturar sua vida profissional. Já é comerciante há 30 anos. Em toda sua caminhada, afirma nunca ter visto uma crise econômica como a que se verifica desde 2014.
“Eu nunca vi uma crise dessas, já passei por várias e outras deverão vir, mas essa tem um cunho político muito sério que desencadeou essa decadência da economia. O consumidor está inseguro, o lojista, o industriário, todos estão temerosos”, frisa. Mas a insegurança é apenas mais um dos desafios do comerciante, conforme Sueli. A inadimplência, a concorrência com as grandes redes, o consumidor exigente, as vendas online. Uma soma de fatores que vão exigindo que o empresário tenha cada vez mais coragem, segundo a presidente da entidade.
“O comércio de pequeno porte cada ano tem mais desafios. Para ele tudo é mais difícil, se comparar com uma empresa grande que tem redes, porque ela tem como escoar e fazer o movimento dos seus produtos. Pode não vender bem em uma cidade, mas na outra vende. Enquanto que o pequeno empresário, como o Sindilojas que representa 95%, sofre. Se voltarmos alguns anos, Passo Fundo tinha poucas redes. A maioria era lojas de pequeno porte de famílias da cidade. Com o advento dos shopping, galerias e de se tornar um polo regional, a cidade começou a receber redes e hoje já temos, dentro dos shopping, várias marcas que são de outras cidades”, pontua sobre a concorrência.
Fatores estes, que aliados a recessão econômica demandam mais do profissional. Sueli defende que para sobreviver ao mercado, o comerciante precisa se diferenciar. “Inovação. Estar sempre buscando qualificação para si, por meio das atividades que o Sindilojas Passo Fundo oferece, e para os seus colaboradores, porque nesse mercado é mais do que necessário. É preciso provocar um encantamento no consumidor, porque quando ele chega ele já possui uma noção daquilo pelo qual ele para comprar. Nós lojistas temos que estar sempre muito bem preparados, apesar da nossa carga de preocupação que é muito grande, para que o cliente seja bem recepcionado já na porta do estabelecimento e para que ele tenha suas necessidades de compra satisfeitas na loja”, orienta Sueli.
Além de inovação, Sueli aponta que outras qualidades do comerciante. “Coragem, empreendedorismo e criatividade são as principais qualidades do comerciante”, define.