Pouco mais de um ano depois, motoristas e cobradores das três empresas que operam no transporte municipal voltaram a protestar por falta de segurança em Passo Fundo. Ontem à tarde, eles se concentraram em frente ao fórum, onde realizaram um ato. Logo depois, seguiram em caminhada até a Câmara de Vereadores. Das 14h às 18h, o trasporte ficou 100% paralisado. Neste período, os ônibus permaneceram estacionados em fila dupla, ao longo da avenida Brasil, em ambos os sentidos.
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Coletivos Urbanos de Passo Fundo (Sindiurb) Miguel Valdir da Silva, disse que desde o último protesto, realizado em março do ano passado, para cá, a situação é praticamente a mesma em relação ao número de assaltos nos coletivos. “Em janeiro, a Brigada realizou algumas operações, mas no mês seguinte, a situação piorou muito”, afirma. Segundo ele, somente nos últimos dois meses , foram registrado pelo menos 60 assaltos nos ônibus. Um índice que tem aumentado os riscos da atividade. “Tem um cobrador que fez o reconhecimento de um assaltante, que logo em seguida foi solto pela Justiça, e passou a seguir o trabalhador. O rapaz precisou entrar em férias para evitar problemas maiores. A situação chegou a este ponto” desabafa o presidente da entidade.
Em apenas dois anos e meio na função de cobradora da empresa Coleurb, Denise Debovi, 42 anos, já foi vítima de quatro assaltos, em diferentes regiões da cidade. O número só não é maior porque quando ocorreram outros três ataques na linha em que trabalhava, ela estava de férias. Em um deles, no bairro São Cristóvão, Denise disse que o assaltante, indignado porque havia pouco dinheiro no caixa, encostou o revólver em seu abdômen, depois a empurrou contra o vidro da janela. Em outra situação, ficou diante de uma faca. “Ele entrou e começou a roubar carteira e celulares dos passageiros, depois passou pelo caixa, pegou o dinheiro e saiu tranquilamente. Desembarcou, subiu numa moto e fugiu. A gente já inicia o trabalho nesta tensão. Não sabemos quem vai assaltar. Pessoas bem vestidas entram no ônibus e praticam o roubo. Ficamos o tempo nesta insegurança” conta.
O colega dela, César Chagas, 34 anos, diz que anteriormente, o alvo dos roubos era apenas o cobrador, mas que nos últimos meses, os passageiros também vêm sendo atacados. “Eles começam pela parte de trás tirando tudo o que podem” afirma. No mês de março, ele fazia a linha Lucas Araújo-Parque Farroupilha, quando ficou diante de um revólver. “Estavam em dois. Um armado com faca e outro com revólver. Levaram carteiras e celulares dos passageiros e o dinheiro do caixa” lembra. Durante o ato, o presidente do sindicato lembrou aos manifestantes que o trabalhador 'não tem outra coisa a fazer' a não ser lutar por seus direitos. “Nós trabalhadores temos que nos unir e lutar por nossos direitos. Chega de ser humilhado”, declarou. A agilidade na construção do novo presídio em Passo Fundo, às margens da BR 285, também foi tema da pauta proposta pela categoria.