Familiares e pessoas com deficiência visual, que fazem parte do Projeto Economia Solidária – Panificação em Família, da Associação Passo-fundense de Cegos (Apace), participaram da capacitação sobre alimentação realizada pela Emater/RS-Ascar, na sede da Associação. As extensionistas e instrutoras, Luciana Gobbi e Rosane Turra Treviso, ensinaram receitas de cupcakes, barquetes, salgados assados com salsicha (conhecidos como totozinhos), creme de confeiteiro e bolo salgado.
De acordo com a assistente social, Marcela Duarte, o projeto panificação em Família foi idealizado pensando nos pais e familiares, que acompanhavam os associados na Apace e esperavam ociosos, enquanto os deficientes visuais faziam suas atividades. “Primeiro fizemos uma reunião com as famílias, para ver o que gostariam de fazer. A padaria veio para agregar na socialização e para gerar renda, já que o resultado do trabalho é revertido para os próprios associados”, contou. A troca de experiências também tem chamado a atenção. “Às vezes as pessoas acham que só eles estão passando por essa situação”, acrescentou.
A aproximação feita pela Apace com a Emater/RS-Ascar, foi com o intuito de aprimorar as receitas e buscar coisas novas. “Sabíamos que a Emater tinha um bom trabalho nessa área”, disse a psicóloga da Apace, Luciana Ricci Cairos. Ela conta que hoje são 12 pessoas envolvidas no projeto, entre familiares e pessoas com deficiência visual e com baixa visão. Hoje a Apace conta com 216 associados, de Passo fundo e municípios da região Norte do Estado. Para a psicóloga, o projeto elevou a autoestima das famílias. “Notamos que eles ficaram mais animados”, falou Luciana.
A capacitação feita com a Emater/RS-Ascar, trazendo receitas novas, também gerou expectativa entre os participantes. Para a associada Roseli Inticher, o dia foi muito bom. “Essa contribuição que a Emater está dando é muito importante. Nós, como deficientes, temos muitas dificuldades para aprender e é mais um curso para que a gente possa aprender. É oportunidade de trocar experiências e aumentar o coleguismo”, disse.
Para a mãe de um associado, Lurdes Maria Vaz, que participa do grupo e também participou da capacitação, é um aprendizado. “Eu sempre ajudo no que precisa. É difícil trabalhar com pessoas que não enxergam, a gente que tem uma pessoa cega em casa, sabe. Essa convivência ajuda, é um meio de se socializar e é sempre bom aprender coisas novas”, avaliou.
Na opinião da assistente técnica regional da Emater/RS-Ascar de Passo Fundo, Luciana Gobbi, que coordenou a capacitação, foi uma iniciativa enriquecedora. “É um grupo com o qual desenvolvemos uma atividade desafiadora, com pessoas muito receptivas. Para nós foi um aprendizado. Buscamos nos adaptar na oficina, de acordo com as necessidades e dificuldades apresentadas pelo grupo, contribuindo com novos aprendizados, que sejam úteis e tragam autonomia para as pessoas, na associação e no dia a dia, junto às famílias. Foi emocionante e uma verdadeira troca de saberes”, concluiu Luciana.