Capa pede ao MP que investigue situação de cavalos da BM

Responsável pelos animais diz que alguns perderam peso em função do clima e de problemas de saúde

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Animais foram fotografados na fazenda da Brigada MilitarAnimais foram fotografados na fazenda da Brigada Militar
Animais foram fotografados na fazenda da Brigada Militar
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O Clube de Amigos e Protetores dos Animais (Capa) protocolou, no Ministério Público de Passo Fundo, uma denúncia acerca da possibilidade de maus tratos em alguns dos cavalos da Brigada Militar. A queixa foi registrada, segundo a ONG, em virtude de não ter conseguido o diálogo direto com o comando da BM. A análise da denúncia será feita pelo promotor responsável pelas questões de meio ambiente, Paulo Cirne, que no momento está em férias.

A denúncia ao MP foi motivada a partir de uma visita da presidente do Capa, Kelly Thimoteo, à fazenda da BM. Ela foi ver o Nanquim, um cavalo que foi seu companheiro de patrulha, no tempo em que era policial. Kelly criou um laço afetivo com o animal e sentiu necessidade de saber como ele estava. “[O Nanquim] está há dois anos sem ser utilizado pela Brigada Militar na fazenda. Eu já havia visitado ele, mas fazia um tempo que eu estava sem vê-lo. Quando eu soube que havia a possibilidade de ele ir para leilão, fui até a fazenda e quando eu cheguei lá, vi que ele estava muito magro e que havia outros animais muito magros”, conta.

A partir desse momento, a presidente do Capa conta que tentou, por quase um mês, contato com o Comando Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO) Planalto Médio para obter respostas sobre a situação dos equinos. Sem sucesso, na segunda-feira da semana passada (10), as militantes da causa animal foram até a sede do comando. Kelly conta que o Major que as atendeu se exaltou e deu voz de prisão a Zulma Marques, uma das integrantes do Capa. Diante disso, sem que houvesse um diálogo, as militantes registraram ocorrência por abuso de autoridade e protocolaram a queixa no MP.

“Como nós não tivemos um diálogo, nós procuramos o MP e protocolamos uma queixa para que o órgão averigue a situação desses animais que estavam muito magros, do porquê de eles estarem nesta situação. Nós também vimos uma carcaça lá, de um animal já morto, e nós queremos informações. Até o momento, a gente não teve informação sobre esses animais”, explica Kelly.

Resposta da Brigada Militar

A Brigada Militar informou ao Jornal O Nacional que os animais estavam em tratamento no momento em que as fotos foram registradas. De acordo com o tenente-coronel João Ignácio do Canto, que é o veterinário responsável na fazenda da BM, os três animais fotografados haviam perdido peso em função do clima. “Eles perderam um pouco de imunidade e desenvolveram um problema de saúde. Ele perderam peso até em função da idade e da troca de dente, mas em um universo de 60 animais, são três animais nessas condições. Um cavalo próximo de 20 anos e dois potros trocando os dentes”, informou o veterinário. 

O tenente-coronel enfatiza que os animais são acompanhados por um corpo técnico e bem cuidados. O veterinário cita que há uma égua no regimento que possui 35 anos e goza de ótimas condições de saúde em função do acompanhamento prestado pela Brigada Militar.

“A questão de maus tratos foi imprópria, porque em condições de campo no inverno, eventuamente, acontece situações de doença e os animais acabam perdendo peso rapidamente e que requerem assistência técnica. Era o que estava acontecendo. Eles foram fotografados porque estavam junto as cocheiras em nosso tratamento. Houve uma precipitação nesse sentido porque os animais estão em ótimas condições, tirando esses três que estavam com uma condição bastante debilitada, mas os demais animais estão em ótimas condições”, afirma Canto.

O veterinário informa que atualmente os animais continuam em tratamento e se recuperam bem, mas que não estão com o peso ideal já que os equinos possuem uma dinâmica de recuperação mais lenta. “Nós não podemos acelerar o processo de recuperação, sob pena de causar problemas digestivos e levá-lo a óbito”, pondera.

Os leilões de equinos

Atualmente, há 57 cavalos na fazenda da BM, em Passo Fundo. Destes, de 12 a 15 estão disponíveis para atuar no patrulhamento, conforme o veterinário. Conforme já divulgado por ON em 2016, o pelotão Hipo, que já chegou a ter mais de 30 homens e realizar policiamento diário pelas ruas da cidade, agora está reduzido. O desmonte foi gradativo, mas se intensificou a partir de 2013 devido a escassez de pessoal. Com poucos brigadianos, sobram cavalos. Em decorrência disso, e em uma situação de crise financeira, o governo do RS, por intermédio da Subsecretaria da Administração Central de Licitações (Celic), anunciou, na última semana, o leilão de equinos no interior do Estado.

Entre os equinos, há a possibilidade de Nanquim, o companheiro de Kelly da época de patrulhamento, ser alienado. “A Celic informou que o Nanquim iria para leilão no lote n°2, que está previsto para o dia 15 de agosto. Estamos na luta para que o Nanquim não seja leiloado porque a gente não tem certeza do fim que ele e outros [cavalos] terão. Se eles irão para carroça, para abate, então estamos preocupados com esses animais”, explica.Para impedir o leilão dos cavalos, o Capa elaborou um documento que já possui quase cinco mil assinaturas. “Queremos uma certeza de que esses animais terão uma destinação digna, que eles sejam encaminhados para um tutor que possibilite um fim de vida digno para esses animais”, esclarece Kelly.  

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